“Diga-me o que fazes com teu celular e te
direi quem és” diz o padre Pierre Amar, sacerdote da diocese de Versalles,
licenciado em Direito e Teologia e um dos internautas mais ativo de Padreblog, portal que agrupa alguns dos
padres
franceses mais geek.
1)
Bem-aventurados os que lerem o artigo até o
final. Por que? Porque clicar é selecionar e selecionar é eleger, isto é,
deixar de mover-se sem cessar com o cursor. Assim podemos recordar que “o
cérebro humano atua de forma sucessiva e cronológica, e se escolhestes leva a
tua escolha até o final. Que não seja o teu dedo que decida, senão a tua
cabeça. Não a sociedade da compulsividade.
2)
Bem-aventurados os que rezam pela manhã antes de
conectarem-se. Meu primeiro gesto matutino ao deixar a cama é fazer as minhas
orações. Não é normal que pela manhã meus primeiros reflexos sejam teclar no
meu tablete ou no meu celular.
3)
Bem-aventurados os que não respingam os outros
com suas supostas felicidades. O que comes, onde tomas o sol, em que estação
esquias, tua nova roupa, e afinal de tu footing matutino, tu selfies... A vida, a vida autêntica não são somente
estas fotos onde tudo transpira bem. É o trabalho, o suor, em outras ocasiões o
sangue, as lágrimas e o engraçado é que tu nunca falas...
4)
Bem-aventurados os que não se promovem a si
mesmos. Os criadores das redes sociais conhecem bem a alma humana quando são
retuitadas ou clicadas com um like a si mesmo: Olha, eu falei! E eu gosto do
que eu disse!. Esse narcisismo não é
cristão.
5)
Bem-aventurados os que não criam grupos aos
próprios critérios ou encaminham a sua agenda completa. Tenha misericórdia. Não
encham a terra inteira com suas piadas, seus pedidos de solidariedade, suas
alegações. Ninguém ousará ir contra, mas esses tipos de mensagens vão direto
para a lixeira. É negativo, dentro do próprio grupo colocar algo “em cópia para
todos”, pode ser temível quando há um problema. Você nunca dirá o suficiente,
mas espalhar m... só é bom para fertilizar o campo. Se é um grupo
institucional, não peça algo particular para a avo, para o irmão, para a tia...
para ciclano, entre em privado. Caso familiar, usem outras salas de conversa, não as institucionais.
6)
Bem-aventurados os que põem filtros em seu
dispositivo, porque não quero que minha casa se torne uma cloaca. As imagens
exercem sobre mim um impacto poderoso, e porque a única valentia possível
diante da peste pornográfica é instalar um conjunto de restrições, tanto no
computador como no celular.
7)
Bem-aventurados os que estão presentes...
estando presentes fisicamente. Internet inaugurou uma nova forma de presença:
os presentes-ausentes. Portanto, estão não estando. Seu corpo está aqui, porém
a cabeça não. Os que viciam tem seus olhos fixos no celular, falando com todo o
mundo, menos com que está ao lado. Diz o filósofo jornalista Roger-Pol Droit
quando denuncia: “É crescente a perda de humanidade, de relação real, viva,
surpreendente e imprevisível, carnal e reflexiva ao mesmo tempo”. Estamos cada
vez mais conectados e cada vez mais sós. O uso excessivo das novas tecnologias
nos tira o fundamento de toda a relação humana: a alteridade, com sua porção de
imprevisibilidade, de riscos, de exigências e de prazeres incompatíveis com o
os sistemas informáticos... O cristianismo pode dizer algo: somos a religião da
Encarnação, de um Deus que não enviou e-mail, senão que cuidou do encontro dos
homens fazendo-se um deles.
8)
Bem-aventurados os lúcidos. Hoje, salvo que se
viva numa ilha deserta ou num deserto mesmo, não é possível viver sem Internet.
Mas nada nos impede de manter uma tríplice lucidez: Lucidez respeito ao tempo
que passamos frente a uma tela; lucidez respeito ao sedentarismo e a falta de
exercícios a que isso conduz; lucidez para desconectar-se de vez em quando. É
algo que faz muito bem, desconectar-se nesse tempo de Quaresma. A privação
voluntária de conectar-se permite elucidar se realmente somos livres.
9)
A nona bem-aventurança. O autor do artigo
termina com um pequeno humor. Porque o post é escrito seguindo o catecismo
clássico, que apontam oito bem-aventuranças. Na realidade, o Sermão da Montanha
( Mt 5,1-12), Jesus cristo proclamou nove, só que o nove é entendido como se
referindo ao cumprimento dos oitos anteriores, e talvez por isso não tenha sido
incluído nas listas didáticas catequéticas. Para lembrar leia Mt 5, 1-12.
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Tradução livre do espanhol com
pequenas adaptações feita pelo blog.
Imagem da Internet
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