Protestos no mundo árabe em favor de Julian Assange, fundador do WikiLeaks
Ele é um dos novos recrutas para a Operação Payback. Em um quarto de Londres, o hacker de 24 anos prepara suas armas para as batalhas desta semana em uma ciberguerra em marcha. Ele é um guerreiro com seu próprio estilo, na luta pela liberdade de expressão. Sua arma é um laptop e seu inimigo, as corporações dos EUA responsáveis por atacar o sítio do WikiLeaks.
Ele havia lido os panfletos que começaram a surgir na web em meados de setembro. Em salas de chat, em fóruns de discussão e caixas de e-mail de Manchester a Nova Iorque, de Sydney ao Rio de Janeiro. O rosto sorridente de uma máscara de Guy Fawkes (um herói inglês de 1570) tinha aparecido como uma chamada às armas. Em todo o mundo, um batalhão de hackers estava sendo convocado.
“Saudações, Anons (anônimos) companheiros” diz, sob o título Operação Payback. Ao lado havia uma série de softwares, apelidada de “as nossas armas” e uma mensagem clara: as pessoas precisavam daquela munição para mostrar todo o seu “ódio”.
Como a maioria dos conflitos internacionais, a guerra da semana passada, travada na internet, começou como mais uma disputa relativamente modesta à escalada, em apenas alguns dias, para uma luta global. Antes da defesa ao WikiLeaks, o alvo inicial da Operação Payback foi a indústria fonográfica norte-americana, escolhida por iniciar as investigações contra quem baixava arquivos de música. A partir dessa origem humilde, anti-censura, anti-direitos autorais, pela liberdade de manifestações, o viral conseguiu despertar um exército, até agora adormecido, de hackers online contra o governo dos EUA e algumas das maiores corporações do mundo.
Charles Dodd, consultor de agências governamentais dos EUA, sobre a segurança na Internet, disse:
– (Os hackers) atacam das sombras e eles não têm medo de retaliações, não existem regras de engajamento neste tipo de guerra emergente…
A batalha agora gira em torno das tentativas ferozes de Washington para fechar o WikiLeaks e proteger os dados confidenciais do governo norte-americano. Na quinta-feira, os hacktivistas atacavam rotineiramente aqueles que tinham como alvo o WikiLeaks, entre eles os ícones do mundo corporativo, os cartão de crédito e algumas das maiores empresas online. Parecia ser o primeiro confronto permanente entre a ordem estabelecida e o orgânico, a cultura popular da rede.
Mas o choque ampliou o centro das atenções sobre a capacidade da rede para se tornar um espinho, não apenas ao lado dos regimes totalitaristas, mas das democracias ocidentais, do direito à informação e à responsabilidade de se manter segredos. O conflito também toca em questões profundas quanto ao papel da própria rede. Um blogger classificou o confronto em curso de a “primeira guerra de informação do mundo”.
No centro do conflito, o fundador do WikiLeaks, a enigmática figura de Julian Assange – comparado por alguns ao Ned Kelly (anti-herói australiano) da era digital – que mantém aceso o contínuo desafio à superpotência e é condenado como uma ameaça à segurança nacional dos EUA.
Caso Assange seja extraditado para os Estados Unidos, para enfrentar as acusações de espionagem, o que poderá ocorrer esta semana, a contra-ofensiva da Operação Payback deverá aumentar. Agora, os alvos incluem o maior varejista online do mundo, a Amazon, já atingido uma vez assim que tomou a sua decisão de suspender a hospedagem do WikiLeaks. Fala-se de infectar o Facebook, que na semana passada tirou uma página usada por hackers pró-WikiLeaks, com um vírus que se propaga de um perfil a outro na velocidade da luz.
A realidade é que ninguém, ao certo, parece saber onde o conflito cibernético vai levar. Apenas que está apenas no começo.
_________________________Fonte: 12/12/2010 13:45, Por Redação, com Mark Townsend, Paul Harris em Nova York, Alex Duval Smith em Johannesburg, Dan Sabbagh e Josh Halliday, do Guardian - de Londres
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