segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Antes de mais nada, conhece a ti mesmo

Alexandra Sousa*


Especialista em pessoas defende que o autoconhecimento é a chave para a evolução pessoal
e para a melhor tomada de decisão

O livro O Sucesso está no Equilíbrio, do headhunter Robert Wong, já está na 14ª edição. “Equilíbrio” é realmente palavra frequente nos artigos e palestras do autor, assim como “autoconhecimento” e “autoconfiança”. São termos que se aplicam a indivíduos que, como a origem da palavra indica, são aqueles que não se dividem. Portanto, aplicam-se simultaneamente aos estudos, à mesa de negociações e ao domingo no clube, porque remetem ao “ser” e não ao “estar”.

“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo”, é a citação do escritor alemão Hermann Hesse que vemos no site da Robert Wong Consultoria Executiva, escolhida empresa revelação de 2009 pela revista Gestão & RH. A frase se encaixa perfeitamente na mensagem de Wong sobre a importância do autoconhecimento. Há algo na essência de cada um de nós que deve ser por nós mesmos desvelado, para que sejamos plenos.

Nesse sentido, Wong sabe bem sobre os limites de sua ação. Ele alerta, teoriza, usa metáforas, faz as perguntas certas, mostra os equívocos do caminho mais fácil. Mas a viagem para dentro de cada um de nós é solitária. Hesse prossegue: “Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo”. Assim também podemos entender a missão de Wong: dar uma ajudazinha para que iniciemos nossa viagem –ou persistamos nela, caso já tenhamos começado.

É conhecendo a nós mesmos que ampliamos nossa autoconfiança. Aliada ao autoconhecimento, ela traz a liberdade, “o sentimento mais nobre do ser humano”, de acordo com o que Wong disse à audiência do Instituto C.R.I.A. (Cidadão Responsável Informado Atuante). Ele se referia ao afrouxar de amarras internas que a ignorância impõe e ao poder que ganhamos com a luz: “Quando somos livres, o universo conspira ao nosso favor”.

“O autoconhecimento é o traço comum entre todas as pessoas que atingiram o verdadeiro sucesso, entre as quais podemos citar Lao Tsé, Sócrates, Leonardo Da Vinci, Antonio Ermírio de Moraes e Ayrton Senna”, exemplificou o palestrante em sua coluna no portal HSM Online.

Para que nos conheçamos de fato, precisamos fazer bom uso da inteligência intrapessoal, aquela que nos permite formar um conceito acurado sobre nossas possibilidades e limitações, nossos sentimentos e desejos, de modo que sejam recursos para o alcance de objetivos que nós estabelecemos coerentemente, isto é, com base na própria inteligência intrapessoal. O conceito de inteligências múltiplas (uma das quais é a intrapessoal) foi trazido à luz por Howard Gardner, psicólogo docente do departamento de educação de Harvard.

O simples fato de a teoria prever vários tipos de inteligência (a lógica, a visual, a corporal etc) nos leva à ideia de que existem várias maneiras de perceber e avaliar o mundo. As inteligências têm origem, segundo Gardner, na psique e na biologia humana. Há mais do que cérebro nesse assunto. Wong não pensa de maneira diferente quando nos alerta para não confiar somente nos cinco sentidos ao tomarmos decisões.

A decisão ideal –e raríssima– é aquela tomada quando conseguimos colocar em conexão corpo, mente e alma. “Este é o estado de graça a que chamamos enlightment, ou iluminação”, explica. Quando conseguimos ao menos conectar alma e mente, atingimos a criatividade. Quando alma e corpo estão ligados, é a sensitividade: vemos coisas que escapam aos sentidos. Entre outros aspectos, Wong refere-se à importância da tão desprezada intuição. “Mas só fazemos as perguntas para o corpo e para a mente, não para a alma, que é um sábio ancião em nós.” É ouvindo a alma que buscamos nossa vocação e podemos ter certeza de estar no lugar certo.

Um mundo melhor

A empresa será o lugar certo, provavelmente quando corresponder à definição que o consultor oferece: “Empresa é uma sociedade em que cada indivíduo descobrirá seu verdadeiro potencial e, consciente de suas responsabilidades, utilizará seus dons e talentos para evoluir e assim criar um mundo melhor.”

Um mundo melhor? Esse parece ser chavão de folheto de ação de responsabilidade socioambiental. Será apenas um clichê mesmo, quando a mudança de atitude não vier dessa sede por evolução que tem origem na essência dos indivíduos.

HSM Online apresentou a Wong o movimento identificado pela pesquisa CEO Challenge Top 10 Report nos Estados Unidos. Segundo o estudo, as preocupações com valores e ética estão em tendência de alta, enquanto a preocupação com a reputação corporativa ligada à responsabilidade social está em tendência de baixa. O consultor disse que nota movimento semelhante no Brasil, diante da maior conscientização de que a vida neste planeta, tal como a conhecemos, pode tornar-se inviável, caso não haja mudanças efetivas.

No entanto, ele acredita que ainda é tímida a aplicação do pensamento de Michael Porter, que coloca a responsabilidade socioambiental no centro da estratégia corporativa, menos sujeita, por exemplo, aos rankings e à ação de marketing. Para Wong, ainda prevalece a lei do mais forte, mas, conforme as pessoas adquiram mais cultura e educação, veremos aumentar a força da cidadania. Afinal, na vida corporativa como na natureza, a tendência é o retorno ao equilíbrio.

Referências

WONG, R. “Como usar a inteligência para vencer a copa... da sua vida”. HSM Online, 1 jun. 2010. Acesso em 19 jul. 2010.
WONG, R. Palestra proferida no Instituto C.R.I.A. Arquivo em áudio disponível online. Acesso em 18 jul. 2010.
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* Por Alexandra Sousa, administradora de empresas e diretora da Palavra-Mestra
Fonte:HSM Online - 16/08/2010

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