Levantamento revela o surgimento de uma geração
que ainda se sente jovem e saudável
aos 70 e 80 anos
Uma pesquisa internacional divulgada na semana passada revela que o Brasil é a nação mais otimista com a velhice. O levantamento feito pela Bupa Health Pulse 2010 revela o surgimento de uma geração que ainda se sente jovem e saudável aos 70 e 80 anos, mas que não se preocupa em planejar a velhice.
Realizada pelo instituto de pesquisa independente Ipsos Mori, o levantamento envolveu 12.262 entrevistados em 12 países. A pesquisa alerta que é fundamental avaliar o impacto da velhice sobre a demanda de assistência social e médica.
Nos 12 países pesquisados, 72% dos entrevistados com 65 anos ou mais disseram que não se sentem velhos e quase o mesmo número (67%) diz sentir-se ainda saudável.
Enquanto na média global, apenas 3% das pessoas diz estar preparada para a velhice, no Brasil a realidade é mais promissora. Segundo os dados, 46% dos brasileiros não se preocupam em envelhecer. Além disso, 17% dos entrevistados encaram com bons olhos a terceira idade, o maior índice registrado no mundo todo. Porém, 64% dos brasileiros não se preparam para a velhice, em termos de reservar dinheiro ou de pensar em como ser assistido no caso de não poder cuidar de si próprio. Mais da metade (53%) nem sequer começou a pensar nela, enquanto a maioria deixa completamente de se preparar para as realidades do futuro. Apenas 7% reservaram algum dinheiro e 76% acreditam que a família estará lá para dividir o ônus de cuidar deles.
Um relatório feito pela London School of Economics (LSE) e divulgado na última quinta-feira revela que a 'rede informal de assistência', o padrão tradicional de famílias cuidando de seus idosos, está se desintegrando, enquanto o número de idosos carentes de assistência vem crescendo.
— É realmente animador ver que tantos brasileiros não se sentem velhos e acolhem bem a chegada da velhice, mas as pessoas não podem ficar despreocupadas com o envelhecimento — afirma Sneh Khemka, diretor-médico da Bupa International.
— O Brasil, assim como muitos países, vem enfrentando uma crise na assistência médica e social. Muitos pensam que seus parentes estarão prontos para cuidar deles, mas nossas estruturas familiares estão mudando e as pessoas precisam começar a planejar e conversar o quanto antes sobre a futura assistência que terão — pondera o especialista.
— Em todo o mundo, uma combinação de fatores sociais e econômicos - incluindo alterações demográficas, a redução do tamanho da família e o aumento dos índices de divórcio, migrações e mulheres que trabalham fora – estão abalando a estrutura familiar que historicamente tem sido o principal suporte aos idosos dependentes. Com os sistemas públicos de assistência sob pressões financeiras, começa a surgir um desafio global das formas de amparar o idoso no futuro — destaca José Luiz Fernandez, pesquisador-chefe da London School of Economics.
Veja os principais dados da pesquisa referentes ao Brasil:
:: Os brasileiros são os mais otimistas quanto à terceira idade (17% comparados ao índice global de 3%);
:: 95% dos brasileiros não se consideram velhos (dado de entrevistados acima 54 anos);
:: 96% acha que a assistência governamental ao idoso precisa melhorar;
:: 84% dizem que o padrão de assistência ao idoso no Brasil é pobre;
:: 39% acham que o Estado deve bancar a assistência ao idoso somente para pessoas de baixa renda;
:: apenas 3% pensam que o governo cuidará deles em sua idade avançada;
:: 36% das pessoas estão mais preocupadas em ter câncer;
:: 35% planejam usar as suas economias/investimentos quando envelhecer;
:: 61% dos brasileiros temem perder sua memória e independência ao envelhecerem;
:: 32% acreditam que vão morrer de velhice.
_______________________Fonte: ZH online, 18/09/2010
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