Em um país cujos principais debates giram em torno de
questões políticas, seria de se esperar que a maioria dos cidadãos
tivesse condições intelectuais de discuti-las com propriedade. No
entanto, para deleite dos envolvidos, o investimento em educação é cada
vez mais magro, e não seria ousado demais presumir que o objetivo é
justamente manter boa parte da população alijada da verdadeira
capacidade de discussão.
Inflados pelos acontecimentos cada vez mais surpreendentes, os
brasileiros partem para um bate-boca infindável, que raramente traz
algum resultado além de dores de cabeça e estresse, podendo, inclusive,
acabar em violência. Uma opinião contrária se torna praticamente uma
afronta pessoal e, com os ânimos cada vez mais aflorados, é difícil
voltar à razão.
Sem educação - e educação de fato, com debate e reflexão, que vai
além da mera transmissão de conteúdo -, não há avanço. Como diria o
norte-americano John Dewey (1859-1952), um dos principais estudiosos do
tema, "a educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a
preparação para a vida, é a própria vida". Sem um processo educacional, o
ser humano repete discursos que não entende e prega verdades que não
conhece. Em um contexto de atitudes polêmicas e reações extremas, essa
realidade se torna perigosa.
Na última reportagem da série Civilização extrema: o perigo de uma sociedade intolerante,
publicada durante o mês de agosto no Jornal da Lei, especialistas
apontam que a solução para esse cenário passa, obrigatoriamente, pela
educação; e que, sem ela, a queda para um processo de total ruptura
democrática ficará ainda mais inevitável.
Educação para o convívio é saída para extremismo
Não importa o tema - violência, corrupção, aumento na
criminalidade -, a educação sempre surge como um possível remédio, capaz
de curar uma população doente. Seja a educação de crianças e jovens, ou
a de adultos para a conscientização em determinado tema, é notável que
pouco se avança quando parte predominante da sociedade possui alto nível
de ignorância. No caso do Brasil, o constante esquivo, por parte do
governo, em investir em educação faz com que seja aventada a
possibilidade de que, para o sistema político, a ignorância do povo,
seja, de fato, uma dádiva. Sem educação, instrução e orientação, a
população se vê votando às cegas, com base em conceitos de senso comum e
em opiniões sem embasamento teórico.
Em um cenário polarizado, amplificado pelas redes sociais, nas
quais discursos de ódio são proferidos sem qualquer responsabilização, a
ausência de uma educação para a cidadania se torna ainda mais
preocupante. O indivíduo, sem condição de argumentar, seja por falta de
conhecimento ou interesse, parte para a agressão, esperando que sua
opinião se sobressaia perante a de tantos outros que, da mesma forma que
ele, fazem o mesmo. O cenário se torna um ciclo vicioso de difícil
interrupção.
O Papel da escola
A cada nova geração, a sociedade precisa construir quase tudo de
novo. E isso deve ser feito pelos meios mais rápidos, agregando ao
indivíduo, que acaba de nascer, uma natureza capaz de vida moral e
social. Esse pensamento do sociólogo, antropólogo e cientista político
francês Émile Durkheim (1858-1917) resume o papel da educação em um
instituto que não se limita a desenvolver o organismo, mas cria um ser
novo.
E, para criar um ser novo, não basta transmissão de conhecimento,
sem questionamentos ou debates. Na base curricular nacional, que
determina os conteúdos que serão ensinados aos alunos dos ensinos
Básico, Fundamental e Médio, não constam explicações e reflexões a
respeito de uma formação política e social. Cresce, entre alguns
professores, a ideia de que o papel da escola é ensinar conteúdos como
Matemática, Ciências e Línguas. No Japão, por exemplo, em 2015, uma
normativa do governo determinou que as universidades servissem "áreas
que contemplem as necessidades da sociedade" e, assim, deixassem de
oferecer cursos das áreas de humanas, focando as formações tecnológicas.
A visão da escola/academia como mera fonte de mão de obra é
criticada pelo professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro Marcelo Andrade de Souza. Para ele, que é autor do livro
"Tolerar é pouco? Pluralismo, mínimos éticos e práticas pedagógicas"
(Editora Mauad, 2009), a escola tem dupla função. Além de transmitir
conteúdo, precisa ajudar a construir uma cidadania mais tolerante,
aberta às diferenças. "Muitas vezes, os professores pensam que trabalhar
com temas de preconceito, de racismo, de discriminação, seria função da
família. É um engano frequente, pois não há ensino de conteúdo sem
transmissão de valores", argumenta.
A consideração de Souza se sustenta na posição que Durkheim
expressou há mais de um século. Segundo o acadêmico francês, a educação é
a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se
encontram ainda preparadas para a vida social. A ideia é destinar à
criança certos estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela
sociedade política, desenvolvendo-os.
Um dos maiores expoentes da reflexão sobre educação, o filósofo e
pedagogo norte-americano John Dewey (1859-1952), defende que, na medida
em que a escola desempenha um papel decisivo na formação do caráter das
crianças de uma sociedade, também pode transformá-la fundamentalmente.
Ao encontro dessa ideia, o sociólogo Marcos Rolim acredita que, uma vez
que o papel da família tem mais a ver com a formação psicológica do
indivíduo, a escola tem muito a fazer. Embora não seja garantia de
formação de um cidadão exemplar, a educação escolar facilita a leitura
dos fatos, considerando pontos de vista. "Teria de desenvolver uma
educação voltada para o pensamento, para a reflexão, que, por natureza, é
crítica. O sujeito que pensa dificilmente aplaude sem sequer
questionar", explica, destacando a importância da "habilidade de
questionar", que vai de encontro a um alinhamento automático, que produz
intolerância e, no limite, ódio.
Por isso, a discussão de ideologias e de valores se torna
fundamental em uma sala de aula. Para o professor da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Clóvis de Barros
Filho, seria necessário insistir na discussão a respeito da pluralidade e
do respeito às diversidades. Ele destaca que, ao mostrar que os valores
são complexos, o professor dá ao aluno a lucidez necessária para,
diante de uma manifestação ideológica exacerbada, problematizar sua
pertinência por meio da análise dos valores combatidos e ausentes.
Há mais de 100 anos, Dewey já reconhecia sinais da necessidade de
uma reforma educacional capaz de democratizar radicalmente a sociedade. O
educador acreditava que, para transformar as escolas em agentes de
reforma, seria preciso reconstruí-las por completo.
A percepção de que o papel do ensino escolar se limita à
transmissão de conteúdo não é exclusividade brasileira. O professor
catedrático do Instituto da Educação da Universidade do Minho, em
Portugal, Licínio Lima explica que o entendimento de que a escola deve
se concentrar apenas na transmissão de conhecimentos e competências, de
forma a preparar para a vida, se perpetuou há muito tempo. Quem defende
essa atuação restrita presume que a formação de cidadãos democráticos
seria um fenômeno de doutrinação política que não cabe à escola.
"É uma posição inaceitável em termos democráticos, desde logo por
confundir educação para e pela democracia com doutrinação política",
argumenta. Para ele, o principal limite assumido por uma educação
crítica é justamente a recusa de qualquer processo de doutrinação. "A
democracia, muito mais do que um processo ou um método, é uma forma de
vida que se prepara também por meio da contribuição da escola."
O processo educacional não se resume aos métodos pedagógicos.
Educação é o resultado da interação de diversas áreas do conhecimento. A
neurociência tem um papel fundamental, por exemplo, ao mostrar a quem
ensina como o aluno aprende, quais são os processos cerebrais envolvidos
na obtenção de conhecimento.
A psicologia também é profundamente relacionada com a educação. O
psicanalista Alfredo Jerusalinsky corrobora a opinião dos educadores a
respeito da guinada tecnicista que o ensino tem dado. Para ele, a
escolaridade tem se tornado competitiva ao ponto de países eliminarem
matérias sem relação com técnica e tecnologia, como Filosofia,
Literatura e Artes. "A Matemática, a lógica pura, a Física, a Química,
não fazem laços sociais. Permitem o domínio da natureza, mas não
permitem estabelecer relações com o outro", pondera. Para ele, a
tecnologia pode prestar um serviço quando aproxima os seres humanos,
como no caso da comunicação, mas "essa aproximação não pode estar
cingida meramente à informação", explica o estudioso, que é doutor em
Desenvolvimento Humano e Educação.
Além de um possível despreparo por parte dos docentes e do
ceticismo por parte da sociedade, o sistema educacional não trabalha
questões de democracia e cidadania. Os colégios, ainda presos a um
método de ensino que prioriza a acumulação de conhecimentos em larga
escala, e que é indiferente às diferenças, não conseguem viabilizar
projetos elaborados pelos poucos professores que decidem se aventurar
por esse caminho.
O sociólogo Marcos Rolim teve experiência como docente no Centro
Universitário Metodista (IPA) e como professor visitante da Universidade
de Oxford, na Inglaterra. Ele conta que, mesmo em ambiente acadêmico,
percebia que os alunos estavam programados para um tipo de aula que
consistia exclusivamente na memorização para a prova. "Os alunos chegam à
universidade sem essa prática de autonomia do pensamento. Nossa matriz
educacional continua estimulando a memória e a reprodução de conteúdo,
quando isso é o menos importante", considera.
Formação para a cidadania exige debates amplos em sala de aula
FREDY VIEIRA/JC
O receio de que uma doutrinação política tome conta do
espaço escolar deu origem, no Brasil, a um conjunto de leis que
incorporam o movimento Escola Sem Partido, encabeçado principalmente por
representantes de partidos conservadores. Os apoiadores defendem a
necessidade dessas leis como uma forma de evitar a ideologização do
ensino em sala de aula. Críticos, no entanto, afirmam que a iniciativa é
uma tentativa de "amordaçar" os professores e de impedir o debate
político em âmbito escolar.
Para o doutor em Educação Marcelo Andrade de Souza, não há dúvidas
de que o movimento serve de amparo a uma ideologia. "Não é uma escola
sem partido, é uma escola com outro partido, o do conservadorismo e da
postura retrógrada", enfatiza.
A discussão sobre a proposta da Escola Sem Partido encontra
barreiras constitucionais, uma vez que a Constituição Federal diz que é
função da escola formar um cidadão pleno para participar na cidadania.
E, sem embate de opiniões, não existe participação. Do ponto de vista
moral e ético, o indivíduo tem uma escala de valores e sempre escalona,
tomando decisões com base nessa hierarquia. Por isso, uma neutralidade
política seria impossível de ser alcançada. Considerando que o docente
é, também, um indivíduo com uma trajetória própria, é difícil esperar
neutralidade e isenção.
No prefácio do livro "Pedagogia do oprimido" (Editora Paz e Terra,
2002), de Paulo Freire, o professor gaúcho Ernani Maria Fiori
(1914-1985) diz que o diálogo fomenta a essencial intersubjetividade
humana, uma vez que é relacional e que, nele, ninguém tem iniciativa
absoluta. Seu oposto, o monólogo, seria, então, o fechamento da
consciência. Proibir o debate e o diálogo em sala de aula provoca,
portanto, esse isolamento, dando lugar a razões absolutas. Cabe ao
professor oferecer condições intelectivas de reflexão progressivamente
autônomas, possibilitando que o aluno ganhe independência e maturidade
intelectual para pensar por conta própria.
Apesar de reconhecer a participação da família na criação de um
indivíduo comprometido com a cidadania, a professora de Filosofia da
Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Dulce Critelli
explica que as responsabilidades são diferentes. "Enquanto a família
implica um pequeno número de pessoas, a escola abriga um número imenso
de crianças vindas de famílias com credos, situações econômicas,
informações, valores diversos e diferentes", observa. Mais do que a
família, a escola precisa se vigiar nas posturas e nos ensinamentos, uma
vez que tem de ser o lugar da pluralidade e da diversidade, e não de
posturas dogmáticas e ideológicas. Nesse contexto, o professor deve
expressar suas opiniões, mas precisa tomar cuidado para que não sejam
apresentadas como verdades incontestáveis, e sim como mais uma opinião
entre outras. A escola, portanto, não pode agir de forma extremista,
separatista ou acusatória, abrindo-se à diversidade, de modo a acolher,
refletir e estabelecer acordos a partir das diferenças.
Educação para o convívio
A educação é, em suma, responsável pela aquisição de tudo aquilo
que o ser humano não tem ao nascer e de tudo que precisa para ser
adulto. Isso quem diz é o filósofo e escritor suíço Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778), que acreditava que o indivíduo nasce fraco,
desprovido de tudo e necessitado de assistência. Cabe ao processo
educacional, portanto, rechear de conhecimento e de valores aquele
cidadão e ajudá-lo a construir bases para a vida adulta.
Em seu livro, Souza define o conceito de ética mínima como "o
limite por baixo do qual só estaremos se ferirmos o ideal de dignidade
humana, do ser humano como absolutamente valioso e como fim
incondicionado". O ideal, para o professor, seria educar o cidadão a fim
de que ocorra uma valorização das diferenças. A ética mínima seria,
portanto, o ponto de partida, abaixo do qual o indivíduo não quer estar.
"É o mínimo que devemos exigir para a convivência social. Quando tenho
um caso de racismo, não estou só desrespeitando o outro como diferente,
estou ferindo um mínimo ético", explica. Desta forma, a tolerância, como
objetivo final, é pouco: não deve ser um ponto de chegada, nem um
horizonte.
O professor da Universidade de Minho, em Portugal, Licínio Lima
também vê a tolerância como um fim insuficiente. Com o acirramento de
ideias e ideologias cada vez mais forte, a tendência é a segregação, a
separação entre aqueles que se consideram diferentes. No âmbito escolar,
isso se reflete na retirada de alunos, pelas classes mais altas, das
escolas públicas, fazendo com que estas sejam renegadas ao isolamento e
ao empobrecimento. "É mais difícil educar para a diversidade em uma
organização que é muito mais homogênea que a sociedade, por efeito de
seleção social à entrada. O problema central não é o da promoção de
tolerância e do pluralismo, mas, especialmente, o da falta de
convivência entre diferentes que não se encontram, sequer, na mesma
instituição educativa", pondera o doutor em Educação. O ideal de uma
escola pública democrática é, portanto, uma escola interclassista, que
inclua todos e sirva a todos com elevada qualidade.
A prática, ou seja, a exposição de alunos a experiências
democráticas, é a única maneira de ensinar e de aprender democracia. Por
meio de um sistema de valores e regras, construído com os alunos, e não
apenas para eles, a convivência escolar se torna uma contribuição
importante à autonomia democrática e à compreensão do que é uma
cidadania ativa e responsável.
Política nacional pode estabelecer padrão de ensino
CADERNO DIA DA INDÚSTRIA 2009
LINHA DE MONTAGEM E PRODUTOS DA EMPRESA
MERCUR DE SANTA CRUZ DO SUL.
/FREDY VIEIRA/JC
Para solucionar esse vácuo, os especialistas propõem a
instauração de uma política de âmbito nacional, que defina um projeto a
ser aplicado no Brasil. No entanto, as diferenças e especificidades
regionais devem ser contempladas. Afinal, como dizia Paulo Freire
(1921-1997), se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela,
tampouco a sociedade muda.
Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002),
diretrizes curriculares com parâmetros nacionais vinham se aprofundando
no tema da diversidade. Existia, dentro do Ministério da Educação, a
Secretaria Especial de Alfabetização e Diversidade, ligada à diversidade
e à inclusão, descontinuada recentemente. Eram produzidas orientações
nacionais, como educação de quilombolas e indígenas, com participação de
pesquisadores renomados responsáveis pela produção de material
didático. Houve casos como a aprovação da Lei nº 10.639/2003, que
tornava obrigatório o ensino de História e Literatura Africana.
Para o professor Marcelo Andrade de Souza, é real a necessidade da
criação de um projeto nacional que respeite a liberdade das escolas em
adaptarem essas temáticas. "Avançamos na temática negra, pois havia
maior consenso de que era preciso valorizar as reivindicações e a
história negra. A temática de gênero e de sexualidade avançou menos, e o
projeto Escola Sem Homofobia não foi adiante", lamenta.
Esse projeto, criado em 2004 pelo governo federal, tinha intenção
de combater a violência e o preconceito contra a população LGBT. Parte
da proposta continha uma atualização na formação de educadores, que
estariam aptos a tratar questões relacionadas ao gênero e à sexualidade
em sala de aula. A pressão de setores conservadores da sociedade causou a
retirada de circulação, em 2011, do material da campanha, que ficou
conhecido pejorativamente como "kit gay". O governo tratou de suspender a
iniciativa, desperdiçando o cerca de R$ 1,9 milhão investido na
elaboração dos materiais. "Perdemos uma batalha, mas precisamos
continuar a guerra por uma sociedade que valorize as diferenças",
acrescenta Souza.
Salvo exceções, o sistema educacional brasileiro não possui
projetos ou iniciativas com força suficiente para que o cenário de
alienação cidadã possa sofrer alguma alteração no ambiente escolar. "É
fundamental que a escola se preocupe com esse tipo de exacerbação dos
conflitos. O mais complicado é fazer com que o aluno pense por conta
própria", reflete o professor Clóvis de Barros Filho, da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Ele acredita que, sem
a implementação de uma nova política pedagógica, voltada para a
pluralidade e para o respeito das diversidades, a educação se afasta da
formação de cidadãos lúcidos, preparados para o debate e para a
aceitação de ideias divergentes às suas.
A utopia da sociedade plural
O cenário de radicalismo social está posto e apresentado a todos.
Não é preciso ser um pesquisador ou estudioso para percebê-lo e, mais do
que isso, notar o quanto ele é perigoso. A história já mostrou até onde
um indivíduo e uma sociedade intolerantes podem chegar. Seja por uma
iniciativa individual, seja levado pela massa ou motivado por crenças
religiosas, o extremismo é o sintoma mais grave de uma sociedade doente.
A cura não é simples. Ela sequer é certa e definitiva. O tratamento
é longo, e os remédios são muitos, sendo a educação, possivelmente, o
mais eficiente de todos. O paciente não irá sair da UTI e ir para casa
em um estalar de dedos. É preciso ter paciência e perseverança. Recaídas
podem ocorrer. Mas é preciso seguir. Desistir não pode ser um verbo
conjugado nesse processo. Interesses terão de ser enfrentados; poderes,
questionados. O caminho para uma sociedade plural, respeitadora e
fomentadora das diferenças é longo e tortuoso.
O escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) contou uma história
que sintetiza perfeitamente a necessidade de avançar, a despeito de
todas as dificuldades. Participando de uma palestra a estudantes na
Colômbia junto com o diretor de cinema argentino Fernando Birri, lhes
foi perguntado para que servia a utopia. A resposta poética de Birri foi
a seguinte: "a utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que não a
alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se afasta dez passos. Quanto
mais eu buscá-la, menos eu a encontrarei, pois ela vai se afastando na
medida em que me aproximo. Então para que serve a utopia? Pois ela serve
para isso, para nos fazer caminhar".
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Reportagem:Juliano Tatsch e Susy Scarton
Arte: Thiago Machado.
Edição: Daniel Sanes, Juliano Tatsch e Paula Sória Quedi
Edição Para Internet: Paulo Serpa Antunes.
Fonte:
http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/08/cadernos/jornal_da_lei/578423-a-educacao-como-caminho-para-a-tolerancia.html
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