sábado, 23 de julho de 2011

Estou de saco cheio do capitalismo

Gilberto Felisberto Vasconcellos*

O que significa o fim da esperança de uma sociedade socialista?
O ex-chanceler Amorim privou com Glauber Rocha. Sorte a dele.
A política externa de um país é a continuação da política em casa.
Trotsky dizia: o Kremlin é uma burocracia rentista de um Estado degenerado pelo imperialismo.
Marx falou da ditadura do proletariado, mas não viu a degeneração burocrática dessa ditadura.
É genial a paráfrase feita por Trotsky: nada que é humano é estranho à política.
O marxismo não deve transformar seus heróis em santos.
Augusto Bebel foi torneiro mecânico, embora não tenha trabalhado no ABC automobilístico.
O conceito de revolucionário não é independente do conteúdo de classe.
Lênin falou sobre Stalin: ele é desleal e abusa do poder.
A “janela do tio Sam” (Trotsky) pela qual o PT vê o Brasil, é a mesma da UDN. Obrigado Leonel
Brizola.
O que significa Dilma aprofundar o que foi feito por Lula? O governo Lula não privatizou porque FHC não deixou quase mais nada para ser privatizado e, destarte, a privatização saiu da agenda do imperialismo.
Para o povo e o país, o governo Lula representou algum avanço ou progresso?
O destino da massa trabalhadora não está nas mãos de nenhum partido político.
Fala-se em "compromisso republicano" quase como uma "República da virtude" ou virtude da República. Frescura.
A história anda devagar.
Dona Dilma esta à direita de Lula ou dará o salto além do assistencialismo e da submissão ao imperialismo?
É um equívoco achar que partido político deixou de ser a expressão política das classes sociais.
A ideologia da igreja é a linguagem política: o rico egoísta não pode querer tudo para si, tem que pensar um pouco nos fodidos. Enfim, estabelece-se um abismo entre rico e pobre, sem o menor vínculo de exploração de classe.
O adeus ao socialismo (se é que alguma vez o PT foi marxista) significa que acabou o imperialismo. A supressão do antagonismo classista da "sociedade civil" leva à concepção da política como jogo de linguagem ou matéria de negociação, de diálogo, de conversa, de churrasco.
Negociar, negociar, negociar. A linguagem é política. A bandeira da linguagem. Quem não se recusa a conversar, pontificou o ex-presidente Lula, eis aí um autêntico político.
A FIESP ganhou o perdão por ter dado o golpe de 64, a memória da ditadura ficou nos capítulos da telenovela pornô Jabor I Love You.
O assunto democracia, o valor mais alto que se alevanta, deixou de ter qualquer relação com o imperialismo.
O Gramsci da "sociedade civil" ( o anti-Trotsky de A Revolução Permanente) trazido depois de 64 pelo partido stalinista teve efeitos deletérios na cultura brasileira de formação jesuítica. Isso resultou no excelente material armazenado pelos Bancos junto com a mais-valia psíquica do assistencialismo igrejeiro.
Glauber Rocha gostava menos de Gramsci do que de Visconti, ao contrário do que sucedeu com o PT Vaticano e antiluta de classes, e também com o CEBRAP rockfelleano do "autoritarismo versus democratização".
O Banco Gramsci ( a moeda católica com esmola para os pobres) não é um oximoro escandaloso, é antes o condimento da salada cipaia da burguesia bandeirante.
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* Sociólgo, jornalista e escritor.
Fonte: Caros Amigos impressa, julho/2011, p.35
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