Célia Siqueira Farjalatt*
Foto da Internet
Um dia não sei quando, o Brasil vai se libertar da máfia da politicagem, que o amarra com cipó tão forte que impede o País de resolver problemas como educação básica, saneamento, saúde, desperdício, incompetência e corrupção.
Você acredita que esse dia chegará? Claro. Quando chegar haverá equilíbrio na divisão das terras e de rendas, emprego para quem quiser trabalhar (não cargos para os preguiçosos), aproveitamento racional de bens, em suma, comida, escola, transporte, habitação dentro dos padrões normais. Não sendo ainda proibido sonhar, imagino um Brasil não com a perfeição da Suécia, o que seria ambicionar demais, mas uma nação, sem esta doida violência de todos os dias, um País onde uma pessoa comum possa sair de casa à noite para ir a uma conferência ou concerto sem precisar de um guarda-costas nem de armas.
Andei lendo que nas cidades coloniais de antigamente os habitantes fechavam-se em casa ao escurecer e, se obrigados a sair por motivo imperioso, caminhavam em grupo, precedidos por um grupo armado com punhais e bacamartes, e levando archotes.
Regredimos àqueles tempos. Somos prisioneiros de nossas casas, defendidas por guardas e cachorros ferozes. Só falta mesmo um fosso bem fundo, com jacarés esfaimados, cheinho de piranhas e com uma ponte levadiça bem legal.
Não, não somos uma Suécia, mas chegaremos lá um dia. Mas como podemos aspirar a tanto com os milhões de chagásicos, de crianças sem escola, de meninos de rua, de numerosos parlamentares, que votam o aumento dos próprios salários, que recebem jetons, que discutem tolices. Sim, aqui não é a Suécia. Somos um país tropical, meio adoidado com intermináveis crises da adolescência. Por enquanto, só isso.
__________________________________________________
* Célia Siqueira Farjalatt, cronista do Correio.
Fonte: Correio Popular online, 09/09/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário