Ronald Pagnoncelli de Souza*
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Resiliência, em física, significa o grau de fragilidade de um corpo (ou seja, sua resistência aos choques); a fragilidade é tanto menor quanto maior a resiliência. Podem ajudar a compreender esse fenômeno o singelo exemplo da bola de tênis que volta à forma original quando cessada a compressão, diferentemente de uma bola de pano, que pode permanecer deformada após sofrer a mesma pressão.
Do ponto de vista psicológico, é a capacidade de recuperar e manter um comportamento razoavelmente adaptado, depois de sofrer um dano.
Sabe-se que nem todos os indivíduos reagem da mesma maneira frente às dificuldades psicossociais...
Alguns são mais suscetíveis, sofrem muito e se entregam ao desespero...
Outros, mesmo passando por terríveis experiências, recuperam-se totalmente e parecem não apresentar sequelas graves. Exemplo: pessoas que sobreviveram aos campos de concentração e conseguiram adaptar-se relativamente bem.
A resiliência pode situar-se tanto no indivíduo quanto no meio social. Varia de acordo com a etapa de desenvolvimento e não decorre como resposta única aos diferentes fenômenos da vida.
A resiliência não está baseada em evitar experiências de risco, mas em uma exposição controlada a este risco.
Parece não ter relação direta e não supõe características de saúde excepcionalmente positivas. Nem em conviver predominantemente com experiências boas. Também não há relação com as condições financeiras.
A imunidade natural às infecções ou a induzida por vacinas surge pela exposição controlada ao germe responsável pela doença, e não por evitá-lo. A resistência à infecção decorre da experiência em afrontar, com êxito, doses menores, ou versões modificadas do micro-organismo causador da doença.
Aplica-se o mesmo raciocínio na exposição ao estresse e à adversidade psicossocial.
Medidas favoráveis à resiliência:
Planificação – As pesquisas mostraram que para as crianças de meios desfavorecidos as experiências positivas na escola tornaram mais provável a planificação de sua vida e com isto correm menos riscos. Importante influência tem o casamento harmonioso entre pessoas cuja conduta não difere da estabelecida pela sociedade.
Autoestima – É muito provável que o êxito em uma área confira às pessoas sentimentos positivos de autoestima e eficiência, que tornam possível a confiança necessária para tomar medidas que lhes permitam sair bem em outras provas da vida.
“Endurecimento” – Devido às variações individuais na suscetibilidade ou vulnerabilidade às experiências adversas anteriores, alguns “endurecem” para enfrentar novas dificuldades.
O mais importante é que as pesquisas mostram a possibilidade de a resiliência ser um recurso útil na defesa social.
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*Médico e escritor
Fonte: ZH online, 14/05/2011
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