Livros
Aos 78 anos, paciente de Agronin é faixa preta em jiu-jitsu (Fonte: Rex Features)
Psicólogo geriatra Marc Agronin conta porque
devemos encarar a velhice de braços abertos
As estatísticas sobre o número de pessoas que irão viver até os cem anos são assustadoras. E tornam-se ainda mais quando analisados os números sobre a probabilidade do surgimento de Alzheimer ao longo deste caminho. A terceira idade vinculou-se à demência e à doença, algo a ser suportado e temido, ou até mesmo revertido.
Entretanto, para o psicólogo geriatra Marc Agronin, autor de “How We Age: A Doctor’s Journey into the Heart of Growing Old” (Como envelhecer: A jornada de um médico rumo ao coração do envelhecimento), existe algo além do sofrimento: as próprias pessoas. Ele conhece pessoalmente, e a cada dia mais perto, todas as estatísticas sombrias da terceira idade e não nega serem assustadoras. Conhece a fundo as “pragas da idade”, pois estudou fatias de cérebros idosos. Ainda assim, amparado pela ciência, ele tem uma visão otimista.
Agronin não rejeita a velhice, ao contrário, a encara de braços abertos. Ele a vê como algo intrínseco à vida, com suas próprias formas, significados e uma sabedoria particular. O psicólogo chega a comparar a vida a um córrego que, eventualmente, escoa invisível na rocha e abre como uma flor em um aquífero logo abaixo.
Para ele, cérebros mais velhos são capazes de realizar novas conexões nervosas, conforme algumas pesquisas científicas já haviam identificado. Os resultados mostraram picos de felicidade aos 85 anos, fato que ele mesmo testemunhou em seus pacientes. Muitos dos idosos que o visitam são veteranos de guerra e sobreviventes do Holocausto.
O livro de Agronin é cheio de histórias sobre pacientes, professores, família e até mesmo sua própria vida. Agronin conta, por exemplo, como um paciente tomado pela doença de Alzheimer milagrosamente se renova e reconstrói quando o cisto é removido do cérebro. Ou ainda a história de uma mulher senil, sem palavras, que canta toda vez que ouve a música do seu casamento. E ainda, uma jovem senhora, de 78 anos, que de dia é uma comportada moça e à noite, faixa preto em ju-jitsu.
"...cérebros mais velhos são capazes
de realizar novas conexões nervosas,
conforme algumas pesquisas científicas
já haviam identificado"
Histórias difíceis de serem interpretadas, exatamente pela narrativa sombria que se esconde nas entrelinhas. Entretanto, não se pode classificar como equivocado o otimismo e a esperança de Agronin. Sua visão é como um artigo de fé, extraído de histórias do século XX. O milagre da sobrevivência reforça, nos idosos que compartilharam suas histórias com Agronin, a importância de imputar sentido à vida e nunca perder o encanto diante dela.
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Fontes: Economist - Something to embrace
http://opiniaoenoticia.com.br 08/03/2011
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