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“Lojas de livros terão de descobrir nichos”
Mike Shatzkin, consultor editorial
Com quase 50 anos de experiência no mercado editorial, o norte-americano Mike Shatzkin, da Idea Logical, uma consultoria baseada em Nova York que acompanha as mudanças no segmento, especialmente as provocadas pela expansão digital. Conhecido por suas opiniões contundentes e polêmicas, Shatzkin tem uma visão pessimista sobre o futuro das livrarias enquanto lojas físicas. Abaixo, confira entrevista concedida pelo consultor a Zero Hora por e-mail:
Zero Hora – A recente concordata da cadeia de livrarias norte-americana Borders é um sinal de que as megalojas estão chegando ao fim ou é um caso isolado?
Mike Shatzkin – Na verdade, as duas coisas. As megalivrarias são dinossauros, sem dúvida. Mas a Borders foi espetacularmente mal gerida por muitos anos. Então, sim, é um sinal, mas a Borders iria falir de qualquer jeito.
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ZH – Para sobreviver nos próximos anos, quais mudanças as livrarias terão de implementar em suas lojas físicas?
Shatzkin – No curto prazo, as livrarias com lojas físicas terão de focar no seu inventário, ou seja, descobrir nichos de interesse e servi-los muito bem. Essas lojas provavelmente terão de trabalhar com livros novos e usados e, principalmente, terão de servir como pontos de encontro para determinadas comunidades. Mas isso vai ser apenas para ganhar tempo. Mais cedo ou mais tarde, nada disso funcionará.
ZH – Há quem diga que o contínuo crescimento das vendas de e-books, em algum momento, acabará com as livrarias enquanto lojas físicas. O senhor concorda?
Shatzkin – Duas coisas matarão as livrarias físicas. Uma, como você disse, são os e-books. No último ano, eles representaram cerca de 8% do total das vendas de livros nos Estados Unidos. Algumas previsões, como a da editora Ramdom House (uma das maiores do mercado americano), apontam que em, cinco anos, 40% a 50% dos livros vendidos nos EUA serão e-books. A outra, é a compra online, que hoje, conservadoramente, estima-se que represente 20% das vendas, e segue crescendo. É razoável presumir que, por volta de 2015, metade das vendas será de e-books e a outra metade, de livros impressos, mas apenas 50% dessas obras convencionais serão compradas em prateleiras reais. Isso significa que as lojas físicas terão só 25% das vendas.
------------------------------------Fonte: ZH online, 25/02/2011
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