quinta-feira, 7 de julho de 2011

Será o 'canto do cisne' das grandes livrarias?

Livrarias como a Borders se preparam para deixar o mercado nos Estados Unidos


Os últimos dias das livrarias

Com aumento de vendas online e downloads, livrarias físicas
no Estados Unidos caminham para a extinção

Todos sabem que as vendas nas livrarias despencaram porque consumidores estão pedindo seus livros online ou realizando downloads para seus e-readers. Livrarias podem ser ótimas para relaxar e procurar livros, mas é na internet que os negócios são feitos. No mais recente capítulo da saga da Borders, a cadeia de livrarias concordou em vender seus bens por US$ 215 milhões à Direct Brands, uma companhia de distribuição de mídia pertencente à Najafi, um firma de private-equity, que também assumiu US$ 220 adicionais em dívidas. Isso servirá como lance de abertura para o leilão de falência da empresa, marcado para o dia 19 de julho.
O que acontecer no leilão ditará o futuro da livraria, que já fechou mais de um terço de suas lojas. Como a Direct Brands é uma distribuidora de música, DVDs e livros online, alguns acreditam que o acordo com a Najafi não fará diferença na tentativa de manter as livrarias abertas. Ao invés disso, a empresa irá apostar na rede de distribuição e liquidar todo o resto. Independentemente do desfecho, o cenário não parece animador para os empregados e patrões (desde que passou a procurar por proteção de falência, a empresa – que emprega mais de 11 mil pessoas – acumulou mais de US$ 191 milhões em perdas, de acordo com o Wall Street Journal)
Como a Barnes & Noble, a Borders tem a reputação de ser uma gigante corporativa brutal que liderou uma competição mais humana de venda de livros por décadas, e agora parece estar colhendo o que plantou. Mas os gigantes do ramo também tiveram um papel importante com as única livrarias de cidades pequenas e subúrbios nos Estados Unidos, onde leitores muitas vezes se viam limitados ao livros vendidos no Wal-Mart. Nos centros urbanos, é possível encontras obras a preços mais baixos, flertar com outros fãs de literatura e ouvir leituras de autores visitantes. No resto do país, são livrarias como a Borders que propiciam uma rara atmosfera livre de pressões para os bibliófilos, quase sempre em shopping centers ao lado de alguma filial da Home Depot.
Nashville, no Tennessee, ainda se recupera do fechamento de várias livrarias, incluindo uma filial da Borders e uma popular loja da Davis-Kidd. O resultado, como descrito no Nashville Scene, é um “exemplo claro do quão detestável é viver num cidade em que sebos e as horríveis ofertas do Book-a-Million são tudo o que se tem”. O problema, no entanto, é que ninguém mais parece disposto a pagar o preço integral dos livros. Embora haja demanda para livrarias físicas onde seja possível encontrar pessoas, beber café e ler livros novos, tais lugares não podem existir se o marcado não tiver como acomodá-los.
Além de café, acesso Wi-Fi e o ocasional tapete de yôga, o que fará as pessoas pagarem o suficiente para justificar a existência das livrarias físicas. Poderiam as lojas independentes cobrar mensalidades que permitiriam o acesso a livros por um preço um pouco menor? Um modelo de patrocínio corporativo funcionaria? Ou talvez as livrarias pudessem se transformar em bibliotecas. Seja qual for o resultado, o mercado está destruindo um espaço público importante. Será interessante analisar o que preencherá o vazio deixado pelas livrarias.
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Fontes: The Economist - "Goodbye to bricks and mortar"

Um comentário:

  1. Zelmar,

    Há tempos que fala a respeito desse fim. Como falava do fim das locadoras de vídeo das lojas de disco. As livrarias tais como as conhecemos estão fadadas a desaparecer. É só uma questão de tempo. E a cada dia... Tempus fugit!
    Um abraço!

    "Penso assim... Prefiro escrever errado a calar certo!"
    Carlos Kurare

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