Otto Guevara Guth*
Pré-candidato à presidência da Costa Rica e presidente da Rede Liberal da América Latina, Otto Guevara Guth chegou ontem a Porto Alegre com a missão de reforçar o discurso antiprotecionista que deve ser a tônica da 22ª edição do Fórum da Liberdade.
Confira os principais trechos.
Zero Hora – Quais lições a crise traz para os liberais?
Otto Guevara – Muitas pessoas em todo o mundo culpam o capitalismo selvagem. É uma época complicada para os liberais. Temos de esclarecer que a culpa da crise não é do capitalismo ou do mercado livre. É do intervencionismo estatal nos EUA. Quando o Congresso americano decide obrigar as instituições a emprestar dinheiro para quem não pode pagar um financiamento imobiliário, vemos que houve muito intervencionismo. Da mesma forma, o Federal Reserve deixou as taxas de juro baixas por muito tempo.
ZH – Quais são as saídas liberais para a crise?
Guevara – No caso das montadoras de automóveis, se os donos dessas empresas não entendem a necessidade de mudança, então elas merecem quebrar. E os governos devem ser um facilitador do comércio, reduzindo gargalos e burocracia.
ZH – Essa solução também vale para os bancos?
Guevara – É mais complicado, porque não é um mercado estritamente livre. Em vez de realizar uma intervenção nos bancos, os governos poderiam identificar quais são as operações cancerosas e submetê-los a uma operação somente nessas áreas.
ZH – Como fazer a costura política para convencer o povo de que essas medidas são necessárias?Guevara – Essa pergunta coloca o dedo na ferida. É fácil para um acadêmico ter as respostas, mas é complicado para um político, que sofre pressão de vários grupos de interesse. Mas o governante deve apostar na educação da população para mostrar que a economia funciona assim, com o nascimento e a morte de setores que são superados por novas tecnologias ou processos. E isso gera mais riqueza para o povo.
*Político costa-riquenho.
Reportagem /Entrevista ZH, 06/04/2009
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