domingo, 30 de outubro de 2011

Quando Ratzinger encontrou Gandhi


Seu avô, o Mahatma, transformou
a "não violência" na arma mais
poderosa da história. Na cidadela franciscana,
o intelectual hindu Rajmohan Gandhi (foto)
assinou o pacto pela paz proposto por Bento XVI
a todos os homens de boa vontade. No almoço,
o pontífice quis que ele estivesse na sua mesa.

Ao lado de carismáticos líderes religiosos, ministros de culto e presidentes de associações confessionais mundiais, no refeitório do convento de Santa Maria dos Anjos, destacava-se a sua timidez de professor. Uma presença de "baixo perfil", mas de grande significado evocativo que trazia a marca da "Grande Alma" à festa das religiões.
O neto e biógrafo de Gandhi chegou a Assis desde o Estado norte-americano de Illinois, onde leciona na universidade. O "pai da pátria" indiano teria gostado do "espírito de Assis", assegura Rajmohan Gandhi, tendo já estado presente, há 25 anos, no histórico primeiro encontro inter-religioso convocado em 1986 por João Paulo II na capital mundial da paz.
De mãos dadas com a sua esposa, Usha, ele percorreu novamente os lugares da sua primeira peregrinação à fortaleza do pacifismo. Seu avô, Gandhi, não tinha uma visão sincrética das religiões. Ao contrário, ele convidava hindus, muçulmanos e cristãos a penetrar e praticar a sua fé antes de pensar em abraçar outra.
Educar à abertura para as grandes verdades comuns a todas as religiões, começando pela ajuda a redescobri-las na sua própria tradição. A missão de Gandhi não foi a de politizar a religião, mas sim a de espiritualizar a política. Por isso, ele queria ligar à moral as ações cotidianas realizadas na esfera pública. O retorno a Assis do neto de Gandhi conecta idealmente a perspectiva inter-religiosa do Mahatma à do encontro convocado por Bento XVI.
De acordo com o profeta da "não violência", os melhores homens sempre aceitaram os melhores ensinamentos, em qualquer época e em qualquer lugar que se encontrem: na religião, na moral, na cultura ou nas vidas dos indivíduos. Buscar a verdade é uma natural aspiração humana, um resultado da inteligência e da mente humana. Consequentemente, todos os fundadores religiosos tinham uma motivação pura, e os seus ensinamentos são um grande recurso para a felicidade do homem.
Gandhi, por isso, não considerava que todas as religiões devessem ser unificadas, nem que todos os seres humanos devessem estudar e praticar todas as religiões. No entanto, "as pessoas não deveriam considerar as religiões como contrapostas uma às outras, ou intocáveis, mas sim como recursos de felicidade".
Todas as vezes em que o nome de uma religião se torna sinônimo de destruição, isso não acontece por causa da religião ou do seu fundador, mas por causa das pessoas que entendem equivocadamente o significado e o uso da religião. Assim falava Gandhi. Assim fala Joseph Ratzinger hoje.
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A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 27-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto
Fonte: IHU on line, 30/10/2011

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