Jean-Claude Bernarde*
E se a morte consciente e lúcida for uma forma de resistência à
indústria da medicina mercantil — que não se importa pela vida, mas pelo
“bio” e o lucro
A
imensa máquina da medicina (hospitais, laboratórios, farmácias,
médicos, inseguro saúde, máquinas de diagnósticos por imagem etc, e mais
cosméticos, alimentação…) produz a nossa longevidade. Somos um produto
dessa indústria. Produto e fonte de riqueza. A máquina precisa manter
nossa longevidade para se expandir e lucrar. A preocupação da máquina
capitalista não é nos manter em vida com qualidade de vida, mas manter
em nós a bio. À máquina não interessa o ser vivo, mas a bio de que ele é
portador. Um primeiro passo para resistir à máquina que nos alienou de
nossos corpos é se recusar a técnicas de prorrogação da bio em nós.
Passo mais radical para eliminar a fonte de riqueza da máquina: o
suicídio consciente e lúcido como forma de resistência extrema e de
reapropriação de nossos corpos.
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*Cineasta. Nascido na Bélgica, de família francesa, Jean-Claude passou a infância em Paris, e veio para o Brasil com sua família aos 13 anos, naturalizando-se brasileiro em 1964. É diplomado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris) e doutor em Artes pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP 3.
Fonte: http://outraspalavras.net/blog/2015/04/09/longevidade-capitalismo/
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