Osvino Toillier*
Nosso tempo é
pródigo em sentimentos que vão na contramão de tudo que a pós-modernidade
prometia: felicidade, realização plena dos sonhos, capacidade de solução dos
problemas, enfim, superação dos limites e de tudo que nos confina como seres
humanos em nossos feudos. Somos poderosamente globais!
Na verdade, porém,
estamos sujeitos a um vazio existencial sem precedentes, a realidade de pessoas
que perderam o centro e não sabem a partir de que viver. Erich Fromm,
psicanalista, psicólogo e sociólogo alemão, constata, que “o homem não se sente
a si mesmo como portador ativo de suas próprias capacidades e riquezas, mas
como uma coisa empobrecida que depende de poderes exteriores a ele”. Ainda
segundo o autor, “a sociedade capitalista converteu-se num fim em si mesmo”.
A ele juntou-se
nesta leitura pessimista da nossa realidade o também filósofo Carl Gustav Jung,
que ousou definir a neurose como “o sofrimento que não encontrou o seu sentido”.
E onde falta sentido, segundo José Antonio Pagola, “impera a desintegração e fragmentação
da pessoa, o consumo despersonalizado, corrida às drogas, tendência psíquica e
a deterioração corporal”.
E como decorrência do
quadro de vazio existencial, surge a busca incessante pelo consumismo,
transformado no sentido mais importante da vida, mas cuja posse não preenche o
vazio interior. E aí vamos novamente invocar Erich Fromm: “O mundo é um grande
objeto para nosso apetite: uma grande maçã, uma grande garrafa, um grande
peito; nós somos os lactantes, os eternamente expectantes, os esperançados e os
eternamente desiludidos.”
O resultado de tudo isso é a solidão e a ausência de sentido de vida,
que precisam ser compensados pelo sentimento de amar e sentir-se amado. Este é
o grande desafio com que precisamos nos preocupar.
*Mestre em Educação e vice-presidente do
Sinepe/RS
Fonte: Jornal do Damista, impresso. Poa/RS- 31/08/2017 p.2
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