segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Limites nas relações entre aluno e professor

JAIRO BOUER*



NAS ÚLTIMAS semanas, uma série de notícias preocupantes envolvendo a relação entre alunos e professores voltou a ocupar espaço em jornais, internet e televisão. Aparentemente, há problemas dos dois lados.
Os professores reclamam da dificuldade do aluno em aceitar limites, respeitar o papel do professor, se concentrar nas aulas e até ser violento. Já os alunos se queixam da monotonia das aulas, da falta de estímulos e do autoritarismo.
Em qualquer tipo de relação (pai-filho, amigos, namorados, aluno-professor, patrão-empregado), há problemas. E é por isso que sempre deve haver uma margem para diálogo e negociação. Mas existem limites que são claros e devem ser respeitados. Sem eles, os próprios papéis de quem ensina e de quem aprende podem ficar pouco nítidos.
"O que se discute é que, antes de ser amigo,
 de ter intimidade (o que pode ser bom em aula),
professor é professor
e aluno é aluno."

Um professor, por exemplo, não deve beber ou fumar com seus alunos, muito menos dentro da escola! Por quê? Primeiro, por lei, menor de 18 não pode beber nem fumar. Depois, porque beber e fumar não são hábitos que fazem bem para quem é mais novo. Um jovem que começa a beber ou fumar antes dos 15, por exemplo, tem muito mais chances de ter problemas com essas substâncias no futuro. E o papel de quem ensina não é justamente educar e prevenir?
Também é muito complicado o envolvimento amoroso entre alunos e professores na escola. Além da questão legal, como fica a imagem do professor frente aos seus alunos? Será que o papel de quem ajuda a entender questões centrais na vida não perde espaço nessa situação? E como fica a cabeça desse jovem?
Não é uma questão de distância absoluta ou de rigidez dos papéis. O que se discute é que, antes de ser amigo, de ter intimidade (o que pode ser bom em aula), professor é professor e aluno é aluno. Há regras, limites e respeito que devem ser observados dos dois lados.
---------------
* Médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP –, com residência em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria da mesma universidade. - jbouer@uol.com.br
Fonte: Folha online, 07/02/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário