quinta-feira, 9 de julho de 2009

Papa propõe o "humanismo cristão" para a economia global

"A publicação das 30 mil palavras da "Caritas in Veritate" foi postergada para dar tempo para que o Papa refletisse sobre a crise econômica que explodiu na metade de 2007. Às vésperas de uma cúpula do G8 na Itália, nesta semana, dedicada a ponderar sobre uma nova arquitetura para a economia global, Bento afirma que a Igreja não tem "soluções técnicas para oferecer", mas, apesar disso, apresenta algumas recomendações específicas:

-Resistir a uma "redução" dos sistemas de segurança social;
-Apoiar os sindicatos e os direitos dos trabalhadores em uma economia global marcada pela mobilidade do trabalhador;
-Combater a fome por meio de "investimentos em infra-estruturas rurais, sistemas de irrigação, transportes, organização dos mercados, formação e difusão de técnicas agrícolas apropriadas";
-Consagrar o acesso ao emprego fixo para todos como o objetivo econômico central;
-Proteger o "estado de saúde ecológico" da terra;
-Ver a "abertura à vida", no sentido de uma resistência a medidas como o aborto e o controle de natalidade, não apenas como moralmente obrigatória, mas como uma chave para o desenvolvimento econômico duradouro;
-Assegurar que os objetivos dos programas internacionais de ajuda estejam envolvidos em seu projeto e implementação e acabar com a burocracia associada às vezes a esses programas;
-Reduzir o consumo de energia doméstico em nações desenvolvidas, investindo em formas de energia renováveis e adotando novos estilos de vida mais sustentáveis;
-Frear as "formas excessivas de proteção do conhecimento" nas nações ricas, "através de uma utilização demasiado rígida do direito de propriedade intelectual, especialmente no campo sanitário";
-Abrir os mercados globais aos produtos das nações em desenvolvimento, especialmente na agricultura;
-Compromisso entre as nações desenvolvidas para dedicar uma maior parte de seus PIBs para a ajuda de desenvolvimento;
-Maior investimento em educação;
-Políticas de imigração mais generosas, reconhecendo as contribuições econômicas dos migrantes, tanto para os seus países de destino como para os seus países de origem ao enviar dinheiro para casa;
-Apoio aos micronegócios, cooperativas de consumidores e formas empresariais socialmente responsáveis;
-Reforma das Nações Unidas e das instituições internacionais de economia e finanças, para promover "uma verdadeira Autoridade política mundial (...) com uma real concretização", mesmo que formada pelo princípio de subsidiariedade – no sentido de respeito pela liberdade dos indivíduos, famílias e sociedade civil;
-Oposição aos abusos da biotecnologia como uma nova eugenia.
"A análise é de JOHN L ALLEN JR, publicada no sitio National Catholic Reporter, 07-07-2009. A tradução é de MOISÉS SBARDELOTTO. Republicado no IHU/Unisinos, 09-07-2009.

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