Conspiração
Em um país onde a liberdade de expressão é fundamental,
não param de surgir opiniões minimamente estranhas
Em um país com 310 milhões de pessoas, para as quais a liberdade de expressão é um princípio fundamental, não é nenhuma surpresa o grande número de indivíduos com pontos de vista um tanto quanto estranhos. Assim são os Estados Unidos. Um país repleto de novas opiniões e novas teorias sobre todos os assuntos. E elas surgem a qualquer momento, em qualquer lugar. E, graças às rádios locais e à internet, elas podem ser disseminadas rapidamente a diversas outras pessoas.
Jonathan Kay, editor e colunista do National Post, jornal canadense, optou por dar mais atenção a um grupo em particular. Os “adeptos da verdade”, que acreditam que o governo dos Estados Unidos sabia do ataque realizado em 11 de setembro e até mesmo organizou todo o palco da situação para impor controles sociais em nome da segurança nacional e ocupar os campos petrolíferos do Golfo.
Não há nenhum sinal de que os “adeptos da verdade” estejam ganhando espaço, na verdade, eles são um número ainda insignificante comparados àqueles teóricos da conspiração mais insanos. O grupo, chamado “birthers”, acredita, por exemplo, que Barack Obama nasceu fora dos Estados Unidos e, portanto, seria inelegível como presidente. Os birthers, porém, nem sequer são mencionados no livro que Kay escreveu sobre o assunto.
Um teórico da conspiração, sem dúvida, diria que o National Post é um jornal da direita e, por isso, menos propenso a se preocupar com os birthers do que com os “adeptos da verdade”. Uma razão mais plausível é que os birthers têm uma teoria ainda pequena, não envolvendo muitas pessoas além da falecida mãe de Obama e um ou dois funcionários corruptos.
Os “adeptos da verdade”, pelo contrário, envolvem um elenco com milhares de personagens. Começando por George W. Bush e Dick Cheney, passando por boa parte da CIA e a equipe de demolição que implantou os explosivos que destruíram as torres gêmeas, até a equipe de atores que falsificaram as vozes dos passageiros a bordo dos voos condenados, uma vez que o sequestro nunca teria acontecido.
Em seu livro, “Entre os adeptos da verdade: uma viagem através do crescimento das teorias conspiratórias dos Estados Unidos”, Kay torna a história bastante interessante. Kay realizou um minucioso trabalho para localizar o movimento conspiratório em uma insatisfação perene com as autoridades que permeiam a América. A ideia de que algum grupo está executando suas tarefas para benefício próprio, não o do trabalhador comum, é, afinal, um console constante para o insucesso.
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Fontes: The Economist - One born every minute
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