Há coisas inacreditáveis que são mesmo verdade
e outras que parecem
certas mas que não resistem
a uma análise crítica. Costumava dizer em
tom
de brincadeira que a ciência nos vai permitir
viver para sempre
quando estivermos
todos mortos.
Ao contrário do que o seu nome poderia indicar, o trabalho de George
Church (“igreja”) pode ser considerado algo iconoclasta. O investigador
da Faculdade de Medicina de Harvard acredita que dentro de cinco a seis
anos poderemos conseguir reverter o processo de envelhecimento em seres
humanos. Muitos antes dele o prometeram, mas todos envelheceram e
acabaram por morrer. Mas desta vez talvez seja diferente. Church não é
um autoproclamado génio solitário, há boas razões para que a sua
previsão seja levada a sério. Os progressos da engenharia genética nas
últimas décadas parecem quase ficção científica. E o título do recente
livro de Sílvia Curado, investigadora portuguesa na Universidade de Nova
Iorque (EUA), indicia isso mesmo: Engenharia Genética: O Futuro já Começou (Glaciar, 2017).
As nossas ideias acerca do envelhecimento têm vindo a mudar. Antes pensava-se que o envelhecimento resultava de uma vitória da entropia nas células, que a confusão se impunha lentamente à ordem através da acumulação de estragos e mutações genéticas ao longo da vida. Nessa perspectiva o envelhecimento é irreversível, tal como uma vela que arde não pode ser reconstituída. Afinal, parece que não é bem assim. Há hoje provas de que o envelhecimento é, pelo menos em parte, um processo programado, bastante controlado e regulado geneticamente. Para Sílvia Curado “torna-se cada vez mais claro que os genes não determinam somente a cor dos nossos olhos, do nosso cabelo, a nossa estatura, como determinam também a forma como envelhecemos”.
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