Células solares para o revestimento de edifícios sustentáveis e
bio-sensores que monitorizam a presença de toxinas na água são
desenvolvidos no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, em
Braga. São dispositivos medidos ao milímetro, feitos numa sala limpa de
ambiente espacial
De regresso à sala de aspecto ficcional, com um permanente ruído de
fundo a lembrar o que se ouve na cabina de um avião em pleno voo.
Investigadores e funcionários de manutenção cruzam-se no corredor
principal de acesso, com o tecto e o chão perfurados para facilitar a
circulação do ar, de fato branco vestido e máscara na cara. Não é fácil
identificarem-se, mas cumprimentam-se sempre em inglês — a língua
oficial de trabalho do INL. Pedro Salomé, doutorado em Física Aplicada
pela Universidade de Aveiro, chega a entrar e a sair da sala limpa “umas
30 vezes por dia”. Descrever os equipamentos, alguns do tamanho de
automóveis e até de autocarros, a quem de laboratórios com tecnologia de
ponta pouco ou nada sabe — a não ser o que os filmes sobre catástrofes
químicas vão revelando — é um desafio para os cientistas. As analogias
tornam-se indispensáveis.
Só mais uma, para terminar a visita
guiada à sala permanentemente a 20.3 graus celsius, na passagem pela
área cinzenta, mais técnica: “Se estivéssemos num teatro, esta seria a
parte por detrás do palco.” Aqui, as regras de higiene são um pouco
menos apertadas, culpa dos equipamentos de dimensão considerável e ruído
mais elevado. Uma das aplicações destas máquinas é o desenvolvimento de
sensores de campo magnético. “Quando bate, o coração cria um pequeno
campo magnético”, explica. “Novos sensores estão a tentar fazer uma
monitorização contínua desse campo magnético” — e sem ser necessário
“perfurar ou fazer uma micro-cirurgia de instalação do próprio sensor”,
algo que pode ser útil, por exemplo, em unidades médicas de queimados.
“No protótipo criado, temos uma cama onde o dispositivo é instalado e
onde a pessoa se deita, de peito para baixo, para que o dispositivo faça
a medição.” Tudo numa escala inferior a um milímetro quadrado.
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Fonte: https://www.publico.pt/2017/09/21/ciencia/noticia/nanotecnologia-para-uma-sociedade-mais-segura-1786077
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