Para Hal Brands,
do Instituto de Análise em Defesa da Escola de Guerra do Exército dos EUA,
o governo Lula parece se esforçar
para irritar os EUA. (AM). Entrevista.
Folha - Antecessores de Lula desperdiçaram chances ou a conjuntura internacional só permitiu ascensão do Brasil nos últimos anos, sob Lula?
Hal Brands - De muitas formas, FHC lançou as bases para as políticas de Lula ao buscar maior inserção na ordem mundial e defender uma política externa mais ativista. Mas Lula se provou mais adepto à tentativa de elevar o status do Brasil.
Em parte, isso se deve à sua reputação de redução da pobreza, o que dá a ele mais credibilidade em países em desenvolvimento.
Além disso, a desilusão com a hegemonia americana após o 11 de Setembro criou espaço para poderes como o Brasil pedirem mais multilateralismo e limites ao poder americano.
Como os EUA reagem a isso?
Esperam que o Brasil seja um parceiro, mas sabem que o país está mais forte na defesa de seus interesses. Isso leva a conflitos em áreas como comércio e laços com Irã e Venezuela.
Em alguns casos, parece que Lula se esforçou para enfiar o dedo no olho dos EUA, como quando anunciou que não apoiaria sanções ao Irã logo antes de uma visita da [secretária de Estado] Hillary Clinton.
Parece crer que ir contra políticas dos EUA pega bem com a base do PT e com países em desenvolvimento.
E a América Latina?
Paraguai, Bolívia e outros vizinhos se preocupam com o poder brasileiro e temem a falta de generosidade do país em dividir os benefícios da integração econômica. O Mercosul tem uma existência infeliz.
Enquanto [Hugo] Chávez e Lula têm relações amigáveis em público, a Venezuela vê o Brasil como rival pela liderança regional. Isso também se aplica a Colômbia, México e Argentina.
________________DE WASHINGTON
Fonte: Folha online, 28/09/2010
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