sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ser mãe e pai

Ivo Lima*

Estamos assistindo a um crescimento cada vez maior de mães que cuidam sozinhas da casa e realizam um duplo papel: ser mãe e pai. Além disso, trabalham fora e retornam só à noite para os seus lares. Do contrário, quem colocaria o pão de cada dia na mesa dos filhos e arcaria com outros encargos do lar? Mas, antes de irem para o seu trabalho, desdobram-se e preparam tudo o que é necessário para que os seus filhos possam ir à escola. Depois dessa tarefa que começa muito cedo, seguem para o batente, mas continuam preocupadas com as crianças e, sempre que podem, ligam para elas, para terem a certeza de que está tudo bem com os pequenos.
Essas mães cuidam sozinhas do lar, do futuro dos filhos, porque muitos homens colocam os filhos no mundo e depois tomam a estrada e nunca mais dão sinal de vida. Aconteça o que acontecer com sua ex-companheira e com os filhos que ficaram na saudade... Eles estão ausentes e, muitas vezes, não querem nem saber do sofrimento que causaram ao abandonarem os frutos que geraram, com todo o respeito aos pais que não se enquadram nessa lista.
Às vezes, também, acompanhamos casos de mães que largam os filhos na rua da amargura e se envolvem em aventuras perigosas, que resultam em dor de cabeça para ela e para as crianças. Mas, felizmente, não é o que acontece com a grande maioria das mães, que sabem honrar seu papel, mesmo enfrentando enormes obstáculos para cuidarem dos filhos.
Os dramas dessas mães estão estampados por todo lado e, no espaço escolar, os educadores sentem de perto o peso da responsabilidade dessas guerreiras que, sozinhas, também acompanham os filhos em seus estudos.
Nessa ciranda marcada, muitas vezes, pela dor e dificuldades, na cabeça dessas mães, muitas preocupações ainda tiram seu sono: a violência que não dá trégua; o tormento das drogas feito erva da morte, que desembestou sociedade afora; as dificuldades que seus filhos encontram pela frente para obterem oportunidades no mercado de trabalho que possam lhes proporcionar um futuro feliz.
Diante dessa constatação na vida de milhares de mães em nosso país, resta-nos trabalhar todos para cobrarmos políticas públicas (saúde, educação, segurança, moradia, cultura, lazer e mais oportunidades) para as crianças, adolescentes e jovens, tornando a vida das famílias mais fácil.
Enquanto isso não acontece, continuaremos presenciando a batalha dessas mães, sem nos esquecer das carências que a sociedade sofre como um todo e, principalmente, os menos favorecidos.
Por isso, não podemos baixar a guarda, porque cada um é responsável por ajudar a transformar a realidade social em que vivemos, rumo a um país melhor para todos. Afinal de contas, “O mundo que nos espera não está para ser conquistado, mas para ser construído”. (Jean-Claude Guillebaud, A reinvenção do mundo).
*Ivo Lima é escritor e professor de Filosofia
http://cpopular.cosmo.com.br/mostra_noticia.asp? noticia=1646561&area=2190&authent=7BDBC4515AEAA24349FCC362789AD1 07/08/2009

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