quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Poemas sobre as cinzas do mundo e da alma

 por *

 Imagem: Silvana Bragatto

Olhem para os céus! / Não são nuvens, / são fuligem. Quando a chuva vier, / Não será chuva, /
serão lágrimas. Lágrimas de um planeta / esfolado vivo. //

Mas ainda há tempo / (será que há?)

.

Por Célio Turino |

tempo nublado
de cinzas
tempo nublado
de ganância
e ignorância
tempo seco
rude
cego
tempo turvo
a queimar
futuro

* * *

Coragem!
Sejamos camaradas por um outro mundo,
Esse que aí está não nos serve mais.
A civilização se desfaz
No rastro de tanta ganância,
Tanta queimada
Voraz.

O futuro agoniza
Feito carvão na garganta.
As chamas que encobrem o Brasil
não são só fogo,
são o grito solto do solo seco.
E ninguém ouve,
Só respira
Fuligem.

As chamas que encobrem o Brasil
São as terras dizimadas,
Os animais carbonizados,
As florestas queimadas,
Os sonhos sufocados.
Olhem para os céus!
Não são nuvens,
são fuligem.
Quando a chuva vier,
Não será chuva,
serão lágrimas.
Lágrimas de um planeta
esfolado vivo.

Mas ainda há tempo
(será que há?)
Seremos capazes de deter o sufoco?
A agonia em fumaça.

Coragem!
Devemos apagar essa fumaça
como o sol dissolve a névoa
ao amanhecer.

Olhem para os céus!
Não são nuvens
São fuligem da ganância,
Cinzas da vil exploração.

Não há civilização possível
sem refazer o mundo
no calor da luta.
Lutemos!
Apaguemos o fogo no planeta
Com a chama de nosso coração.

Coragem!
A revolução ecológica é urgente
como o sopro
para um pulmão sufocado.
Sejamos o vento
que varre a poeira da história.
Coragem!

*Historiador. Escritor.

Fonte:  https://outraspalavras.net/terraeantropoceno/poemas-sobre-as-cinzas-do-mundo-e-da-alma/

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