Uma vida (muito) para lá da cadeira
A
breve história de uma vida cheia e os alertas para o futuro de Stephen
Hawking, no dia em que passa um
ano da morte do físico.
Stephen
Hawking nunca esteve preso no próprio corpo. A tecnologia permitiu-lhe
viajar pelo mundo e comunicar, a mente levou-o até aos confins do
Universo. Dizia o físico britânico que "a vida seria trágica se não
fosse divertida" e foi com sentido de humor que desafiou uma doença
incapacitante e se tornou um dos maiores cientistas do século XX.
Diagnosticado
aos 21 anos com Esclerose Lateral Amiotrófica, os médicos deram-lhe
entre dois e cinco anos de vida. Viveu até ao dia 14 de março de 2018,
tinha 76 anos.
Além de trabalhar como investigador na Universidade
de Cambridge até aos últimos dias de vida, deu palestras em todo o
mundo. Casou duas vezes, teve três filhos, e até experimentou a
gravidade zero a bordo de um Boeing 727 modificado, em 2017. "Para mim
foi pura liberdade (...), fui o super-homem durante aqueles escassos
minutos", disse à NASA.
Sempre pronto para uma piada
Hawking
dizia que não tinha medo de morrer, mas também não tinha pressa. Manter
uma mente ativa era o segredo da sua longevidade, a par com o seu
sentido de humor. "Não há nada como aquele sentimento de 'Eureka',
quando se descobre alguma coisa que ninguém sabia antes. Não o vou
comparar ao sexo, mas dura mais tempo", disse numa palestra na
Universidade do Arizona, EUA, em 2011.
Em 1985 uma pneumonia
danificou-lhe as cordas vocais e impediu-o de voltar a falar. Antes do
software que lhe deu a voz robótica mundialmente conhecida, apenas meia
dúzia de pessoas o compreendia. Precisava de um 'tradutor' em
entrevistas e de um assistente para escrever o seu trabalho. "O
sintetizador dá-me um sotaque americano", dizia.
Foi também com sentido de humor que Hawking aceitou participar em séries como "Star Trek" ou a "Teoria do Big Bang".
Os Simpsons transformaram-no numa das suas personagens amarelas:https://www.youtube.com/watch?v=gKkcVOrz5jw
E até fez um anúncio publicitário... para a Jaguar: https://www.youtube.com/watch?v=bqFrDfNj7kI
Famoso. Mas porquê?
É
difícil para um leigo compreender algumas das teorias de Stephen
Hawking, ainda que este sempre tenha tentado tornar as suas ideias
acessíveis a todos.
Hawking celebrou-se por questionar a Teoria da
Relatividade Geral de Albert Einstein, pelo estudo das ondas
gravitacionais, pelo papel crucial na demonstração da Teoria do Big
Bang. A teoria de que os buracos negros não aprisionam a matéria na
totalidade e que podem emitir uma radiação térmica, a agora designada
Radiação de Hawking" - é talvez o seu maior legado. Mudou tudo o que se
pensava sobre buracos negros.
Era um físico teórico e, talvez por
isso, nunca ganhou um prémio Nobel, mas trabalhou até aos últimos dias
de vida e o seu último artigo científico -
Hole Entropy and Soft Hair
- foi tornado público já depois da sua morte. "Uma Breve História
do Tempo", o seu livro com maior sucesso, vendeu mais de 25 milhões de
cópias.
A verdade é que o físico tinha uma legião de fãs para além
dos amantes da ciência. Nunca quis ser uma figura pública, mas dizia
que se fosse esse o preço para encorajar "mais pessoas a questionar o
Universo" era bem capaz de viver como um ícone da cultura popular.
Questionava-se, sobretudo, se seria "tão famoso pela cadeira de rodas e
incapacidades como pelas descobertas".
O maior mistério do Universo? As mulheres
Numa
entrevista, Larry King perguntou a Stephen Hawking o que o deixava mais
intrigado em todo o Universo. O físico terá respondido: "As mulheres".
O
britânico foi casado duas vezes, a primeira com Jane Wild (na foto à
esquerda), em 1965, com quem teve três filhos. Divorciou-se em 1991 e em
1995 voltou a casar com Elaine Mason (na foto à direita), de quem
também se viria a divorciar.
Jane
Wild apaixonou-se por um estudante inteligente e achou que, apesar da
doença, conseguiria cuidar dele. O amor entre os dois acabou por não
sobrevier ao corrupio de enfermeiras que passou a fazer parte da vida
familiar do casal e dos filhos.
Com o livro "Uma Breve História do
Tempo", que vendeu mais de 25 milhões de cópias, chegou o dinheiro e a
fama e, conta Jane, as enfermeiras passaram a trata-lo como um ídolo,
enquanto ela continuava a rejeitar tratar o marido como uma celebridade.
Com
base no livro "Viagem ao Infinito - a extraordinária história de Jane e
Stephen Hawking", escrito por Jane Wilde Hawking, a história do casal
foi retratada no filme "A Teoria de Tudo", de James Marsh (2014).
Perante
as dificuldades, Jane refugiava-se em Jonathan Jones - o seu atual
marido e com quem começou um relacionamento quando ainda era casada,
enquanto Stephen Hawking se tornava cada vez mais próximo de uma das
suas enfermeiras, Elaine Mason.
A lua-de-mel durou pouco tempo. A
antiga enfermeira ficou conhecida em Inglaterra como "O Monstro" e "O
Pesadelo" e foi acusada de infligir maus tratos a Hawking durante anos.
Está agora a ser acusada de má conduta e de negligência.
Outra das suas enfermeiras, Patricia Dowdy, também está a braços com as mesmas acusações.
Deus
sempre foi outro grande mistério na vida do físico. Se nos primeiros
anos de vida se podia dizer agnóstico e abordava o tema em muitos dos
seus discursos e entrevistas, Stephen Hawking acabou por negar
completamente a existência de Deus. As suas cinzas estão sepultadas sob o
teto da Abadia de Westminster, em Londres, ao lado de Isaac Newton e
Charles Darwin.
Medos? Aliens, robôs e... aquecimento global
Um
ano depois da morte do físico, nenhuma das suas muitas previsões se
tornou realidade. Num discurso através de videochamada na Web Summit em
Lisboa, em 2017, Stephen Hawking deixou um alerta para o que acreditava
ser um dos maiores riscos para a humanidade: a Inteligência artificial.
Stephen
Hawking tinha uma visão negra do futuro. Acreditava que os robôs
poderiam um dia substituir os humanos e que extraterrestres não
visitariam a Terra tão cedo, mas quando o fizessem teriam intenções de
atacar e colonizar o planeta.
O aquecimento global era outra das
suas preocupações. Para sobreviver à extinção, previa, a espécie humana
só tem uma hipótese: encontrar outro lugar para viver, noutro sistema
solar, algures no Universo que ainda desconhecemos.
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fonte: https://www.tsf.pt/sociedade/ciencia-e-tecnologia/interior/mulheres-deus-e-o-futuro-os-misterios-que-stephen-hawking-quis-desvendar-10673837.html?utm_term=Neto+de+Moura+recorre+de+decisao.+Diz+que+nao+pode+ser+sancionado+sozinho&utm_campaign=Editorial&utm_source=e-goi&utm_medium=email
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