domingo, 4 de dezembro de 2011

A morte de Sócrates

Juremir Machado da Silva*

Primeiro o homem luta pela sobrevivência.
Alguns passam a vida nisso.
Aqueles que superam essa barreira passam a lutar por reconhecimento, prestígio, poder e prazer.
Querem sentir-se ocupados e importantes.
Deve ser da natureza humana essa vontade de reconhecimento.
A política, por exemplo, é um jogo que permite, ao mesmo tempo, sentir-se útil, importante, reconhecido e ocupado.
Sócrates foi um grande jogador.
Fez o praticamente impossível: formou-se em medicina na condição de atleta.
Brilhou nos campos, politizou o futebol, ajudou a inventar a democracia corintiana, quebrou um paradigma: era um jogador com cérebro, ideias, posturas políticas e muita personalidade.
Terminada a carreira de jogador não conseguiu mais sentir-se ocupado, útil, importante e prestigiado.
Não deu certo como treinador.
Não deu certo como médico.
A sobrevivência estava garantida, pé-de-meia feito.
Desamparado, Sócrates bebeu a cicuta dos tempos atuais: álcool. Cerveja.
Não me consta que tenha tentado a política.
Teria sido um excelente senador.
O homem é um ser lúdico, uma eterna criança.
Se não tem um brinquedo, um jogo que o faça sentir-se grande, definha.
O inteligente Sócrates não conseguiu encontrar esse novo jogo depois do futebol.
Uma pena!

DO BLOG:

Enviei o texto do JUREMIR para um frade e ele assim respondeu:

"Que interessante este diagnóstico do ser humano! muito preciso e veraz.!!! E na luta por reconhecimento e poder, os humanos, diz Hobbes,geram a guerra!
E os frades, como já têm a sobrevivência garantida, lutam por reconhecimento e poder, numa guerra interna fratricida... que triste tragédia... se ao menos lutassem pelos outros, solidariamente, para mudar o mundo, como fazia tão bem a TL!! quanta mesquinhez mediocre..."
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* Sociólogo. Prof. Universitário. Escritor. Tradutor. Cronista do Correio do Povo
Fonte: Correio do Povo on line, 04.12.2011
Imagem da Internet

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