quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fidel Castro - autobiografia

América Latina

O jornal cubano Granma divulgou, nesta segunda-feira (09),
o esboço autobiográfico com que o líder da revolução e
ex-presidente da ilha, Fidel Castro, iniciou o seu novo livro "A vitória estratégica".
 A publicação foi lançada em 2 de agosto,
na presença de vários de seus companheiros guerrilheiros.
O Vermelho reproduz abaixo.

Autobiografia de Fidel

Desde que colei grau de bacharel, já tinha, apesar de minha origem, uma concepção marxista-leninista de nossa sociedade e uma profunda convicção da justiça

Por Fidel Castro

Introdução

Duvidava do título que poria a esta narração. Não sabia se intitulá-la "A última ofensiva de Batista" ou "Como 300 derrotaram 10 mil", que parece um conto das "Mil e uma noites". Por isso, tenho a obrigação de incluir um esboço autobiográfico da primeira quadra de minha vida, sem o qual não se compreenderia bem seu sentido. Não desejava esperar que, um dia, fossem publicadas as respostas a inúmeras perguntas que me fizessem sobre minha infância, mocidade e juventude, fases que me converteram em revolucionário e combatente armado.
Nasci em 13 de agosto de 1926. O ataque ao quartel Moncada de Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953, ocorreu três anos depois de minha formatura na Universidade de Havana. Foi o nosso primeiro combate militar com o exército de Cuba, a serviço da tirania do general Fulgêncio Batista.
A instituição armada em Cuba, criada pelos Estados Unidos depois de sua intervenção na ilha durante a segunda guerra de independência, iniciada por José Martí em 1895, era um instrumento das empresas norte-americanas, e da alta burguesia cubana.
A grande crise desatada nos Estados Unidos, nos primeiros anos da década de 1930, significou grandes sacrifícios para o nosso país que, com acordos comerciais impostos por aquela potência, o tornaram completamente dependente dos produtos de sua indústria e agricultura desenvolvidas. O poder aquisitivo do açúcar se tinha reduzido quase ao zero. Não éramos independentes nem tínhamos direito ao desenvolvimento. Dificilmente, nalgum país da América Latina havia condições piores.
À medida que o poder do império crescia, a ponto de se converter na mais poderosa potência mundial, a tarefa de fazer uma Revolução em Cuba se tornava mais difícil. Poucos homens foram capazes de sonhar com ela, mas a ninguém se pode atribuir méritos individuais de uma proeza que foi uma combinação de ideias, fatos e sacrifícios de muitas pessoas ao longo de muitos anos, em muitos cantos do mundo.
Com esses elementos, conseguiu-se alcançar a independência plena de Cuba, e uma revolução social que já resistiu com honra a mais de 50 anos de agressões e ao bloqueio dos Estados Unidos.
No meu caso, sem dúvida, por puro acaso, nesta altura de minha vida, posso dar testemunho acerca de fatos que, se têm algum valor para as novas gerações, é devido ao esforço de pesquisadores rigorosos e sérios, cujo trabalho durante dezenas de anos conseguiu compilar dados que me ajudaram a reconstruir boa parte do conteúdo deste livro, o qual decidi intitular "A vitória estratégica".
As circunstâncias que me levaram a tais ações bélicas estão bem gravadas em minha memória. É agradável para mim lembrá-las, porque de outra maneira não me explicaria por que cheguei às convicções que, afinal de contas, determinaram o curso de minha existência.
Não nasci sendo político, mas desde que era uma criancinha assisti a fatos que, gravados em minha memória, me ajudaram a compreender as realidades do mundo.
Em Birán, minha terra natal, só dois estabelecimentos não pertenciam a minha família: o telégrafo e a escolinha pública. Ali me sentava, na primeira fileira, porque nessa época não havia, nem podia haver, algo similar a uma creche. Inevitavelmente, aprendi a ler e a escrever.
Em 1933, quando ainda não tinha feito sete anos, a mestra, que nem sequer recebia o ordenado que o governo lhe devia, levou-me, a pretexto da hipotética inteligência do menino, para Santiago de Cuba, onde morava a família dela numa casa pobre e quase sem mobília e que, quando chovia, vertia a água por toda parte. Nem sequer fui enviado, naquela cidade, para uma escola pública como a de Birán.
Depois de muitos meses sem receber aulas - a não ser escutar num velho piano a prática de solfejo por parte da irmã da mestra, professora de música que estava desempregada -, aprendi a adicionar, subtrair, multiplicar e dividir, graças às tábuas impressas no forro vermelho de um caderno que me entregaram para praticar a caligrafia, e que ninguém ditou nem reviu nunca.
Na velha casa onde inicialmente me abrigaram, sete pessoas, entre as quais, a irmã, o pai da mestra, e eu, comiam de uma ração que levavam uma vez cada dia. Conheci a fome acreditando que era apetite, com a ponta de um dos dentes do pequeno garfo apanhava o último grãozinho de arroz e, com fio de costurar, consertava meus sapatos.
Em frente da modesta casa de madeira onde morávamos, estava o Instituto do Bacharelado, que permanecia ocupado pelo exército. Presenciei como soldados davam golpes com as culatras de seus fuzis em outras pessoas. Posso mesmo escrever um livro com aquelas recordações. Foi a essa instituição aonde me levou aquela mestra humilde, numa sociedade onde reinava absolutamente o dinheiro.
Minha família havia sido enganada e eu nem sequer conseguia reparar naquela situação; o engano fez com que eu perdesse tempo, mas aprendi muito dos fatores que a ocasionaram. Depois de vários episódios, já com oito anos, fui matriculado, em janeiro de 1935, na primeira série de uma escola dos Irmãos La Salle, muito perto da primeira catedral que os conquistadores espanhóis ergueram em Cuba. Uma nova e rica aprendizagem iria começar.
Comecei naquela escola como aluno externo, morava numa casa nova, muito próxima da acima mencionada, para onde se mudou a professora de música, irmã da mestra de Birán. Dois irmãos meus, Angelita e Ramón, e eu morávamos com aquela família, e era paga uma pensão por cada um de nós. O pai delas havia morrido no ano anterior.
Já não tinha fome, mas fui obrigado por um tempo a repassar incansavelmente as operações matemáticas. Ainda assim, eu estava farto daquela casa e, pela primeira vez em minha vida, me revoltei de maneira consciente.
Recusei-me a comer alguns vegetais insossos que, às vezes, me impunham e transgredi todas as normas de educação formal, sagradas naquela casa de família de esmerada cultura francesa, adquirida na própria cidade de Santiago de Cuba.
O cônsul do Haiti tinha se casado com alguém da família. Mas minha atitude de revoltado tornou-se tão insuportável que fui mandado como aluno interno para a escola. Fui ameaçado mais de uma vez com isso, para me imporem disciplina. Não sabiam que isso era exatamente o que eu queria. Aquilo que era duro para outras crianças, para mim significava a liberdade. Nem sequer me levaram uma vez só ao cinema! Ia desfrutar das delícias de um aluno interno. Foi o primeiro prêmio que recebi em minha vida. Estava feliz.
A partir desse momento, eu teria outros problemas. Havia chegado a Santiago para estudar com dois anos adiantados e entrei na escola dos Irmãos La Salle com alguns deles atrasados. Estudei facilmente a primeira e segunda séries. Aquele centro era maravilhoso. Em regra, íamos a Birán três vezes por ano: Natal, Páscoa e férias de verão, onde Ramón e eu éramos completamente livres.
Na escola La Salle, fui passado da terceira série para a quinta como prêmio por minhas notas. Assim recuperei o tempo perdido. No primeiro trimestre, tudo foi bem: boas notas e ótimas relações com os colegas de aula. Recebia o boletim branco que davam cada semana aos alunos que mantinham uma conduta correta, com os problemas comuns de qualquer discípulo. Então, ocorreu um imprevisto com um dos membros da congregação, inspetor dos alunos internos.
A escola dispunha de um amplo espaço de terreno do outro lado da baía de Santiago, chamado Renté. Era um lugar de recolhimento e descanso da congregação. Os alunos internos eram ali levados nas quintas-feiras e aos domingos, dias em que não havia atividade escolar. Ali havia um excelente campo esportivo. Além disso, praticava esportes, nadava, pescava, explorava.
Perto da entrada da baía, podiam-se observar sinais da batalha naval de Santiago, em forma de grandes projéteis que enfeitavam a entrada das edificações. Um domingo, depois de voltar de lá, tive uma briga insignificante com outro aluno interno quando íamos na lancha El Cateto, de Renté para o cais de Santiago.
Mal chegamos à escola, terminamos de resolver o assunto; devido a isso, aquele autoritário irmão da ordem religiosa espancou-me na cara com as mãos abertas e com a força de seus braços. Era uma pessoa jovem e forte. Fiquei atordoado, sentindo as pancadas zoando nos meus ouvidos. Antes, chamou-me à parte, já quase à noite. Nem sequer me permitiu dar uma explicação. No longo corredor, por onde me levou, ninguém nos via.
Duas ou três semanas depois, humilhou-me novamente, desferindo um carolo em mim por falar na fileira. Nessa segunda ocasião, eu estava entre os primeiros que terminaram de tomar o café da manhã, porque os alunos sempre tentávamos ocupar o primeiro lugar nas fileiras para brincar com bolas de borracha por um breve tempo antes das aulas.
Um pão com manteiga que levava numa mão - outro costume dos alunos quando saíamos do refeitório - após comer às pressas os primeiros alimentos do dia, atirei-o contra o rosto do inspetor, e depois o investi com mãos e pés, de modo que, diante dos alunos internos e externos, desprestigiei sua autoridade e métodos abusivos. Foi um fato que foi lembrado nessa escola por muito tempo.
Nesse tempo, eu tinha onze anos e lembro-me muito bem de seus nomes. Contudo, não desejo mencioná-los. Em mais de 70 anos não soube dele. Não guardo rancor dele. Do aluno que motivou o incidente, muitos anos depois da vitória revolucionária, soube que manteve uma conduta impecável e séria.
No entanto, o fato teve consequências para mim. O incidente ocorrera semanas antes do Natal, em que teríamos duas semanas e meia de férias. Ele continuava sendo inspetor e eu, aluno. Os dois nos ignorávamos. Por elementar dignidade, minha conduta foi firme. Quando nossos pais foram nos buscar, evidentemente, chamados por eles, esconderam deles a verdade, meus dois irmãos e eu fomos acusados de péssimo comportamento.
"Seus três filhos são os maiores bandidos que passaram por esta escola", disseram ao meu pai. Soube disso porque contou contristado a outros agricultores amigos, que no fim de ano o visitavam. Raúl tinha apenas seis anos, Ramón sempre se caracterizou por sua bondade, e eu não era um bandido.
Custou-me muito ser reenviado a Santiago para estudar. Ramón e Raúl, que nada tinham a ver com aquele assunto, permaneceram em Birán o resto desse ano letivo. Em janeiro de 1938, ingressei como aluno externo no Colégio Dolores, regido pela Ordem dos Jesuítas, muito mais exigente e rigorosa em matéria de estudos, porém, de mais classe alta e rica que sua rival, os Irmãos La Salle.
Desta vez, fui morar na casa de um comerciante espanhol, amigo de meu pai. Ali, com certeza, não passei nenhum tipo de penúria, mas naquela casa, onde morei até terminar a quinta série, era um estranho.
No início do verão, Angelita, a irmã mais velha, veio também morar nessa casa com o propósito de fazer o exame de maturidade para entrar no bacharelado. Para as aulas, foi contratada uma professora negra que se guiava por um volumoso livro que continha a matéria a ministrar para o exame de maturidade.
Eu frequentava suas aulas. Era a melhor professora e, talvez, uma das melhores pessoas que conheci na minha vida. Ela teve a ideia de que eu estudasse também a matéria para esse exame e o primeiro ano do bacharelado, com o fim de me submeter ao exame de maturidade para entrar no bacharelado assim que tivesse a idade exigida, um ano depois.
Despertou em mim grande interesse pelo estudo. Essa seria a única razão pela qual estava disposto a suportar a casa do comerciante espanhol nessas férias, após terminar a quinta série como externo no Colégio de Dolores.
No final desse verão, fiquei doente e fui internado uns três meses no hospital da Colônia Espanhola de Santiago de Cuba. Não tive férias de verão nesse ano. Naquele hospital mutualista, por dois pesos mensais, equivalente a dois dólares, uma pessoa tinha direito aos serviços médicos.
Muito poucos, contudo, podiam fazer essa despesa. Extirparam meu apêndice e, dez dias depois, a sutura infeccionou. Tive que me esquecer dos planos de estudo concebidos pela professora. No final desse mesmo ano, 1938, meus irmãos e eu fomos novamente alunos internos no Colégio Dolores.
Na sexta série, com várias semanas de aulas perdidas, tive que me esforçar para me pôr em dia. Começou uma nova etapa. Aprofundava os conhecimentos de geografia, astronomia, aritmética, história, gramática e inglês.
Tive a ideia de encaminhar uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, que, com sua cadeira de rodas, seu tom de voz e seu rosto amável, despertava minhas simpatias. Grande surpresa, numa manhã, as autoridades da escola anunciaram o grande acontecimento: "Fidel troca correspondência com o presidente dos Estados Unidos".
Roosevelt respondeu minha carta. Foi isso que todos nós acreditávamos. O que chegou realmente foi uma comunicação da embaixada informando que a tinham recebido e agradecendo. Que grande homem, já tínhamos um amigo: o presidente dos Estados Unidos!
Apesar de tudo que aprendi depois, e talvez por isso, penso que Franklin Delano Roosevelt, que lutou contra a adversidade pessoal e adotou uma posição correta ante o fascismo, não era capaz de dar a ordem do assassinato de um adversário e, pelo que todo mundo sabe dele, é muito provável que não tivesse lançado as bombas atômicas contra duas cidades indefensas do Japão, nem desatado a Guerra Fria, duas burrices e dois fatos absolutamente desnecessários.
Naquele colégio da rança burguesia na maior e mais oriental província de Cuba, existia maior rigor acadêmico e disciplina que em La Salle. Eran jesuítas, quase todos de origem espanhola, consagrados como sacerdotes numa etapa avançada de sua formação, durante a qual deviam exercer como membros da Ordem nalguma encomenda ou responsabilidade. O prefeito da escola era o padre García, um homem reto, aliás, amável e acessível, que conversava com os alunos.
Minhas férias, desde a primeira série até o último ano do bacharelado, sempre foram em Birán, região onde predominavam as planícies, planaltos e elevações de até quase mil metros, florestas naturais, pinhais, correntezas e poças. Ali conheci de perto a natureza e estava livre do rigor que me impunham nas escolas e casas de famílias, onde me alojei em Santiago de Cuba ou na minha, em Birán, apesar de que sempre fui defendido por minha mãe e sob a tutela tolerante de meu pai, à medida que era estudante de mais de seis séries, e por isso, desfrutava de crescente prestígio na família.
Mas agora não é conveniente tocar nesse tema, apenas o necessário para que se compreenda o assunto que abordo neste livro.
Eu próprio tomei a decisão de me transladar do Colégio Dolores para o Colégio Belén, na capital cubana. Ali, ao contrário do que ocorreu no Colégio La Salle de Santiago de Cuba, o responsável mais direto dos alunos internos — mais de 100 — , o padre Llorente, não era uma pessoa autoritária e, longe de ser um inimigo, tornou-se um amigo.
Nascido na Espanha, como quase todos os jesuítas daquele colégio, ele estava na etapa prévia a sua investidura como sacerdote. Um irmão dele, mais velho que ele, exercia o sacerdócio entre os esquimós do Alasca, e sob o título: "No país dos eternos gelos", escrevia narrações sobre a vida, costumes e atividades daquele povo indígena norte-americano numa natureza virgem, enchendo-nos a todos nós, os alunos, de assombro.
Llorente havia sido médico na Guerra Civil Espanhola. Ele nos contou a dramática história dos prisioneiros fuzilados ao terminar aquela contenda. Sua missão, junto a outros, era atestar os que estavam mortos antes de enterrá-los. O padre Llorente não falava de política, e nunca o escutei opinar a respeito do assunto.
Era um jesuíta orgulhoso de sua ordem religiosa. Estimulava as atividades em que se punha à prova o espírito de sacrifício e o caráter dos alunos. Nós dois estivemos planejando uma caça de crocodilos no Pantanal de Zapata, onde havia milhares deles; e em 1945, nas últimas férias de verão, planejamos escalar o Pico Turquino. A embarcação que devia nos transportar de Santiago de Cuba a Ocujal não arrancou na noite toda e não tínhamos outro jeito de ir.
Tivemos que suspender o plano. Lembro-me que eu levava uma das espingardas automáticaas calibre 12 que peguei em minha casa. De quanto me serviu mais tarde aquela excursão quando me tornei combatente guerrilheiro, cujo reduto principal estava precisamente naquela região!
Quando terminei o bacharelado em letras, aos 18 anos, eu era esportista, montanhista, muito amante das armas — que aprendi a usar com as de meu pai — e bom estudante das matérias ministradas no colégio onde estudava.
Fui selecionado o melhor atleta da escola no ano em que terminei o bacharelado e chefe dos exploradores com a mais alta categoria ali outorgada. Minha mãe sentiu-se satisfeita com os aplausos da plateia naquela noite da cerimônia de formatura. Pela primeira vez em sua vida, confeccionou um vestido de baile para ir a uma cerimônia. Ela foi uma das pessoas que mais me ajudou no propósito de estudar.
No anuário da escola do ano letivo em que colei grau de bacharel, aparece uma foto minha com as palavras seguintes:
Fidel Castro (1942-1945). Distinguiu-se em todas as disciplinas relacionadas com as letras. Excelência e aglutinador, foi um verdadeiro atleta, e sempre defendeu com valor e orgulho a bandeira do colégio. Soube ganhar a admiração e o carinho de todos. Fará o curso de direito e não duvidamos que encherá de páginas brilhantes o livro de sua vida. Fidel tem talento e não faltará o artista.
Na verdade, devo dizer que eu era melhor em matemática que em gramática. Considerava-a mais lógica, mais exata. Estudei direito porque discutia muito e todos afirmavam que eu seria advogado. Não tive orientação profissional.
Realmente, as escolas de elite lançavam à rua ondas de bacharéis sem conhecimentos políticos elementares. De um tema fundamental como a história da humanidade, narravam-nos, em primeiro lugar, as consabidas aventuras bélicas de nossa espécie, desde a época dos persas até a Segunda Guerra Mundial, histórias que tanto cativavam os garotos.
O negócio da produção e venda de brinquedos de guerra é hoje quase tão enorme como o comércio de armas. A respeito do sistema social que conduz a tais loucuras e às próprias guerras não nos ensinaram uma palavra só.
Falavam sobre a história da Grécia e Roma, mas civilizações tão antigas como as da Índia e China, mal se mencionavam, a não ser para nos contarem as aventuras bélicas de Alexandre, o Grande, e as viagens de Marco Polo. Sem estes dois países, hoje, é impossível escrever a história. Nem sequer podíamos imaginar que nos falariam então das civilizações maia e aimara-quíchua, do colonialismo e do imperialismo.
Quando colei grau de bacharel em letras, apenas existia uma universidade, a de Havana, e nela iam parar os estudantes, sem conhecimentos políticos. Exceto alguns, quase todos os alunos procediam de famílias da pequena burguesia, que almejavam um melhor destino para seus filhos. Poucos pertenciam à classe alta e quase nenhum aos setores pobres da sociedade.
Muitos que procediam de famílias abastadas faziam estudos superiores nos Estados Unidos, e até o bacharelado. Não se tratava de culpabilidades individuais, era uma herança de classe. A adesão da imensa maioria dos estudantes universitários à Revolução em Cuba é uma prova do valor da educação e consciência no ser humano.
Talvez algumas das questões acima referidas contribuam para a compreensão dos acontecimentos posteriores.
Não frequentei a universidade desde o primeiro dia, pois me aborrecia as humilhantes práticas dos chamados trotes, que consistia em raspar à força a cabeça dos calouros. Pedi que me raspassem bem para ser identificado como calouro.
Após resolver o complexo problema do alojamento, fui para o estádio universitário com o objetivo de me incorporar aos esportes. Podíamos praticar basquetebol, beisebol, pista e campo, tudo que eu gostava.
Custou-me muito livrar-me do compromisso com o técnico de basquetebol de Belén. Fazia tempo, eu tinha acertado continuar sendo discípulo dele nesse esporte, mas ele era treinador de um clube aristocrático. Expliquei-lhe que não podia ser estudante da universidade e jogar noutro time contra ela. Não entendeu e cortei relações com ele. Comecei a treinar no time universitário de basquetebol. A escola também reclamou que jogasse beisebol por minha faculdade e disse-lhe que sim.
Os líderes da faculdade de direito solicitaram que fosse candidato a delegado por uma matéria, e aceitei.
Tinha muitas obrigações cada dia e morava num bairro distante, onde Lidia, minha irmã mais velha pela linha paterna, sempre atenciosa e afetuosa conosco, decidiu viver, ao vir de Santiago de Cuba a Havana, quando iniciei meus estudos universitários.
Um dia reparei que meu tempo não dava. Sacrifiquei os esportes e resolvi cumprir a encomenda dada pelos líderes da escola. Lutei com afinco para obter a representação, como delegado, da matéria de antropologia, para a qual precisava de especial esforço. Nessa tarefa, enfrentava-me a um antigo dirigente, para quem um cargo na direção da escola significava uma profissão política. Foi assim que começou minha atividade nessa esfera.
Não tinha imaginado até que ponto a politiquice, a hipocrisia e as mentiras prevaleciam em nosso país. Mas não sabia disso desde o primeiro momento. Nas eleições, obtive mais de cinco votos acima de cada um do adversário, e contribuí assim para a vitória dos candidatos de nossa tendência em outras matérias.
Foi desse modo como, em poucos meses, pelo número de votos obtidos, me tornei o representante dos estudantes do primeiro ano, numa das escolas mais numerosas da Universidade de Havana. Isso me conferiu certa importância, mas foi em breve tempo. Nem sequer fazia ideia dos interesses que havia ao redor daquela universidade.
À medida que me familiarizava com ela, também tomava conhecimento de sua rica história. Havia sido uma das primeiras fundadas na época colonial. As ilustres personalidades da cultura e da ciência eram recordadas em figuras de bronze e mármore às quais se prestava tributo, ou as praças, edifícios e instalações universitárias eram batizados com o nome delas.
Sentia especial admiração pelos oito estudantes de medicina que foram fuzilados, em 27 de novembro de 1871, pelos voluntários espanhóis, pois foram acusados de profanar o túmulo de um jornalista reacionário que servia ao regime colonial, fato que, segundo foi comprovado depois, nem sequer aconteceu.
Ao lado de minha escola, um pequeno parque chamado Lídice — povoado tchecoslovaco onde os nazistas perpetraram uma cruel chacina — acrescentava elementos de internacionalismo.
Os nomes de José Martí, Antonio Maceo, Carlos Manuel de Céspedes, Ignacio Agramonte e outros, apareciam por toda parte e despertavam a admiração e o interesse de muitos de nós, sem importar a origem social. Não era o ambiente que reinava na escola privada de elite onde estudei o bacharelado, cujos professores procediam e se formavam na Espanha, onde se engendrou boa parte de nossa cultura, mas também a escravatura e o colonialismo.
Nesse tempo, depois das eleições de 1944, o país era presidido por um professor de fisiologia, surgido da universidade na década de 1930, quando, em meio à grande crise econômica mundial, foi derrubada a tirania de Gerardo Machado, e criado por poucos meses um governo provisório revolucionário.
Naquele momento, no quadro de uma independência limitada pela Emenda Platt, os estudantes, junto à combativa classe operária cubana e ao povo em geral, desempenharam um papel relevante. O professor de fisiologia, Ramón Grau San Martín, foi nomeado presidente do governo em 1933. Um jovem revolucionário e antiimperialista, Antonio Guiteras, representante de outras forças populares, designado ministro de governo, foi a figura mais importante daqueles meses pelas medidas valentes e antiimperialistas que ele adotou.
Fulgencio Batista, procedente do setor militar revolucionário dos sargentos e soldados profissionais, promovido a chefe do exército, atraído mais tarde pelos setores reacionários e pela própria embaixada dos Estados Unidos, derrubou aquele governo radical que apenas durou cem dias.
A atuação da classe operária foi decisiva na derrubada de Gerardo Machado. A greve geral revolucionária, organizada fundamentalmente pelo pequeno partido dos comunistas, sob a liderança brilhante e vibrante do poeta revolucionário Rubén Martínez Villena, iniciou a batalha pela derrubada da tirania de Machado. É conveniente lembrar isso, uma vez que a ideia da greve geral revolucionária esteve ligada a nossa luta posterior, desde o ataque ao quartel Moncada, foi a arma fundamental usada, após a ofensiva final bem-sucedida do Exército Rebelde, que o levou à vitória total do povo em 1º de janeiro de 1959.
Na década de 1940, havia surgido com força o anticomunismo, a criação de reflexos e o controle das mentes através dos meios de comunicação social. Tinham sido estabelecidas as bases para o domínio militar e político do mundo. Em nossa Casa de Altos Estudos, restava muito pouco do espírito revolucionário da década de 1930.
O partido criado pelo professor, que o fez subir à presidência em virtude de glórias passadas, tomou o nome utilizado por Martí quando organizou a última guerra de independência: Partido Revolucionário Cubano, ao qual se acrescentou o qualificativo de "Autêntico".
Quando os escândalos começaram a eclodir por toda parte, um senador prestigioso desse mesmo partido, Eduardo Chibás, chefiou a denúncia ao governo. Era de uma família rica, mas incontestavelmente honrado, algo não habitual nos partidos tradicionais de Cuba. A cada domingo, às 20h, dispunha de meia hora na emissora de rádio mais escutada de toda a nação.
Foi o primeiro caso em nossa pátria da promoção inusitada que podia significar esse meio de divulgação. Seu nome era conhecido em todos os cantos do país. Em Cuba, não existia ainda a televisão. Desse modo, apesar do analfabetismo reinante, surgiu um movimento político muito maciço entre os trabalhadores da cidade e do campo, os profissionais e a pequena burguesia.
Entre os operários industriais mais avançados e intelectuais destacados, as ideias marxistas se abriam caminho com maior facilidade. Rubén Martínez Villena morreu sendo jovem, vítima da tuberculose, pouco tempo depois de sua obra mais gloriosa: a derrubada da tirania de Machado. Ficaram seus poemas, que continuam sendo recordados.
No entanto, os preconceitos anticomunistas, sempre vindos dos setores privilegiados e dominantes da sociedade cubana, continuaram multiplicando-se desde os dias brilhantes em que Julio Antonio Mella criou a Federação dos Estudantes Universitários (FEU) e fundou, junto a Carlos Baliño — companheiro de José Martí na luta pela independência — o primeiro Partido Comunista de Cuba.
O governo corrupto de Grau San Martín era caótico, irresponsável, cínico. Interessava-se em controlar a universidade e os poucos institutos públicos onde se estudava o bacharelado. Seu instrumento fundamental não era a repressão, mas a corrupção. A universidade dependia dos fundos do Estado.
Um cara inescrupuloso foi designado ministro da Educação. Milhões de dólares foram dilapidados. Não se levou à prática nada parecido com um programa de alfabetização.
A reforma agrária e outras medidas promulgadas pela Constituição de 1940 foram esquecidas. Batista abandonou o país, levando todo o dinheiro, para residir na Flórida. Deixou as forças armadas em Cuba com todas as promoções e privilégios e um número considerável de seguidores diretamente beneficiados, com cargos eletivos no Congresso, nos municípios, e empregos no aparelho burocrático de instituições sociais e empresas privadas.
O pior foi a súcia pseudo-revolucionária que chegou ao poder junto com Grau San Martín. Era pessoal que, de uma maneira ou outra, se tinha pronunciado contra Machado e Batista. Portanto, todos se consideravam revolucionários. Os piores deles foram designados para cargos importantes na polícia repressiva, como no Bureau de Investigações, na Secreta, na Motorizada e noutros corpos dessa instituição. Permaneceram os tribunais de urgência, com a faculdade de prender um cidadão sem direito nenhum à liberdade provisória. Enfim, todo o aparelho repressivo de Batista ficou igual.
Com diferentes nomes, surgiram organizações formadas por pessoas que tiveram relações com Guiteras e outros prestigiosos líderes da luta contra Machado e Batista. Nas fileiras daquela pseudo-revolução, existiam pessoas sérias e corajosas, que se consideravam a si próprias revolucionárias, ideia e título que sempre atraíram os jovens em Cuba.
Os órgãos de imprensa as qualificavam assim, quando, na verdade, o que tinha ocorrido era uma etapa dramática de revolução frustrada. Não havia programa social sério e, ainda menos, objetivos que conduzissem à independência do país. O único programa verdadeiramente revolucionário e antiimperialista era o do partido fundado por Julio Antonio Mella e Carlos Baliño, dirigido depois por Rubén Martínez Villena. Este jovem e valioso líder, cheio de paixão, proclamou num poema: "Precisa-se de uma carga para matar canalhas,/ para terminar a obra das revoluções (...)". Contudo, o Partido Comunista de Cuba estava isolado.
Entre os milhares de estudantes da universidade que eu conheci, o número de antiimperialistas conscientes e comunistas militantes flutuava entre 50 ou 60, do total da matrícula, que era de mais de 12 mil. Eu próprio, um manifestante entusiástico dos protestos contra aquele governo, estava incentivado por outros valores que, mais em diante, compreendi que estavam longe da consciência revolucionária que adquiri depois.
Milhares de estudantes repudiavam a corrupção reinante, os abusos de poder e as mazelas da sociedade. Muito poucos pertenciam à alta burguesia. As vezes que fomos à rua, não hesitaram em fazê-lo.
Nossa universidade tinha relações com os exilados dominicanos que lutavam contra Trujillo, com quem se solidarizava plenamente. Além disso, os portorriquenhos que exigiam a independência, sob a liderança de Pedro Albizu Campos, contavam com o apoio deles. Eram elementos de uma consciência internacionalista, presentes entre nossos jovens e que também compeliam a mim nesse momento, que tinha sido designado presidente do Comitê Pró-Democracia Dominicana e do Comitê Pró-Independência de Porto Rico.
Uma etapa de estudante universitário ajudou-me a compreender o que ali vivi. Quando comecei o segundo ano do curso, em 1946, conhecia muito mais de nossa universidade e nosso país. Ninguém deveria me convidar para participar das eleições da faculdade de direito. Eu próprio persuadi um estudante ativo e inteligente, Baudilio Castellanos, que iniciava o curso, para se candidatar na mesma disciplina que eu o tinha feito no ano anterior.
Eu conhecia-o muito bem, porque éramos da mesma região oriental. Ele havia estudado o bacharelado numa escola dirigida por religiosos protestantes. Seu pai era farmacêutico no pequeno povoado da usina açucareira Marcané, propriedade de uma transnacional norte-americana, a quatro quilômetros de minha casa, em Birán.
Entre os estudantes do primeiro ano do curso, escolhemos os mais ativos e entusiásticos para a candidatura. Contava com o apoio total dos alunos do segundo ano, onde os adversários nem sequer conseguiram reunir o número suficiente de estudantes para a candidatura contra mim. Aplicamos a mesma linha do ano anterior e, nas eleições, nossa tendência teve uma vitória esmagadora.
Contávamos com ampla maioria entre os estudantes da faculdade de direito e podíamos decidir quem seria o presidente dos estudantes da faculdade, uma das mais copiosas da Universidade de Havana. No quinto e no último ano não havia muitos, os do quarto eram os do ano letivo em que o bacharelado aumentou de quatro para cinco anos, e eram muito poucos os que haviam se matriculado nesse ano. Não tínhamos a maioria dos delegados, mas, sim, a imensa maioria dos estudantes.
Nesse tempo, contatamos o Partido Ortodoxo e, também, os militantes da Juventude Comunista, como Raúl Valdés Vivó, Alfredo Guevara e outros. Conheci Flavio Bravo, uma pessoa inteligente e capaz, que dirigia a Juventude Comunista de Cuba.
Deixei tudo como estava e esperei mais um ano. Afinal, minhas relações com os delegados dos anos superiores, politicamente neutros, eram boas. No entanto, foi mais forte meu espírito competitivo e talvez, a auto-suficiência e a vaidade que geralmente acompanha muitos jovens, ainda em nossa época.
Isso não significava que eu teria uma nova oportunidade para um terceiro ano normal. Os compromissos já contraídos me levaram por outros caminhos. Porém, antes devo assinalar que experimentei os maiores perigos de perder a vida com apenas 20 anos, sem proveito algum para a causa verdadeiramente nobre que descobri depois.
De fato, nossa atividade e força chamaram prematuramente a atenção dos proprietários da única universidade do país. Nossa Casa de Altos Estudos havia ganhado especial importância por sua raiz histórica e seu papel dentro da república diminuída, nascida da imposição da Emenda Platt à nação cubana, quando se livrou da Espanha. A nova presidência da Federação dos Estudantes Universitários ainda não havia sido determinada, pois o presidente anterior passou a ocupar um alto cargo no governo de Grau.
Em face de meu caráter rebelde, encarei o poderoso grupo que controlava a universidade. Assim, decorreram os dias, verdadeiramente, semanas, sem outra companhia que a solidariedade de meus companheiros de primeiro e segundo anos da faculdade de direito. Às vezes, saí da universidade seguido por grupos de estudantes que se apertavam e colocavam a minha volta. Mas eu, apesar disso, frequentava todos os dias a faculdade e participava das atividades, até que um dia declararam que não me permitiriam mais entrar nesse centro.
Certa vez, contei que no dia seguinte, domingo, fui à praia com minha namorada e, deitado de barriga para abaixo, chorei porque estava determinado a desafiar aquela proibição e compreendia o que isso significava. Sabia que o inimigo tinha chegado ao limite da tolerância. Em minha cabeça quixotesca, não havia outra opção que desafiar a ameaça. Podia conseguir uma arma e levá-la comigo.
Um amigo militante do Partido Ortodoxo, que conheci porque gostava dos esportes e visitava frequentemente a universidade, contava-me as experiências do enfrentamento às ditaduras de Machado e Batista. Ele conversava muito comigo e sabia de nossas lutas. Quando ele ficou sabendo da situação criada e da atitude assumida por mim, fez mover céu para impedir o pior.
Depois disso, tiveram lugar inúmeros fatos que já narrei em diversas oportunidades e não desejo acrescentar agora a este esboço, de per si, extenso, mas acho que tenho a obrigação de exprimir que, desde essa data, estive determinado a tudo e empunhei uma arma. As experiências de minha vida universitária me serviram para a longa e difícil luta que logo depois empreenderia como martiano e revolucionário cubano. Meu pensamento amadureceu aceleradamente.
Decorridos apenas três anos de minha formatura, ataquei com meus companheiros de causa a segunda fortaleza militar do país. Foi o reinício da insurreição armada do povo de Cuba por sua total independência e pela república de justiça sonhada por nosso Herói Nacional, José Martí.
Após a vitória de 1º de janeiro, conhecidos e incansáveis historiadores, chefiados por Pedro Álvarez Tabío e, graças à iniciativa de Célia Sánchez, que esteve presente e cumpriu importantes missões na defesa daquele baluarte revolucionário, percorreram cada canto da Serra Maestra, onde se desenvolveram os acontecimentos, e compilaram informação das pessoas das casas e dos lugares onde estivemos, arquivando dados sem os quais, ninguém e, sem dúvida, eu também não, poderia se responsabilizar, bem como por todo detalhe que torna veraz o que aqui afirmo.
Por outro lado, somente alguém que fosse guia e chefe daquela força de combatentes inexperientes poderia se responsabilizar por uma história rigorosa dos acontecimentos nos 74 dias de combate, em que nós, os revolucionários, conseguimos desesperadamente desfazer os planos das forças armadas nessa época, assessoradas e equipadas pelos Estados Unidos, e converter o impossível em possível.
Não existe outra maneira de honrar os tombados daquela gesta. De uma contenda assim não havia antecedentes em nossa pátria. As gloriosas lutas pela independência haviam terminado quase meio século antes. As armas, as comunicações, eram muito diferentes em outra época; não existiam os tanques, os aviões, as bombas de até 500 quilogramas de TNT. Foi necessário começar do zero. Desde que colei grau de bacharel, já tinha, apesar de minha origem, uma concepção marxista-leninista de nossa sociedade e uma convicção profunda da justiça.
Da excelente prosa do historiador Álvarez Tabío tirei o melhor e pus à parte o desnecessário. O cartógrafo Otto Hernández Garcini, expertos militares e desenhistas elaboraram, por sua vez, os mapas contidos neste livro, onde tais planos eram necessários para a análise do tema pelos profissionais das armas.
Ainda não expliquei como, depois da última ofensiva inimiga que quebrou a medula da tirania, segundo palavras do Che, transferimos da Serra Maestra às planícies nossas concepções de luta e, em apenas cinco meses, arrasamos com uma força de 100 mil homens armados que defendiam o regime, e lhes tiramos todas as armas.
Este livro, A vitória estratégica, é o preâmbulo desse outro fato, sobre a rápida e contundente contra-ofensiva rebelde que nos levou às portas de Santiago de Cuba e à vitória definitiva.
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Fonte: Granma. Reprodução e tradução: Página Vermelho, 09/09/2010
Trecho da extensa carta encaminhada por Fidel a Célia, depois do bombardeamento inimigo sobre a casa do camponês Mario Sariol, em Minas del Frío. Os mísseis lançados em 5 de junho de 1958 tinham a inscrição: "Made in USA".

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