Luis Fernando Veríssimo*
Foi no século 17 que nasceu e cresceu a ideia herética de que existia
um Livro da Natureza tão cheio de mensagens de Deus para os homens
quanto a Bíblia. Mas foi um dos defensores mais destacados da “heresia”,
sir Francis Bacon, quem aconselhou a Ciência a não desprezar o que
diziam os mitos e as Escrituras. Segundo Bacon, Deus se manifestava de
várias formas, algumas eram apenas mais poéticas do que as outras.
A primeira “mensagem” assim identificada do Livro Secular da Natureza foi o magnetismo, que os gregos e romanos já conheciam, e os chineses já usavam na navegação, mas que só começou a ser estudado a fundo pelo inglês William Gilbert, contemporâneo de Francis Bacon na corte da rainha Elizabeth I, de quem era médico. O magnetismo era a prototípica evidência de uma força invisível na Natureza, a primeira alternativa à pura vontade de Deus como algo por trás de tudo.
Gilbert, que chamava a força magnética de “alma” da Terra, deduziu que todo o planeta era uma pedra magnética e que os ímãs eram filhos da Terra, com quem ela compartilhava seu poder. E recorreu à linguagem poética, no caso erótica, para descrever a origem conjunta do ferro e da sua misteriosa propriedade, o magnetismo, no ventre profundo do globo, igual a “o sangue e o sêmen na geração dos animais”.
Mas na linguagem poética dos mitos, o poder da Mãe Terra sobre o destino dos homens é anterior às descobertas de Gilbert. Vem das primeiras cavernas. São muitas as forças femininas que influenciam a vida dos homens e os atraem para a ruína ou o sucesso. Desde Eva, culpada por termos trocado o paraíso eterno pelo saber, o sexo e a morte, que elas nos norteiam e nos desnorteiam. Passando pela Esfinge com suas charadas didáticas e por todas as musas inspiradoras, sereias tentadoras, ninfas sedutoras e gerações e gerações de companheiras fiéis ou desencaminhadoras fatais que nos mantiveram no rumo ou nos desviaram dele. São todas filhas da grande mãe magnética que guia nossa passagem pelo mundo.
Não se iluda, portanto. Você pode pensar que tem poder sobre elas, que as domina, que dirige a sua vida como bem quer sem lhes dar satisfação – em suma, que é mais forte do que elas – mas elas têm o que você não tem, o magnetismo do seu lado. São irmãs magnéticas que conjuram os mistérios da Terra contra os quais você não tem defesa. Em linguagem futebolística, no eterno embate entre Homem e Mulher, o Homem sempre joga na casa da Mulher. O fator campo sempre as favorece. Só nos resta a rendição.
A primeira “mensagem” assim identificada do Livro Secular da Natureza foi o magnetismo, que os gregos e romanos já conheciam, e os chineses já usavam na navegação, mas que só começou a ser estudado a fundo pelo inglês William Gilbert, contemporâneo de Francis Bacon na corte da rainha Elizabeth I, de quem era médico. O magnetismo era a prototípica evidência de uma força invisível na Natureza, a primeira alternativa à pura vontade de Deus como algo por trás de tudo.
Gilbert, que chamava a força magnética de “alma” da Terra, deduziu que todo o planeta era uma pedra magnética e que os ímãs eram filhos da Terra, com quem ela compartilhava seu poder. E recorreu à linguagem poética, no caso erótica, para descrever a origem conjunta do ferro e da sua misteriosa propriedade, o magnetismo, no ventre profundo do globo, igual a “o sangue e o sêmen na geração dos animais”.
Mas na linguagem poética dos mitos, o poder da Mãe Terra sobre o destino dos homens é anterior às descobertas de Gilbert. Vem das primeiras cavernas. São muitas as forças femininas que influenciam a vida dos homens e os atraem para a ruína ou o sucesso. Desde Eva, culpada por termos trocado o paraíso eterno pelo saber, o sexo e a morte, que elas nos norteiam e nos desnorteiam. Passando pela Esfinge com suas charadas didáticas e por todas as musas inspiradoras, sereias tentadoras, ninfas sedutoras e gerações e gerações de companheiras fiéis ou desencaminhadoras fatais que nos mantiveram no rumo ou nos desviaram dele. São todas filhas da grande mãe magnética que guia nossa passagem pelo mundo.
Não se iluda, portanto. Você pode pensar que tem poder sobre elas, que as domina, que dirige a sua vida como bem quer sem lhes dar satisfação – em suma, que é mais forte do que elas – mas elas têm o que você não tem, o magnetismo do seu lado. São irmãs magnéticas que conjuram os mistérios da Terra contra os quais você não tem defesa. Em linguagem futebolística, no eterno embate entre Homem e Mulher, o Homem sempre joga na casa da Mulher. O fator campo sempre as favorece. Só nos resta a rendição.
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* Jornalista. Escritor.
Fonte: ZH online, 15/02/2015
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