Zander Navarro*
"Missa na Igreja de Nossa Senhora da Candelária em Pernambuco"
(1835), gravura de Rugendas
que está em mostra na Caixa Cultural, em SP
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[RESUMO] Sociólogo defende a tese de que a complacência, atitude de subordinação acrítica e frouxidão valorativa, é a marca mais característica dos brasileiros, o que enrijece chances de transformação social.
Neste ensaio submeto argumentos sobre a armadilha histórica que os brasileiros armaram para si mesmos e exponho uma tese geral a respeito de nossos comportamentos sociais.
Enfatize-se que “brasileiros” talvez não seja a categoria adequada
para iluminar a identidade nacional, exceto pelos contornos do
território. É imprecisa classificação, em função da vastidão do país, de
suas gigantescas diferenças regionais e da escandalosa desigualdade social
que sempre mantivemos, além de outras facetas (ou vilanias) típicas de
nosso curso histórico. Como brasileiros, nunca fomos um todo, mas sempre múltiplos, sugerindo fragmentação e apenas o embrião de uma sociedade.
Nem sequer o registro de nossas guerras e conflitos principais
contribuiu para o adensamento de uma identidade. Guerras totais e
dilacerantes são demarcadoras, alicerçando a autonomeação de um povo que
se mobiliza para a defesa do território, de uma religião ou das formas
culturais ameaçadas. Um de seus resultados é a coesão social, ancorada
em valores que fundamentariam uma classificação comum. Apenas a
linguagem comum e a delimitação de fronteiras seriam suficientes para a
designação de “brasileiros”?
Todos nós, contudo, compartilhamos um ingrediente cultural
irremovível, embora variável em suas manifestações concretas. Trata-se
de uma entranhada tessitura que une todos os indivíduos, a despeito de
diferenças de classe, diversidades regionais, inserção econômica ou
outros indicadores que segmentam os grupos sociais.
É o elo que realmente nos aproxima —uma atitude permanente de
complacência, a marca comportamental mais distintiva de todos nós. Uma
atitude imanente à subjetividade do “ser brasileiro”. Nela encontra-se o
farol do cotidiano e o determinante principal que nos permite, como
membros da sociedade, atribuir significado às nossas ações.
Esse atributo orientador produz desastroso impacto na
estruturação da nação, pois impõe, entre muitas outras, duas marcas
profundamente negativas: a superficialidade de tudo o que se faz e,
sobretudo, o escancarado desprezo social por qualquer reclamo de rigor e
precisão. Afeta até mesmo a nossa noção de tempo e a esperança de
futuro, pois tudo que puder ser adiado assim será.
A formulação e as modalidades de complacência, em sua concretude,
combinam três grandes processos históricos, os quais, associados e
convergentes, materializaram ao longo do tempo uma força cultural
impositiva, formal ou tácita. E esse é nosso principal bloqueio para
impulsionar voos de transformação mais ousados em direção a uma
sociedade melhor, qualquer que seja esta última.
O que é complacência? Significa atitude passiva de subordinação
acrítica e frouxidão valorativa dos indivíduos, em contextos variados e
em todos os estratos sociais. É qualificação adequada, devido a sua
ambiguidade, situando-se entre extremos, um deles negativo, sugerindo
indolência, lassidão, preguiça e até adulação, incorporando igualmente o
seu significado de tibieza. Sobretudo, demonstrando subserviência.
Complacência, porém, é também uma palavra que encerra outro extremo,
benigno e virtuoso, pois pode sugerir comportamentos sociais que
demonstrariam suavidade, ampliando a tolerância. Isso explicaria o
estereótipo do “povo alegre e cordial”. Por esse ângulo, os brasileiros
seriam mais receptivos à diversidade, ao pluralismo e às diferenças
sociais.
Entre esses extremos, que variáveis seriam predominantes para
determinar a concretude de nossos comportamentos complacentes? Seriam as
circunstâncias do cotidiano ou os diferenciados contextos
socioeconômicos e espaciais da sociedade brasileira? Ou o “peso da
história”, sobretudo a escravidão?
Nas classes sociais mais pobres, a complacência revela um
aspecto inesperado. Poderia ser ethos comparado aos grupos sociais mais
abonados? Obviamente que não: nos segmentos pauperizados, a complacência
concretiza práticas enraizadas ao longo dos tempos, um padrão,
sobretudo, derivado da subordinação social e política. Todavia, é
preciso explicar: por que os mais pobres submetem-se, cordatos?
Entre os mais ricos, por outro lado, incluindo a maior parte dos
segmentos médios da sociedade, são formas de ação e, em especial, de
linguagem e de controle social que atendem ao propósito de ocultar a
dominação. Estas seriam destinadas a manter as posições de classe (e o
padrão de desigualdade existente), assegurando que o exército de pobres
“fique onde está”.
Trata-se de um “cul-de-sac” político, pois nem mesmo os agrupamentos
partidários autointitulados de “esquerda”, uma vez no poder, se
preocuparam em promover mudanças substantivas na estrutura social.
Assoma assim um agudo desafio analítico ainda não enfrentado: como
interpretar as inúmeras formas comportamentais tipicamente complacentes
entre os brasileiros, revelando seus verdadeiros significados? De modo
concreto, não há práticas sociais e suas linguagens que sejam “de todos
os brasileiros”. Existem, porém, variantes e manifestações complacentes
particulares, conforme classes sociais, regiões, cidades ou campo,
provavelmente entre sexos, religiões e outras classificações.
Por isso, talvez movido por esse ambíguo comportamento, consolidou-se
a imagem externa de um “povo folgaz e comunicativo” que habitaria um
hedonista “paraíso tropical” —Carnaval, futebol, calor humano, mulheres sensuais e sexo à larga.
Seríamos um povo infantilizado, despreocupado quanto ao futuro,
sempre voltado ao imediato prazer e às sensações. Ante os desafios
vindouros, manteríamos pueril esperança, manifesta na expressão ubíqua
de todos os momentos, transferindo para o intangível supranatural a
responsabilidade —“se Deus quiser!”.
Essa ambivalência de significados, portanto, ajusta-se à defesa do
argumento: nossa marca cultural mais destacada (e estrutural) é aquela
enraizada em um forte componente geral de complacência, definindo o
rosto mais nítido dos comportamentos sociais. Se aceita esta proposição,
tão evidente em si mesma, será preciso responder: entre seus extremos
benignos e aqueles mais deformadores, se esta é a esteira que dirige a
sociabilidade determinante dos cidadãos, como explicá-la?
Seriam três os processos históricos que devem ser considerados. O
primeiro deles se refere à natureza e aos efeitos do catolicismo nas
práticas cotidianas dos indivíduos, em sua visão de mundo e em suas
subjetividades relacionais no âmbito da família. Ou, mais amplamente, no
que diz respeito às posturas de uma classe em relação às outras e às
formas de interação humana em geral.
O catolicismo difundido pelos colonizadores desenvolveu mentalidades
de subordinação e modos de subserviência entre os brasileiros que, nos
tempos modernos, naturalizaram posturas complacentes.
Até porque o catolicismo no Brasil, privilegiando o comunitarismo e o coletivo em detrimento do individualismo, foi cúmplice central dos arranjos políticos que concretizaram os formatos da dominação social, legitimando-os ao longo do tempo.
Sem espaço para as conclusões da sociologia das religiões, recorro à
minha história de pesquisador, durante a qual lidei quase diuturnamente
com instituições católicas e seus mediadores. Especializado em
sociologia rural, trabalhei intensamente como pesquisador de movimentos
rurais, sendo conhecida a origem católica dos protestos no campo,
nascidos no final da década de 1970, quando entardecia o regime militar.
O MST, por exemplo, surgiu de uma pequena reunião de bispos, em
Goiânia.
Naqueles anos, com militantes e suas bases sociais quase totalmente
católicos (neopentecostais apenas emergiam), a influência desse tipo de
catolicismo reforçou as posturas típicas de mediadores religiosos e
cidadãos.
Destacam-se quatro características: o anti-intelectualismo, o
estímulo à vida comunitária (ou, o que é o mesmo, o
anti-individualismo), a exaltação doutrinária da pobreza e da vida
simples (aqui nasce a cultura anticapitalista que nos caracteriza) e,
como em qualquer religião, rigidez dogmática transformada em autoritária
ação institucional. Primeiro no tocante a seus preceitos fundadores,
mas, depois, também a ideários partidários, quando setores
“progressistas” da Igreja Católica vincularam sua ação ao Partido dos
Trabalhadores.
Por isso a pergunta: seriam essas evidências decisivas para esculpir
as mentalidades de um povo profundamente católico, acentuando as
dimensões de complacência e a subserviente aceitação de uma ordem
espantosamente iníqua?
Talvez sejam, mas precisamos concordar: ainda inexiste o abrangente
estudo, profundo e rigoroso, que analise criticamente a história da
Igreja Católica no Brasil em todos os seus aspectos, revelando a ação da
instituição e, sobretudo, suas implicações na formação social
brasileira.
O segundo processo histórico a ser mencionado, que também
fertiliza esse generalizado comportamento complacente, nos remete às
consequências sociais e culturais da vida rural brasileira. Neste ensaio
breve, é possível apenas esboçar três dimensões decisivas e
consequentes sobre o tema.
Em face da presença temporalmente tão estendida do mundo agrário, a
sociedade brasileira, os comportamentos sociais e a maioria dos costumes
são ainda caudatários do imaginário rural, pois os processos de
urbanização se aceleraram apenas a partir do final dos anos 1950. Se a
cidade hoje comanda o rural pela economia, o inverso ainda é forte,
pelos vetores culturais.
O primeiro desses processos é a longa trajetória agrária que desenhou
gradualmente um espaço social hegemonizado por grandes proprietários,
fincando com raízes profundas o mundo do atraso e a subordinação das
maiorias ao mando absoluto exercido pelos senhores da terra.
O fato seguinte é aquele que registra que a vida rural quase sempre
foi um espaço sem justiça e sem direitos. É recentíssima a chegada a
essas regiões de uma parte da estrutura formal das instituições da
Justiça. Ante tais contextos, como não se desenvolver uma complacência
defensiva, reiterando-se que até duas gerações passadas a maioria da
população ainda vivia no campo?
A terceira dimensão intrínseca à história rural tem sido a radical
transformação produtiva observada nos polos dinâmicos da agropecuária,
surgindo um setor econômico na iminência de se transformar no mais
importante produtor de alimentos do mundo, acumulando, cada vez mais,
impressionantes montantes de riqueza.
Assim, uma silenciosa mudança vai alterando profundamente o interior,
gerando empregos, oferecendo receitas a pequenas prefeituras,
multiplicando o setor de serviços e modernizando a vida econômica e
social de inúmeras cidades. São situações que transformam a antiga vida
parasitária e seu correspondente primitivismo social. Se o capitalismo é
seletivo, instável e concentrador, carrega, entretanto, outra face
dentro de si, quando exige segurança jurídica e um conjunto de regras
impessoais.
Ante essas dimensões, ainda somos uma sociedade que mantém em suas
entranhas “muletas do passado”, transplantadas para a vida das cidades. O
mesmo espaço social e econômico, contudo, pode anunciar as sementes da
mudança. O crescimento da economia agropecuária tem sido prenúncio de
uma sociedade em que a complacência social não terá lugar, porque
frearia a resiliência desse padrão de expansão econômica.
Finalmente, o terceiro grande processo histórico que carimba como
ferro quente os comportamentos sociais é o de maior consequência e
escopo e, por isso mesmo, aquele de extrema dificuldade analítica. Será
aqui apenas anunciado, na expectativa de poder ser esmiuçado por
estudiosos mais capazes.
Trata-se da oposição formada em nossa história em torno das formas de
poder e sua correspondente espacialidade (ou territorialidade), gerando
uma disputa de um polo estatal, o poder político —que depois se tornou
também um eixo de poder cultural— contra um polo econômico,
geograficamente à parte, estimulando entre ambos uma rivalidade pela
hegemonia da nação.
A batalha é quase sempre “vencida” pelo primeiro, por controlar o
Estado —e, em consequência, as regras do jogo, inclusive a distribuição
da riqueza. Em termos diretos: a oposição entre o aparato estatal e o
poder político (associado à dominação cultural) e o espaço dominante da
economia. Essa polaridade, em quase toda a história pós-independência,
significou uma oposição entre o Rio de Janeiro, como locus do Estado, da
política e da produção cultural, e a economia de São Paulo.
A antinomia firmou-se apenas a partir da segunda metade do século 19,
com a expansão da cafeicultura. Durante cerca de um século (1870 a
1980), tornou-se crescentemente aguda, gerando conflitos, crises
políticas e perturbações diversas. Com o nascimento de Brasília e a
expansão econômica verificada na década de 1970, contudo, é que esse
contexto dicotômico começou a mudar, configurando-se multipolar com o
aparecimento de novas regiões econômicas.
Seria caricatural insistir que tenha existido durante a maior parte
de nossa história uma rivalidade simplória do poder estatal concentrado
no Rio contra o poder econômico que passou a fixar-se em São Paulo.
Trata-se, sim, de insistir que nosso desenvolvimento social observou a
hegemonização da política através da captura do Estado (e seu poder
normativo, suas legislações, mas também os empregos públicos) naquela
antiga capital, criando formas comportamentais mais soltas,
descomprometidas e complacentes, pois não apenas não seguiam imperativos
econômicos como também porque aqueles vinculados ao Estado garantiam
sua subsistência, poder e meios de reprodução social.
Em um teorema simplificado: uma vez garantidos os recursos recolhidos
dos impostos, uma larga população direta ou indiretamente articulada ao
Estado pode desenvolver uma visão complacente sobre a vida em geral,
perspectiva reforçada pela hegemonia cultural e por uma visão de mundo
(e seus respectivos comportamentos sociais) difundida pela via de uma
percolação cultural para o restante da sociedade.
Lembrando, como mera hipótese de trabalho, que essa hegemonia do Rio
se construiu através das formas mais populares (música, por exemplo),
enquanto os esforços culturais paulistas (ou paulistanos) se
concentraram em iniciativas de menor alcance social (ciência e
universidade).
Se esta distinção realmente existiu, os impactos no restante da
sociedade brasileira estariam explicados a partir do comando cultural,
cujo vértice foi o Rio. Já os desafiadores processos da esfera econômica
aglutinaram-se em São Paulo, desenvolvendo novas racionalidades
comportamentais, em função da competição, da concorrência
intercapitalista e da mercantilização da vida.
A complacência social que nos domina, por esta razão, foi promovida e
concretizada, sobretudo, no polo político-estatal e cultural, daí se
espalhando pelo restante do Brasil.
Há ainda um processo sociopolítico a ser citado aqui apenas de
passagem, não obstante sua importância. A existência do polo estatal em
combinação com a dominação cultural também agregou, sobretudo a partir
dos anos 1950, a pressão política do campo da esquerda.
A presença desse campo político (socialista, reformista ou de outros
matizes), concentrada inicialmente no Rio, reforçou uma visão geral do
Estado provedor, autossuficiente e capaz de a todos sustentar por algum
mecanismo mágico —aos poucos desenvolvendo uma perspectiva política que
não passa de autoengano.
A expansão de um novo campo de esquerda em São Paulo, em torno do PT,
parece ter sido substantivamente distinta, pois menos ideológica do que
a anterior. O ideário de esquerda agregou um ingrediente que tem
permanecido no imaginário político da maioria da população: “O Estado
tudo pode!”. É visão romântica, acrítica e despolitizada (além de
desinformada), que ainda orienta os comportamentos sociais, surgindo com
mais força em processos eleitorais, tendo fundamentado, por exemplo, as
promessas da Constituição de 1988.
Somos assim porque somos todos complacentes —em relação a nós mesmos,
aos demais e no tocante à configuração da sociedade, seu funcionamento e
suas instituições. Sendo uma complacência mais negativa que positiva,
entre os extremos já referidos, aceitamos práticas sociais que seriam
inimagináveis, até absurdas, em outras sociedades.
Mansos e, no geral, pacíficos, tudo aceitamos em nosso inacreditável
conformismo, remoendo, quase em silêncio, o rol de tragédias que nos
atormenta. A vida social brasileira, em consequência, tornou-se frouxa,
porosa e desfigurada, sem contornos de maior rigidez normativa,
permitindo a aceitação envergonhada da impunidade generalizada, em todos
os escaninhos da sociedade.
A população se conforma e fecha os olhos às atitudes não razoáveis,
sob qualquer parâmetro de racionalidade mínima, não reagindo a
praticamente nada. Não debatemos os fatos como são na realidade, mas sim
como desejamos que fossem, uma vez que nem sequer problematizamos a
dominante mentalidade mágica e os persistentes autoenganos que nos
orientam, desconhecendo o que possa ser o pensamento crítico.
Rechaçamos a diversidade de opiniões e mantemos uma postura próxima a
comportamentos sectários. Falamos em democracia sem conhecermos o
roteiro político do “ideal democrático”. Fingimos todo o tempo, seja em
relação à trágica desigualdade social sob a qual sempre vivemos, seja em
face dos pequenos, mas reveladores, eventos do cotidiano.
Sempre falamos em direitos, mas a palavra dever não existe no
dicionário dos brasileiros. E nem a palavra compaixão —e, por isso, não
há nenhuma forma substantiva de solidariedade social entre os cidadãos.
Somos assim porque uma proporção dos brasileiros, ecoando os
processos históricos, é cínica, profundamente cínica, incluindo os
segmentos sociais burgueses, mas também —o que é crucial para manter
estável e intacta a ordem social existente— quase toda a classe média.
E somos assim porque a vasta maioria (os cidadãos restantes, a classe
média baixa e a multidão mais pobre) é infantilizada e incapaz de
perceber seu papel descartável no jogo de poder e dominação
estabelecido, não só em seus fundamentos econômicos mas também
culturalmente, nos cinco séculos de história, aceitando de modo
complacente a sujeição que lhe foi imposta.
Uma encenação permanente enrijece as chances políticas de
transformação social. Por isso está distante a “boa sociedade” a que
aspiramos, pois os brasileiros agem, sobretudo, contra si mesmos.
*Zander Navarro, Sociólogo e
pesquisador em ciências sociais, é coautor de "Novo Mundo Rural" (ed.
Unesp), com Xico Graziano, e um dos organizadores do livro "Brazil:
Agricultural Development in the New Century. The Rise of a Global
Agro-Food Power", a ser publicado pela editora Routledge em 2019. A
versão completa do artigo nesta página encontra-se no livro "Brasil,
Brasileiros: Por que Somos Assim?" (Verbena Editora).
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/02/complacencia-e-a-marca-que-define-o-brasileiro-defende-sociologo.shtml
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