sábado, 16 de julho de 2011

Alain de Botton propõe "ateísmo 2.0"

Imagem da Internet
É preciso deixar de lado a luta para provar que Deus
não existe e tirar proveito do que as religiões oferecem, diz filósofo.
Para ele, há muito o que podemos absorver das religiões,
que podem nos ajudar em questões
de educação e cultura

O filósofo e escritor suíço Alain de Botton afirmou anteontem que o mundo precisa de um "ateísmo 2.0", que deixe de lado a luta histérica para provar que Deus não existe e tire proveito do que as religiões têm a oferecer.
"É claro que Deus não existe. Mas isso não é o fim da história. Há muito o que podemos absorver das religiões para nos ajudar em questões de educação e cultura, por exemplo", afirmou, durante palestra na TEDGlobal, conferência sobre entretenimento e inovações que acontece em Edimburgo, na Escócia.

A ideia não é totalmente nova. Já estava esboçada em um artigo publicado pelo autor em 2008 chamado "Uma Religião Para Ateístas".
Mesmo assim, ele dividiu a plateia, composta em sua maioria por pessoas que dizem não ter religião.
Botton é autor de vários best-sellers, como "Arquitetura da Felicidade" ou "Como Proust Pode Mudar Sua Vida", que misturam filosofia com autoajuda.
DILEMA

Na palestra, afirmou que as pessoas vivem hoje um dilema: ou acreditam nas doutrinas religiosas e são consideradas ingênuas ou não acreditam em nada e rejeitam tudo o que tem a ver com as religiões.
"A vida secular deixou muitos buracos abertos. Nas questões morais, por exemplo", disse.
Depois, criticou o sistema educacional do Ocidente.
"Se uma pessoa for a uma boa universidade, como Harvard, Oxford ou Cambridge, e pedir aconselhamento sobre moral, ou se disser que quer aprender como viver, vão encaminhá-la para uma instituição psiquiátrica."
As universidades, disse, acreditam que todos somos adultos racionais, que precisamos apenas de informação e dados, não de ajuda. Já as grandes igrejas sabem que as pessoas precisam de ajuda e sempre ofereceram aconselhamento.
O autor afirma que o ateísmo radical faz as pessoas se privarem do prazer de admirar obras de um Andrea Mantegna (pintor da renascença italiana), por exemplo, ou textos dos Evangelhos.
Questionado ao final da palestra se pretende ser um líder ou um profeta desse "ateísmo 2.0", o escritor disse que não, porque é preciso sempre desconfiar daqueles que se dizem líderes.
Sua apresentação na TED foi gravada e estará em breve no site: http://www.ted.com/  
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Reportagem por VAGUINALDO MARINHEIRO ENVIADO ESPECIAL A EDIMBURGO
Fonte: Folha on line, 15/07/2011

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