sábado, 30 de julho de 2011

Mídias sociais: ajudam ou atrapalham?

 Ricardo Barbosa*


Como utilizar métodos empreendedores
 a fim de agregar as novas mídias sociais
ao ensino superior de modo que
contribuam para o aprendizado
Estudos e pesquisas apontam que o uso de redes sociais como Twitter, Facebook e Orkut causam efeitos colaterais preocupantes como, por exemplo, diminuir o desempenho acadêmico devido à dificuldade de concentração; isso foi identificado principalmente nos alunos do ensino superior. Foi o que o estudo feito pela Open University, da Holanda, publicado em setembro de 2010, na revista cientifica Computers in Human Behaviour apontou e que coloca à prova as teorias de que o cérebro dos jovens modernos estariam se adaptando a trabalhar com a multiplicidade de informação. Além de constatar que os jovens usuários das redes sociais precisam de mais tempo para aprender e podem cometer mais erros no processamento de dados.
Especialistas e estudiosos brasileiros também já pesquisam o assunto e em sua maioria apresentam ideias parecidas. É o caso do pesquisador do Núcleo de Ciência Cognitiva da Universidade de São Paulo (USP) Walter Lima. Para ele, a capacidade dos chamados multitaskers (aqueles que realizam mais de uma atividade ao mesmo tempo) é um mito. "A execução de diversas tarefas ao mesmo tempo causa a dispersão da atenção, que é a porta de entrada da memória. Sem atenção, não há conhecimento", ressalta Lima.
"Adaptar o método de ensino à
preferência do aluno garante sua atenção,
cria uma relação de troca e dá à instituição
um caráter cada vez mais empreendedor"

A sociedade contemporânea enfrenta o fenômeno da dispersão e da superficialidade, é o que acredita José Manuel Moran, diretor do Centro de Educação a Distância da Universidade Anhanguera-Uniderp, de São Paulo. "Nos detemos pouco em um determinado assunto. Todo mundo sabe um pouco sobre tudo, mas ninguém se aprofunda", critica. Moran identifica que a perda de foco é um problema mais amplo e pode afetar todos que entram no mundo digital. De acordo com ele, vai levar certo tempo até que possamos equilibrar essa multiplicidade de estímulos e manter a capacidade crítica.
Por outro lado é um erro e imprudência afirmar que os problemas de aprendizado dos alunos pertencem somente ao uso das redes sociais. Muitas vezes, os jovens trazem essa dificuldade de casa e sofrem com as notas baixas independentemente do tempo que dedicam ao Facebook, por exemplo. Além disso, a falta de foco não é um desafio apenas acadêmico - é uma questão que incomoda também crianças e adultos, inclusive no local de trabalho. "As novas mídias devem potencializar a informação. É lógico que as pessoas mais focadas saberão usá-las da melhor forma", pensa Eduardo Pellanda, pesquisador da PUCRS, em Porto Alegre.
Para adquirir base é preciso utilizar as teorias, estudos, pesquisas que são imprescindíveis para o aprendizado, porém de acordo com o perfil dos universitários atuais e futuros; é preciso utilizar cada vez mais formas práticas para agregar a teoria e tornar a aula algo mais interativo. É importante valer-se do uso de laboratórios e ferramentas práticas para elaboração das aulas e até mesmo o próprio conteúdo ser exposto e disponibilizado em blogs ou em grupos e comunidades de redes sociais.

"A divulgação de conteúdos relacionados
ao universo do ensino superior
nas redes sociais é a nova forma
de estudo que os universitários procuram"

Isso já é feito por alguns professores, e poderia ter um incentivo maior vindo das próprias instituições de ensino. A utilização de blogs e intensa divulgação de palestras, fóruns e eventos relacionados ao universo do ensino superior nas redes sociais, e o compartilhamento de arquivos e documentos de estudo em redes e ferramentas on-line, são as novas formas que os universitários procuram. Para cada tipo de ferramenta on-line há uma função mais indicada, e pode ajudar professores e alunos de diferentes formas, como:
         Blogs - atualmente também estão sendo usados por professores que desejam criar proximidade com os alunos, além da possibilidade de disponibilizar o conteúdo das aulas, trabalhos e provas aos alunos.
         Redes sociais - a facilidade de divulgação atraiu os usuários dessas ferramentas, e por esse motivo os professores e os próprios alunos podem interagir intensamente, participando ou sugerindo a participação de eventos voltados à área; comentando; "curtindo" no caso do Facebook; retuitando, quando se trata do Twitter; e se tornando amigo no Orkut. Diante de tantas funcionalidades, professores podem utilizar esses meios no relacionamento e orientação para com seus alunos, e o caminho inverso também é viável para os estudantes.
          Rede de compartilhamento de documentos - hoje praticamente tudo está disponível na internet. Pensando no compartilhamento de dados, elaboraram ferramentas que disponibilizam conteúdo gratuitamente, e a partir de um login criado pelo próprio usuário, é permitido compartilhar dos documentos ali contidos.
De fato, podemos identificar o problema da dispersão pelos jovens e a dificuldade de aprender, entretanto se o ensino se adaptar ao modo em que eles preferem aprender é possível driblar este problema e ainda criar uma relação de troca com seu público-alvo, oferecendo um método de ensino inovador e com diferencial imprescindível, trazendo para a instituição de ensino um caráter cada vez mais empreendedor.
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* Ricardo Barbosa é consultor em Gestão e Projetos e atual diretor executivo da Innovia Training & Consulting
Imagem da Internet

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