sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Coisas que eu queria saber aos 21

Roger Moreira, líder do Ultraje a rigor
Divulgação-5/10/2007'
'Sou meio idealista por pensar que com letras posso mudar algo'


"Meus 21 anos foram um marco na minha vida. Foi quando comecei a ganhar dinheiro como músico. Era 1977 e eu tocava flauta na banda de um espetáculo de teatro, meu primeiro registro na carteira de trabalho. E o único até hoje. Depois, participei de festivais com artistas como Celso Viáfora e Irene Portela, mas não era bem o que eu queria.
Foi o ano em que tranquei o curso de Arquitetura no Mackenzie e resolvi meter a cara na música. Minha mãe incentivava, mas meu pai, não. Dando aulas de inglês, conseguia pagar cursos em conservatórios como o Souza Lima e o Dramático e Musical, na Avenida São João. Não me imaginava músico de sucesso, mas desde que vi Help!, dos Beatles, aos 9 anos, tinha o sonho de ser artista. Só que o Ultraje a Rigor só nasceria em 1981.
"Eu não era muito ligado em política.
Havia manifestações com cavalaria
 perseguindo e tal, mas eu
não via utilidade naquilo.
Foi só depois de viver na Califórnia,
entre 1979 e 1980,
que pude ver o que era democracia.
Voltei com uma visão mais ampla
do que estava acontecendo."
Estava no meio da época de Embalos de Sábado à Noite, havia uma febre de discoteca, eu e meus amigos éramos roqueiros e torcíamos o nariz para aquilo. Mas era o que tinha para ganhar mulher.
Eu não era muito ligado em política. Havia manifestações com cavalaria perseguindo e tal, mas eu não via utilidade naquilo. Foi só depois de viver na Califórnia, entre 1979 e 1980, que pude ver o que era democracia. Voltei com uma visão mais ampla do que estava acontecendo. A gente acompanhava Chico, Gil, Caetano, mas as letras tinham mensagens cifradas, analogias, e você tinha que entender o que o cara estava falando. Isso me marcou bastante quando comecei a escrever músicas. Compus Inútil influenciado pelo contexto em que vivia. Sou meio idealista por pensar que com letras posso mudar algo. Claro que um ou outro a gente atinge, mas quem sabe não rola um efeito avalanche?"
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Fonte: Estadão online, 17/12/2010

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