É justo dizer que, devido à Olimpíada, a religião tem sido um tópico mais discutido nos noticiários e redes sociais? Vamos lembrar alguns momentos que a imprensa repercutiu.
Em entrevista à CazéTV, Rebeca Andrade, a brasileira com mais conquistas olímpicas, cantou a faixa gospel "Tô te Preparando", que, segundo ela, representa sua história como atleta. A letra diz: "Eu tô te preparando para um novo tempo que já vai chegar. Para a linda história que você vai interpretar". Rebeca comenta: "É realmente isso. (Deus) está fazendo coisas incríveis, que eu jamais poderia imaginar".
Logo no início, os atletas partiram para Paris e o uniforme da seleção brasileira foi descrito como "evangélico", no sentido de ser careta e de mau gosto.
Na abertura do evento, drag queens encenaram o que parecia ser a última ceia entre Jesus e seus discípulos. Posteriormente, representantes do comitê olímpico se desculparam com os ofendidos.
Se participantes de fóruns esportivos vibram pelas medalhas conquistadas, evangélicos celebram online quando atletas, vencedores ou não, dão seus "testemunhos" de fé durante a competição.
Alguns cristãos politizam a conversa falando sobre perseguição. Dizem que o comitê olímpico protege quem zomba do cristianismo e dificulta que atletas exponham sua fé.
Primeira medalhista do Brasil nestes jogos, a skatista Rayssa Leal
foi advertida. O motivo: antes do início da bateria, ela gesticulou em
linguagem de sinais: "Jesus é o caminho, a verdade e a vida" (João
14:6).
Também soubemos que o surfista Chumbinho não pôde competir usando uma prancha com o desenho do Cristo Redentor. Já Gabriel Medina
escreveu em suas redes "tudo posso naquele que me fortalece"
(Filipenses 4:13), junto com a foto em que ele parece voar após uma
prova.
Em seguida, houve a celebração da judoca Larissa Pimenta com sua adversária, a italiana e campeã mundial da categoria, Odette Giuffrida. Derrotada, Odette lembrou Larissa de dar glória a Deus pelo feito. A brasileira fez isso e depois revelou a repórteres que a italiana se converteu ao cristianismo em visita recente ao Brasil.
Crente da Assembleia de Deus, Caio Bonfim se ajoelhou ao final da prova que trouxe uma prata em categoria inédita para o Brasil, a marcha atlética. Ele é xingado quando treina nas ruas —por parecer estar rebolando— e diz que a religião o ajudou a perseverar.
Mas um tema poderia ser mais bem debatido: a relação entre cristianismo e performance atlética. É correto afirmar que atletas evangélicos conquistam mais medalhas? E, se sim, como a prática religiosa interfere na preparação física e emocional desses atletas?
* Antropólogo, autor de "Povo de Deus" (Geração 2020),
criador do Observatório Evangélico e sócio da consultoria Nosotros
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