Literatura:
O autor de "Os Monstros",
publicado recentemente no Brasil,
gosta de escrever no sofá, de pernas para cima.
AP
O escritor americano Dave Eggers:
"Preciso de cerca de oito horas de protelação
para chegar a uma hora em que escrevo de fato"
O primeiro e mais célebre livro de Dave Eggers, "Uma Comovente Obra de Espantoso Talento" (Rocco, 2003, esgotado), lançado em 2000, é um relato biográfico emocionalmente carregado sobre a luta do autor para criar o irmão mais novo depois da morte dos pais. Ele foi indicado para o Prêmio Pulitzer. Outra obra de não ficção, "Zeitoun" (2009), acompanha um americano de origem síria que decide enfrentar o furacão Katrina em sua casa em Nova Orleans. Na área de ficção, ele estreou com o romance "You Shall Know Our Velocity", em 2002.
Nascido em Boston em 1970, Eggers é fundador da editora independente McSweeney's. Casado com a escritora Vendela Vida, vive em San Francisco com ela e os dois filhos. O mais novo romance de Dave Eggers é "Os Monstros" (Companhia das Letras, 264 págs., R$ 39,50)
Quem é o seu leitor ideal?Dave Eggers: Gosto que eles sejam elegantes e com boa postura. Talvez usando uma echarpe. Um monóculo dá um belo toque.
Quais livros estão no momento em seu criado-mudo?
Eggers: Não tenho criado-mudo. O livro que deixo cair no chão à noite é "O Fio da Navalha", de W. Somerset Maugham.
Segue uma rotina para escrever?
Eggers: Preciso de cerca de oito horas de protelação para chegar a uma hora em que escrevo de fato. Portanto, mais do que qualquer coisa, em vez de uma rotina, preciso de muito tempo.
Que petiscos o mantêm ativo enquanto escreve?
Eggers: Amêndoas e alcaçuz.
Onde o senhor escreve melhor?
Eggers: Em meu escritório no quintal, em um sofá, com os pés para cima e o laptop queimando minhas coxas.
Qual é a coisa mais estranha que o senhor já fez ao pesquisar para um livro?
Eggers: Para "Zeitoun", precisei ver de dentro a prisão onde Abdulrahman Zeitoun era mantido. Então eu fingi ser um professor de presídios para conseguir entrar. Senti-me mal por mentir, mas foi a única maneira de entrar.
Quando o senhor se sente mais livre?
Eggers: Quando nado no mar.
Qual foi o melhor conselho que seus pais lhe deram?
Eggers: Na escola secundária, sempre que meu pai conhecia alguém com quem eu estava saindo dizia: "Não estrague tudo". Ele não acreditava que alguém quisesse sair comigo. Acho que essas palavras são úteis em qualquer situação.
Que livro gostaria de ter escrito?
Eggers: "Herzog", de Saul Bellow.
Lembra-se do primeiro romance que leu?
Eggers: O primeiro que li por conta própria provavelmente foi "Duna", a obra de ficção científica de Frank Herbert. Aquilo mexeu com minha cabeça
________________________Reportagem: Por Anna Metcalfe, do Financial Times
Fonte: Valor Econômico online, 27/08/2010
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