sábado, 7 de agosto de 2010

“Bienais são especulações”

ENTREVISTA:

JOSÉ ROCA, CURADOR GERAL DA BIENAL

Na terça-feira passada, o colombiano José Roca fez sua terceira visita a Porto Alegre. Curador geral da próxima Bienal do Mercosul, o arquiteto especialista em arte apresentou aos diretores da fundação que promove a megamostra quais são seus planos para a oitava edição do evento – cujo orçamento deverá ser maior do que o da última Bienal, que girou em torno dos R$ 7 milhões. Diretor artístico da Philagrafika – festival de artes gráficas que se realiza na Filadélfia, nos Estados Unidos –, Roca foi curador adjunto da 27ª Bienal de São Paulo (2006) e participou do júri da 52ª Bienal de Veneza (2007). Seus próximos projetos curatoriais incluem duas grandes exposições no Brasil entre o final do ano e começo de 2011: Muntadas: Mecanismos da Imagem (reunindo obras do artista catalão Antoni Muntadas) e Sombra Luminosa (retrospectiva da artista brasileira Regina Silveira) – ambas na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Em sua passagem pela Capital, Roca falou sobre suas ideias para a Bienal que vai se realizar na cidade no ano que vem, prometeu divulgar quais serão os artistas convidados no primeiro trimestre de 2011 (“Serão entre 60 e cem nomes, no máximo”) e revelou o que pensa desse tipo de evento: “Bienais são especulações. Não há tema que não tenha sido abordado antes, mas eles podem ser revisitados. O modelo tem que ser repensado sempre”.

Pergunta – Qual será o tema da 8ª Bienal do Mercosul?
José Roca – A ideia é que não seja apenas um tema, mas sim uma estratégia curatorial. Não queria ser muito preciso, mas o tema nasce de uma espécie de malentendido que a Bienal do Mercosul provoca por seu próprio nome. Para quem vê de fora, essa associação entre a Bienal e o tratado de livre comércio supranacional que é o Mercosul cria uma ambiguidade. A partir daí, a ideia é questionar o que e como se define um território – desde o ponto de vista geográfico, político e cultural. A Bienal vai trabalhar as poéticas do território. Isso terá tanto declinações expositivas quanto ações de ativação da cena artística local. Gosto de exposições mais compactas. Além dos espaços expositivos consagrados da Bienal, haverá também um componente de intervenções pontuais em diversas partes da cidade.

Pergunta – Como os países estarão representados na mostra?
Roca – As participações dos artistas não serão pensadas como representações nacionais, mas como supranacionais ou transnacionais. Serão artistas que estão trabalhando a questão de como se constitui um território, falando em termos do que acontece na vida real, como os ciganos, que são uma nação sem território, ou da noção de micronações, que são essas construções fictícias de nações.

Pergunta – Você já escolheu sua equipe de trabalho?
Roca – Vou trabalhar com cinco cinco cocuradores: um brasileiro, dois latino-americanos, um artista que vai cuidar do projeto pedagógico e um convidado responsável por uma exposição especial, que vai colocar em diálogo artistas contemporâneos com nomes históricos e populares.
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Reportagem de Roger Lerina
Fonte: ZH online, 07/08/201

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