“A ideia de que o mundo é assim e sempre será assim.”
Gil Giardelli*
Imagem da Internet
Sim, vivemos a era da quebra de sigilo de informações confidenciais de gatunos, larápios, saqueadores em escala industrial … São tempos exponenciais, tempos fantásticos. Nada mais ficará escondido. Bem vindos à era da transparência radical e da mega-transparência.
Crise diplomática, “torrent”, 1,4 Gigabytes de documentos vazados por um MP3, 250 mil telegramas secretos divulgados através de sistema de encriptação intitulado “insurance.aes256″, ações do principal Banco Americano acumula 4,5% de perdas na Bolsa de Valores de Nova York, Presidentes sendo chamados de Batman e Robin, outros de narcotraficantes. Estarrecedor. Porém, nem o melhor roteirista “Holliwoodiano” imaginaria filme tão criativo. Não?
Sim, vivemos o começo do fim da impunidade das roubalheiras monumentais. Ser corrupto neste mundo conectado será cada dia mais difícil! O que leva milhares de colaboradores a divulgarem documentos secretos e correrem o risco de serem presos? Senso de justiça.
Fechem o Wikileaks, já existem dezenas, centenas, talvez milhares. É irreversível. E não achem que é novo, começou em 2006, porém a revolução foi silenciosa e um dia bateu às portas da diplomacia mundial.
Ou alguém achou que com milhares de gravadores e câmeras digitais, em um contexto de uma geração quem tem como mantra “Você é o que você compartilha!” Não iriam avançar pelos segredos sórdidos da humanidade?
A Amazon tirou o Wikileaks de seus servidores. Responderão pelo Twitter: “Se a Amazon tem tanto problema com liberdade de expressão, deveria sair do mercado de vendas de livro.” Uau!
O Fundador Julian Assange, é considerado por muitos uma mistura de herói quixotesco, anarquista cibernético, libertário global…
Para aqueles que não entenderam a lógica (se é que existe) da cibercultura, dizem que ele é um fugitivo da Interpol, um hacker do mal, um fofoqueiro que coloca vidas em perigo …
Ele se defende, o objetivo do nosso portal é “Fazer o bem, punir os corruptos e malfeitores, desvendar os segredos sujos de governos e corporações”, disse Julian Assange, na Revista Veja.
Será que vivemos a releitura do quadro “Les Demoisele Dávignon”? Um cliente fiel achou que Picasso havia enlouquecido. Um Marchand disse que o quadro estava inacabado. Matisse, seu amigo, considerou a obra um embuste. Picasso o virou para a parede e lá a obra permaneceu por dezessete anos, até a humanidade entende-la?
Seria utópico achar que Julian Assange, que a mãe fez questão de não matriculá-lo em escolas até os 14 anos, para que ele não fosse corrompido pelo sistema, é um gênio às avessas da era digital? Que a humanidade demorará a entender?
Será que vivemos a releitura do quadro “Guernica”? O painel mostrou-nos a Humanidade Mutilada. “É um painel da indignação moral, enquanto Guernica existisse, o mundo lembraria o bombardeio de Gernica como uma atrocidade inominável. Não é apenas uma grande obra, tornou-se uma testemunha de acusação”. Será que a Wikileaks é a Guernica da era digital?
A história sempre se repete. Sai Picasso e os nazistas e entra Wikileaks e os contrários da transparência global.
“Enquanto oficiais nazistas depredavam o ateliê de Picasso em Paris. Ele oferece para um oficial uma reproduções de Guernica:
“Tome. Leve de lembrança!”
“Foi você que fez isto?”
Pergunta o oficial alemão.
Picasso sarcasticamente devolve:
“Eu, não. Foram vocês que fizeram!” *
Ambas as obras de arte Guernica e Wikileaks não foram compreendidas em seu tempo, ambas rechaçaram “a ideia de que o mundo é assim e sempre será assim.”
Entendeu? Então, não use velhos mapas para descobrir novas terras! Boa viagem!
* Livro O Poder da Arte.
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* Gil Giardelli é especialista no Mundo.com, com 11 anos de experiência na era digital. Co-fundador da Gaia Creative, Justmail do Board da Amanaie e Startupi. Coordeno os Cursos na ESPM de Ações Inovadoras em Comunicação Digital e Startups, economia criativa e empreendedorismo na era digital.
Palestrante em mais de 450 eventos como RioInfo, Fórum de Inovação RJ, WebExpoForum, e em empresas como Banco Real, Visanet, Vivo, Natura, Motorola entre outras.
Fonte: Blog do autor
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