segunda-feira, 13 de setembro de 2010

BOB OLD - Entrevista

“O que fiz foi pela fé”


O pastor norte-americano Bob Old, de 58 anos, atendeu ao telefonema com um certo receio. Antes de aceitar falar ao Correio, ele perguntou o propósito da entrevista e pediu paciência. “Não escuto direito”, afirmou. O religioso que queimou exemplares do Corão, o livro sagrado do islã, no quintal de sua casa, em Springfield (Tennessee), garante que “sente muito” por seu gesto. Mas está longe do arrependimento. “O que fiz foi um ato de fé”, admite. Old acusou Maomé de ser um “falso profeta” e assegurou que o Corão sofreu várias modificações ao longo dos séculos. “Achei que queimar um livro foi melhor do que sequestrar três aviões, arremessá-los contra prédios e matar gente inocente”, declarou. O pastor não teme por sua vida e diz que agiu em nome do amor e da paz.

Por que o senhor decidiu queimar o Corão?
Eu pensei de coração, por muito tempo, sobre fazer isso. Mas… Eu o fiz por três razões. Em primeiro lugar, quis falar com os irmãos em cristianismo, da minha igreja. E dizer a eles que somos o que somos porque somos discípulos criados em nossa igreja. Em segundo lugar, para falar com o povo norte-americano. E para dizer que somos o que somos porque não entendemos a Constituição que nos foi dada por nossos fundadores. A Constituição nos foi dada às custas do sacrifício de muitas vidas. Não para a liberdade de religião, como ela declara. Isso significaria que ela permitiria a adoração a qualquer Deus. A Constituição foi uma ruptura em relação à Inglaterra, em relação à adoração e à liberdade. Os fundadores falaram aos índios que viviam aqui, e sobre como escrever e pronunciar o inglês. Então, lhes ensinaram as escrituras. Eu me dirigi aos muçulmanos porque minha Bíblia me ensina o amor e a compaixão. Eu disse a eles que estavam adorando um falso profeta e um falso Deus. Minhas escrituras pedem-se para ser compassivo e inofensivo o máximo que eu puder, a fim de demonstrar-lhes o que isso causará a suas almas. E que isso vai levar o mundo a uma guerra. Para passar as mensagens de compaixão e amor, achei que queimar um livro foi melhor do que sequestrar três aviões, arremessá-los contra prédios e matar gente inocente. O objetivo foi usar as ferramentas que nossa nação nos dá — uma nação livre — para ser capaz de falar aos homens, sem qualquer retribuição. Essas são as razões que utilizei para queimar o Corão.

O que o livro sagrado do islã representa para o senhor?
Para mim, o Corão é de um falso profeta. Eu respeito meus amigos muçulmanos. Eles fazem um bom trabalho, ensinam suas disciplinas e doutrinas e fazem o que a Bíblia nos diz para fazer de coração. Eles podem ter suas pessoas se virando em direção a Meca, três vezes ao dia, enquanto passamos por tempos difíceis para trazer nosso povo à igreja. Eu os respeito. Meu coração dói por eles. Eu estudei e li o Corão. Eu acredito que o irmão Maomé, que disse ter recebido sua mensagem do anjo Gabriel, não tinha testemunhas. Ele teve de memorizar tudo o que o anjo lhe disse e passar para sua mulher, que angariou crentes. Capítulos e escrituras têm se perdido no Corão. Muitos textos do livro foram queimados. Eu acredito que esse foi o único modo de eu levar minha mensagem de amor a todas essas pessoas. Eu sinto muito por qualquer dor ou dano que eu tenha causado a qualquer um. Eu estou pronto para sentar a qualquer momento com um imã e falar sobre as escrituras. Mas agora me sinto hesitante, pois a promessa que fizeram ao pastor (Terry Jones) da Flórida foi quebrada. Não ouvimos clamor contra o que os muçulmanos americanos estão fazendo. Só há queixa de que estão sendo perseguidos.

Seu gesto não pode estimular a Al-Qaeda a atacar os EUA?
Eu rezo para que isso não ocorra. Isso não é o que desejo que ocorra. Eu sou tolerante com a fé das outras pessoas e com o que elas acreditam. Mas não posso ser tolerante o bastante para vê-los (muçulmanos) vindo ao meu país, pegando a Constituição e usando-a contra nós para construírem uma mesquita exatamente no lugar onde mataram 3 mil inocentes. Eu escolhi simplesmente queimar um livro. Eles poderiam ter feito isso com nossa bandeira. Em vez disso, queimaram 3 mil pessoas.

Muitas pessoas o acusam de buscar os holofotes, à margem de Terry Jones…
Se eu quisesse publicidade, eu colocaria cartazes nos 20 andares de uma torre, só para mostrar o que fiz. Mas o que fiz foi um ato de fé. Eu acredito que meu Deus me dá o direito de defender as escrituras, de permanecer ao lado de minha nação e de minha Constituição. O que fiz foi para que nossas tropas saibam que não estão lutando por nada. Há pessoas que creem fortemente que o que nossos soldados fazem é bom.

O senhor não teme por sua vida? Chegou a receber alguma ameaça de morte desde ontem (sábado)?
Não, eu não recebi nenhuma ameaça desde a queima do Corão, senhor. Não temo por minha vida. Eu acredito que o que fiz não foi um ato de violência. Foi meu modo pacífico de disseminar minha mensagem. Eu não estou tentando forçar ninguém a mudar o local da mesquita, como meu irmão na Flórida (Terry Jones) está fazendo. Meus amigos muçulmanos, que já queimaram Bíblias e bandeiras dos EUA, entendem a liberdade de que falo e que meu gesto foi em paz. (RC)

"Eu escolhi simplesmente queimar um livro.
Eles poderiam ter feito isso com nossa bandeira.
Em vez disso, queimaram 3 mil pessoas”

"O que fiz não foi um ato de violência.
Foi meu modo pacífico de disseminar minha mensagem”
Bob Old, pastor de Springfield
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Reportagem: Rodrigo CraveiroFonte: Correio Braziliense online, 13/09/2010

Um comentário:

  1. Esse homem é louco! Isso não é um ato de promoção da paz, mas sim um ato de ódio contra os muçulmanos. A religião islâmica não provocou a queda do World Trade Center, foram os terroristas da Al Qaeda que têm interesses políticos por trás de suas ações.

    Bob Old deveria ser preso.

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