domingo, 8 de agosto de 2010

Caminhadas com o meu pai: Benedito



Sinto saudades. Ele era um italiano forjado no trabalho. Tinha os olhos azuis e espertos. Um rosto carinhoso e atento. Uma voz forte e que exigia respeito. Cantava, afinadamente, versos italianos. A dança também o fascinava. Sempre acreditei que quem dança é livre. Ele era. Não interferia nos sonhos dos filhos.

Lembro o dia em que ele me levou a Veranopolis, para ingressar com os frades capuchinhos. Na bagagem um enxoval, uma lista de roupas que os freis pediam. Chegando no Seminário faltou o terno. Era uma das roupas para as festas e domingueira. Não houve dúvidas, ele me levou num alfaiate, sem conhecer, e pagou. Oh! Meu pai, um homem que amava.

Conheci-o, mas intimamente, quando caminhava com ele. Não havia ressentimentos com a família, algo o incomodava referente a sua mãe, minha avó Amábile, mas nunca, nunca mesmo, vi esse pai reclamar da vida. Um homem que caminhava e no caminho punha em ordem os pensamentos e os sonhos. No trabalho se entregava inteiro. O pai que tenho saudades! e que ressuscita cada vez que me lembro dele. Um abraço carinhoso e um beijo, pai Benedito.
Do filho: Zelmar Antônio

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