Claudia Jordão
Advogada americana mostra em livro como
é possivel alcançar a felicidade em 12 meses
sem fazer mudanças radicais
em sua vida.
Ela era casada com o homem que amava, tinha duas filhas encantadoras, ótimos amigos e um bom emprego como advogada. Ou seja, tudo indicava – e ela mesma reconhecia – que não lhe faltavam confortos emocionais, tampouco bens materiais. Ainda assim, uma sensação de vazio, um descontentamento, episódios de melancolia e uma certa irritabilidade a perseguiam. Foi então, dentro de um ônibus, num dia chuvoso, que a ficha da advogada americana Gretchen Rubin finalmente caiu. Ao ver uma mulher caminhando na chuva, com uma mão segurando o guarda-chuva e o celular, e a outra empurrando um carrinho de bebê, ela se identificou com a cena e se deu conta de que sua vida estava longe de ser prazerosa como podia. “Percebi que não valorizava o que tinha nem investia meu tempo no que era importante para mim”, diz Gretchen à Istoé. “Eu queria ser mais feliz, mas como? Foi aí que decidi listar o que me dava prazer e ir atrás.” Depois de pesquisar teorias e estudos sobre felicidade, ela desenvolveu um projeto para aumentar o seu coeficiente em 12 áreas da vida. A experiência levou um ano e virou livro, em que narra a epopeia de sua transformação (hoje ela se diz completamente feliz). “Projeto Felicidade” permaneceu por quatro semanas na lista dos mais vendidos do “The New York Times” e acaba de chegar ao Brasil pela editora Best Seller.
À primeira vista, o livro parece mais um a explorar o desejo de alcançar a felicidade e a oferecer uma receita de eficácia duvidosa para chegar lá. No último ano, em especial nos Estados Unidos, uma avalanche de publicações com esse perfil invadiu as livrarias. Entre os títulos estão “The Nine Rooms of Happiness” (algo como os nove ambientes da felicidade), de Lucy Danzinger, e “Awakening Joy: 10 Steps that Will Put You on the Road to Real Happiness” (acordando para o prazer: dez passos que vão te colocar na estrada para a felicidade real), de Shoshana Alexander. Alguns acreditam que a tendência tenha ligação com a crise econômica de 2008, mas há quem diga que é sinal dos tempos. “Vivemos sob pressão para sermos belos, ricos, bem-sucedidos e eufóricos”, diz o psiquiatra Ricardo Fera, que estuda o tema. “Mas, quanto mais possibilidades de ser feliz o mundo contemporâneo oferece, mais ansiosas ficam as pessoas.” “Projeto Felicidade” destoa dos demais porque parte do princípio de que não existe receita universal para encontrar satisfação. Outro trunfo do livro é humanizar a busca por meio da trajetória da autora, contada com relatos espirituosos e de fácil identificação.
À primeira vista, o livro parece mais um a explorar o desejo de alcançar a felicidade e a oferecer uma receita de eficácia duvidosa para chegar lá. No último ano, em especial nos Estados Unidos, uma avalanche de publicações com esse perfil invadiu as livrarias. Entre os títulos estão “The Nine Rooms of Happiness” (algo como os nove ambientes da felicidade), de Lucy Danzinger, e “Awakening Joy: 10 Steps that Will Put You on the Road to Real Happiness” (acordando para o prazer: dez passos que vão te colocar na estrada para a felicidade real), de Shoshana Alexander. Alguns acreditam que a tendência tenha ligação com a crise econômica de 2008, mas há quem diga que é sinal dos tempos. “Vivemos sob pressão para sermos belos, ricos, bem-sucedidos e eufóricos”, diz o psiquiatra Ricardo Fera, que estuda o tema. “Mas, quanto mais possibilidades de ser feliz o mundo contemporâneo oferece, mais ansiosas ficam as pessoas.” “Projeto Felicidade” destoa dos demais porque parte do princípio de que não existe receita universal para encontrar satisfação. Outro trunfo do livro é humanizar a busca por meio da trajetória da autora, contada com relatos espirituosos e de fácil identificação.
“Percebi que não valorizava o que tinha nem investia meu tempo
no que era importante para mim”
Gretchen Rubin, autora de “Projeto Felicidade”
O primeiro passo de Gretchen em sua empreitada foi pesquisar tudo o que podia sobre o tema, desde textos de filósofos clássicos como Platão e teóricos da psicologia positiva como Sonja Lyubomirsky até ícones da cultura popular, como a apresentadora americana Oprah Winfrey. Também investigou a natureza da felicidade sob a ótica das religiões. Depois, partiu para a execução de seu plano de ação. Definiu suas 12 prioridades, como “casamento” e “trabalho”. E resolveu que dedicaria um mês para cada uma delas. Manteve um diário de alimentação, um de frases, outro de gráficos e, claro, um blog. Afinal, hoje em dia, todo projeto que se preze vem acompanhado de um diário virtual. Atualmente, seu blog mantém uma ferramenta que ajuda o visitante a montar o próprio projeto.
Durante 12 meses, a autora fez um test-drive de teorias da felicidade. “Estudos relacionam casais amigos a casamentos duradouros”, diz Gretchen. “Concluí que a minha irritação só prejudicava a amizade com o meu marido e estabeleci a prioridade de não ser mais irritante.” Ou seja, ela transformou seu cotidiano através de mudanças de comportamento. E descobriu a felicidade nas pequenas coisas, como, por exemplo, numa estante organizada. “Sabia que agiria de forma mais despreocupada e carinhosa se não me sentisse sufocada pela desordem mental e física.”
Diferentemente de outros best-sellers, que propõem grandes revoluções para alcançar o bem-estar, como “Comer, Rezar, Amar”, cuja autora, Elizabeth Gilbert, larga tudo e viaja para a Itália, Índia e Indonésia em busca de autoconhecimento, o livro de Gretchen foca nos detalhes do cotidiano – o que o torna mais inspirador para quem tem casa, família, filhos, carreira e não quer uma guinada tão radical. “Para mim, estava claro que a minha felicidade não estava num lugar distante”, diz ela. Segundo especialistas, Gretchen está certa: a felicidade não cai do céu, é um estado que se constrói. “Buscar o bem-estar não é opcional”, diz o psicólogo Cláudio Reis, professor da Universidade de Brasília (UnB). “Todos nós o aspiramos naturalmente, mas precisamos nos movimentar para conquistá-lo.” Através de projetos como esse, ou de iniciativas menos racionais, o importante é vencer a inércia.
Durante 12 meses, a autora fez um test-drive de teorias da felicidade. “Estudos relacionam casais amigos a casamentos duradouros”, diz Gretchen. “Concluí que a minha irritação só prejudicava a amizade com o meu marido e estabeleci a prioridade de não ser mais irritante.” Ou seja, ela transformou seu cotidiano através de mudanças de comportamento. E descobriu a felicidade nas pequenas coisas, como, por exemplo, numa estante organizada. “Sabia que agiria de forma mais despreocupada e carinhosa se não me sentisse sufocada pela desordem mental e física.”
Diferentemente de outros best-sellers, que propõem grandes revoluções para alcançar o bem-estar, como “Comer, Rezar, Amar”, cuja autora, Elizabeth Gilbert, larga tudo e viaja para a Itália, Índia e Indonésia em busca de autoconhecimento, o livro de Gretchen foca nos detalhes do cotidiano – o que o torna mais inspirador para quem tem casa, família, filhos, carreira e não quer uma guinada tão radical. “Para mim, estava claro que a minha felicidade não estava num lugar distante”, diz ela. Segundo especialistas, Gretchen está certa: a felicidade não cai do céu, é um estado que se constrói. “Buscar o bem-estar não é opcional”, diz o psicólogo Cláudio Reis, professor da Universidade de Brasília (UnB). “Todos nós o aspiramos naturalmente, mas precisamos nos movimentar para conquistá-lo.” Através de projetos como esse, ou de iniciativas menos racionais, o importante é vencer a inércia.
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Fonte: Revista Isto é online - Edição: 2159 | 25.Mar.11 - 21:00 | Atualizado em 27.Mar.11
Meus parabéns, excelente matéria. Se todas pessoas seguisse esses princípios, com certeza teriamos uma sociedade muito melhor e mais humana. Porque tudo, tem que partir de nossas iniciativas, ou seja, reconhecer onde erramos pra procurarmos acertar, e não culpar outras pessoas. Abs a todos.
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