sábado, 10 de dezembro de 2011

NUNCA É TARDE PARA MEDIAR

Genacéia da Silva Alberton*
O final de ano coloca as pessoas em correria. As lojas e ruas dão sinais de um período especial, o ciclo do Natal. Confraternizações se multiplicam, viagens se realizam, aproximações acontecem.
Para os que estão em conflito, ainda há tempo. A mediação é possível. Embora a descrença na possibilidade de reconstrução de elos e reatamento de diálogo, acreditar em uma forma de atendimento de conflito fora da proposta do processo é possível. Vale a pena investir na mediação.
A mediação tem como característica a voluntariedade. Por isso, quando as pessoas admitem a possibilidade da mediação já deram um passo decisivo à composição e passam a serem artífices, construtores da paz. Na mediação, os participantes, mediador e mediandos, reconstroem as experiências a partir do existente, na perspectivas de novas tramas, na busca de um consenso.
Segundo Brian Muldoon, na mediação há atuação de terceira força que reside na capacidade que tem uma pessoa externa para efetuar mudanças em um sistema estático e caótico. O ponto de maior turbulência é o eu, exatamente, o que oferece maior variedade de possibilidades. A terceira força é capaz de mudar o rumo do conflito.
Na medida em que o processo de mediação restabelece um diálogo rompido ou o faz acontecer onde este nunca existiu, a mediação sempre oferece um ganho. Mesmo que o consenso não ocorra, é certo que houve uma aproximação e essa nunca se perde, passa a fazer parte de uma nova experiência de vida.
Por isso se diz que o mediador não é uma mera presença passiva. Ele traz ação não violenta, procura dar espaço a novos sentidos e novas convivências fora do campo do embate, da lógica do perde-ganha. Entretanto, nada poderá ocorrer se não houver disposição para mudar, para aceitar uma ampliação de visão que não está mais voltada apenas ao eu , mas para o nós que faz , necessariamente, admitir a presença do outro.
Estamos em tempo de festas onde se celebra a vinda de Jesus Cristo, o Mediador. Crentes e não crentes se vêm envolvidos pelo ambiente de reencontro. É tempo de aproveitar a oportunidade para reatar vínculos, ser mediador ou mediando, mas, de qualquer forma, no seu papel, dar lugar à paz, à vida.
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* Desembargadora - Núcleo de Estudos de Mediação-ESM/AJURIS

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