"Degas, segundo Paul Valéry, gostava de contar uma anedota a respeito da poesia de Mallarmé. Após a leitura pelo maravilhoso poeta de um dos seus sonetos, alguns dos seus discípulos puseram-se a discutir. Uns diziam que Mallarmé se referia ao por do sol; outros, ao triunfo da aurora.
Questionado o autor respondeu:
“Nada disso... É a minha cômoda”.
Multidões de seguidores de Mallarmé continuam a desdenhar-lhe o brilho e a endeusar-lhe o lado obscuro.
Quase todo péssimo poeta, ilegível, reivindica-se de Mallarmé.
Muitos prosadores resolveram tomar o caminho: os romances incompreensíveis passaram a ser chamados de poesia.
Invocar Mallarmé tornou-se questão de álibi e de charme.
O homem que odiava a afetação transformou-se em patrono dos esnobes.
Se for jornalista, seu obscurantismo brilhará no programa dos amigos".
(SILVA, Juremir Machado da. Mal dito. Porto Alegre, Ed. Bipolar, 2005, p.53)
*Paul Valéry -(30/10/1871, Sète, França + 20/07/1945, Paris, França.) Escritor francês, poeta da escola modernista
*Stéphane Mallarmé, cujo verdadeiro nome era Étienne Mallarmé, (Paris, 18 de Março de 1842 - Valvins, comuna de Vulaines-sur-Seine, Seine-et-Marne, 9 de Setembro de 1898) foi um poeta e crítico literário francês. Autor de uma obra poética ambiciosa e difícil, Mallarmé promoveu, uma renovação da poesia, na segunda metade do século XIX, e sua influência ainda é sentida nos poetas contemporâneos como Yves Bonnefoy- Fonte: Wikipedia - A enciclopédia livre.
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