sábado, 28 de agosto de 2010

Schopenhauer, o filósofo do pessimismo


Schopenhauer:
o mundo é feito somente de vontades insatisfeitas e dor.
O prazer nada mais é que a ausência de dor.
A única saída é a renúncia ao desejo

Completam-se em 21 de setembro 150 anos da morte de Arthur Schopenhauer, nascido em 1788 em Danzig, Prússia. O "filósofo do pessimismo", assim chamado por causa de traços de sua personalidade e o sentido que escolheu dar às suas reflexões e escritos, não tinha amigos, nunca se casou e passou boa parte da vida em desavenças com a mãe, Johanna, mulher de predicados intelectuais que se tornaria conhecida por suas novelas, ensaios e relatos de viagens.

Seu pai, Heinrich Floris Schopenhauer, pretendia que Arthur fizesse carreira nos negócios, como ele próprio, o que o levou a frequentar a escola de comércio de Hamburgo. Morto o pai, em 1805, Arthur sente-se à vontade para experimentar novas possibilidades de realização pessoal. Prepara-se para a vida acadêmica.

Em 1809, matricula-se na escola de medicina da Universidade de Göttingen, onde se torna assíduo principalmente nas aulas de ciências naturais. Ainda antes de completar um ano no curso, porém, transfere-se para a área de humanidades. O período de 1811 a 1813, agora na Universidade de Berlim, antecede, no fim deste último ano, o doutoramento em filosofia na Universidade de Jena.

No pensamento de Schopenhauer, o si-mesmo se apresenta sob dois aspectos: como objeto de percepção e como manifestação de vontade. Esta exerce influência velada e deformadora do caráter. Intelecto e consciência, em Schopenhauer, afloram como instrumentos a serviço da vontade e o conflito entre vontades individuais é a causa de contínuo atrito e frustração. O mundo, então, é feito de vontades insatisfeitas e dor. O prazer é, simplesmente, a ausência de dor. A única saída é a renúncia ao desejo (uma associação com a negação da vontade no budismo). Alívio temporário, no entanto, pode ser encontrado na filosofia e na arte.

Essas ideias são desenvolvidas em sua obra mais conhecida, "Die Welt als Wille und Vorstellung" (O mundo como vontade e representação), publicada em 1819, à qual se dedicou quase exclusivamente por três anos e que se tornaria fundamental no campo da filosofia moral. A ideia principal, condensada no título, é desenvolvida em quatro livros, constituídos de séries de reflexões que incluem sucessivamente a teoria do conhecimento e a filosofia da natureza, da estética e da ética.

Em "Die Welt...", Schopenhauer diz que o mundo é "minha representação". É compreensível somente com a ajuda de constructos do intelecto - espaço, tempo e causalidade. Mas esses constructos mostram o mundo somente como aparência.

O livro assinala o ápice do pensamento de Schopenhauer. Nos anos seguintes à publicação, em 1819, nada muda em sua filosofia. Ele faz apenas reelaborações, para esclarecimento e reafirmação.

Morreu recluso, em Frankfurt, em companhia de seus cães.
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Reportagem de Cyro Andrade, de São PauloFontes: The Stanford Encyclopedia of Philosophy e BBC Radio 4


Valor Econômico online, 27/08/2010

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