P. José Tolentino Mendonça*
Advento,
tempo de espera.
Não apenas de um dia,
mas daquilo que os dias,
todos os dias,
de forma silenciosa,
transportam: a Vida, o mistério apaixonante da Vida
que em Jesus de Nazareth principiou.
Advento,
tempo de redescobrir a
novidade escondida em palavras tão frágeis
como "nascimento",
"criança", "rebento".
Advento,
tempo de escutar a esperança dos profetas
de todos os tempos. Isaías e Bento XVI.
Miqueias e Teresa de Calcutá.
Advento,
tempo de preparar,
mais do que consumir.
Tempo de repartir a vida,
mais do que distribuir embrulhos.
Advento,
tempo de procura,
de inconformismo,
até de imaginação para que o amor,
o bem, a beleza possam ser realidades e
não apenas desejos para escrever num cartão.
Advento,
tempo de dar tempo a coisas,
talvez, esquecidas: acender uma vela;
sorrir a um anjo;
dizer o quanto precisamos dos outros,
sem vergonha de parecermos piegas.
Advento,
tempo de se perguntar:
"há quantos anos,
há quantos longos meses
desisti de renascer?"
Advento,
tempo de rezarmos à maneira de um regato que,
em vez de correr,
escorre limpidamente.
Advento,
tempo de abrir janelas na noite do sofrimento,
da solidão,
das dificuldades e
sentir-se prometido às estrelas,
não ao escuro.
Advento,
tempo para contemplar o infinito na história,
o inesperado no rotineiro,
o divino no humano,
porque o rosto de um Homem
nos devolveu o rosto de Deus.
-------------------------* Teólogo português. Escritor.
Fonte: http://www.snpcultura.org/advento.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário