quarta-feira, 17 de junho de 2009

O sopro da vida

HAROLDO RAHM*
Sete mil anos atrás os mestres de ioga, na Índia, entendiam que a respiração é a ligação mais importante entre nosso corpo e nossa mente. Regulando nossa respiração influenciamos nosso sistema nervoso e nosso cérebro. A ioga, por exemplo, pratica este controle fantástico equilibrando as batidas do coração, a pressão arterial, a digestão, o metabolismo e a temperatura do corpo.
A palavra sânscrita para espírito é prana, que significa vida. Prana é o sopro da vida. O apóstolo Paulo escreveu que Deus é aquele em que respiramos, movemos e existimos. Há muitas técnicas na ioga para controlar a inspiração e a expiração. Uma é a Pranayama. Prana quer dizer “espírito” e yama, “controle”. Espiritualidade chama isto Criador e a criação, o Dançarino Divino e a dança humana é a Canção do Eterno produzindo a música terrena.
Quando respiramos profundamente e equilibramos nossa oxigenação, nossa vida fica mais tranquila. Consequentemente, podemos pensar melhor e viver com mais alegria. Também nossa consciência é menos destratada e nossos pensamentos e emoções se tornam melhores.
Em latim, espiritus quer dizer “sopro”. Em grego, a palavra é pneuma, a qual significa que respiração é o real caminho ao espírito. Vivendo espiritualmente, nossos cinco sentidos funcionam corretamente, podemos nos concentrar melhor e, nas horas livres, viver uma vida de meditação e contemplação. É um salto à liberdade completa.
Cada movimento de inspiração pode ser uma maneira de viver. Quando inalamos o ar, imaginemos que estamos recebendo energias puras, limpas e relaxantes. Com cada exalação podemos inferir que estamos mandando embora todos os obstáculos, estresses e emoções negativas. Não precisamos de um local especial para inspirar e expirar. Podemos fazer estes movimentos, pausadamente, no automóvel no caminho para o trabalho, esperando o semáforo, sentado no computador, preparando as refeições, limpando a casa ou simplesmente caminhando.
Quando observamos nossa inspiração e expiração podemos perceber que é como um rio desaguando no mar. Assim, a mente trabalha com amor, bondade, harmonia, felicidade e paz.
Inspiração e expiração pausadas acabam com nossos medos, pois estamos no processo de cair nos cuidados de Deus como criaturas maravilhosas, concebendo dentro de nós a presença Divina e recebendo os fluídos do Seu amor. Quando sopramos estamos automaticamente no presente, vivemos no aqui e agora. A ideia de vivermos somente para este segundo nos conduz à interiorização e, portanto, ao encontro de verdadeiros valores: família, amigos, Pátria e Deus.

*Haroldo J. Rahm, SJ, é fundador da Apot – Instituição Padre Haroldo e fundador do Amor Exigente no Brasil.
http://cpopular.cosmo.com.br/mostra_noticia.asp?noticia=1638740&area=2190&authent=5B325DDBDCFBB263A06549E4698AF1- 17/06/2009

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