Por Miguel Româo*
As instituições de ensino e de investigação estão, perante a fronteira que estamos todos a atravessar, num momento decisivo e delicado. E creio não valer a pena, por irrelevante, qualquer intenção proibicionista ou essencialmente sancionatória. Com os meus estudantes numa outra cadeira, já no mestrado, vemos em aula diversas ferramentas de IA, que os podem auxiliar na recolha e análise de informação. Qualquer investigador em contexto académico é um analista e editor de informação. Eu próprio, quando estive a colaborar no recrutamento de uma analista de informação noutro contexto, optei por uma licenciada e mestre em Filosofia, que reunia três capacidades fundamentais: sabia escrever, sabia pensar e sabia recolher e analisar informação. O emprego podia nem sempre envolver Heidegger, mas era sempre sobre discurso e intencionalidade humana, exigia mundividência e cultura, pedia espírito crítico e assunção de opções.
Isto pode também agora ser simulado por ferramentas de IA, especialmente em contextos em que não haja discussão sequencial sobre temas ou textos. Ora este último aspeto é do mais decisivo na formação universitária e sempre o foi – haja tempo e capacidade recíproca para o desenvolver. No próximo ano, acho que vou pedir, como trabalho, que preparem um prompt – as perguntas, mais do que nunca, valem mesmo mais do que as respostas.
* Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Fonte: https://www.dn.pt/2432353175/universidades-e-inteligencia-artificial/ Imagem da Internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário