Por
Sister Zeph (Foto: Meeting Rimini)
Qual é a sua ideia de educação e o que a levou a esses reconhecimentos?
Uma pessoa que vive sem receber educação é como se não vivesse de verdade. Porque, quando falta a educação, falta o ar: nossa voz parece estar presa dentro de nós, sem que ninguém possa ouvi-la. Quando, ao contrário, há educação, aprendemos o que é a vida, aprendemos a nos expressar e podemos nos tornar pessoas melhores. A vida, de fato, é feita de relações, é uma investigação do real para tornar o mundo um lugar melhor. E a educação dá esperança, porque permite perceber o sentido deste mundo e nos oferece as palavras para descrevê-lo. Enquanto, sem educação, não há esperança: não temos coragem de sonhar, porque nem saberíamos encontrar o caminho para realizar nossos sonhos. É isso que penso sobre a educação.
O título do encontro com Rose, “Para educar é preciso uma aldeia”, é uma frase cara ao Papa Francisco, assim como a todo o povo do Meeting. Você compartilha essa visão?
Quando educamos uma criança, ajudamos a aprender a viver numa comunidade, a fazer parte dela. É um processo no qual todos estamos envolvidos. E, especialmente para quem se compromete a realizar um certo tipo de comunidade, é importante que todos se sintam responsáveis, porque a educação não é apenas responsabilidade do indivíduo ou de um grupo de pessoas. Percebemos isso aqui, no Meeting, onde vemos uma amizade que une pessoas de todo o mundo. É somente juntos que podemos fazer a diferença, construir a paz, a amizade e a solidariedade. Portanto, sim, para educar é preciso uma aldeia. E se quisermos que as futuras gerações sejam verdadeiramente capazes de enfrentar a complexidade de desafios como a pobreza, o compromisso pela paz ou a mudança climática, devemos estar unidos.
Sister Zeph (Foto: Meeting Rimini)
Da esquerda: Sister Zeph, Rose Busingye e Matteo Severgnini (Foto: Meeting Rimini)
Gostaria de voltar um pouco atrás e pedir que você fale mais sobre sua trajetória de vida e trabalho.
A inteligência da criança é movida pela curiosidade: ela quer saber tudo sobre o que a cerca e, por isso, faz perguntas às pessoas encarregadas de guiá-la na busca por respostas. Mas, se os pais ou o professor não permitem que a criança faça perguntas, acabam bloqueando sua criatividade e paixão. Foi o que aconteceu comigo, que sonhava em ser advogada: na minha escola, não me era permitido fazer perguntas, e meus professores não estavam envolvidos num processo contínuo de aprendizagem. Então pensei que era hora de deixar a escola e o fiz, escolhendo ser minha própria professora e prometendo a mim mesma que nunca mais voltaria a nenhuma outra instituição de ensino. Chamei alguns amigos para o quintal de casa e começamos a estudar juntos. Depois de alguns dias, porém, percebi que, se quisesse oferecer educação gratuita a outros, precisaria de recursos que não tinha. Assim, fui até uma vizinha e aprendi, aos treze anos, a bordar. Até os 27 anos, continuei trabalhando e ensinando ao mesmo tempo.
O que vocês ensinam na sua escola?
Ensinamos alfabetização digital, mas também disciplinas de formação mais geral, como matemática e inglês. Também há aulas de arte, costura e cursos para aprender a trabalhar em salões de beleza. Ensinamos a importância dos direitos humanos, o respeito pelas diferentes culturas e religiões, e a proteção do meio ambiente, para que nossos alunos possam se tornar cidadãos globais. Para nossas alunas, ensinamos coisas muito concretas, como técnicas de autodefesa, física e mental, e, na área de educação em saúde, a importância do aleitamento materno. Nossos professores também ajudam todos a fazer pesquisas na internet, a saber ler jornais e a olhar criticamente para os telejornais e as redes sociais. Em resumo, ajudamos a entender melhor os desafios do mundo, mas, acima de tudo, oferecemos a todos os nossos alunos uma oportunidade de amizade.
A inteligência da criança é movida pela curiosidade: ela quer saber tudo sobre o que a cerca e, por isso, faz perguntas às pessoas encarregadas de guiá-la na busca por respostas. Mas, se os pais ou o professor não permitem que a criança faça perguntas, acabam bloqueando sua criatividade e paixão. Foi o que aconteceu comigo, que sonhava em ser advogada: na minha escola, não me era permitido fazer perguntas, e meus professores não estavam envolvidos num processo contínuo de aprendizagem. Então pensei que era hora de deixar a escola e o fiz, escolhendo ser minha própria professora e prometendo a mim mesma que nunca mais voltaria a nenhuma outra instituição de ensino. Chamei alguns amigos para o quintal de casa e começamos a estudar juntos. Depois de alguns dias, porém, percebi que, se quisesse oferecer educação gratuita a outros, precisaria de recursos que não tinha. Assim, fui até uma vizinha e aprendi, aos treze anos, a bordar. Até os 27 anos, continuei trabalhando e ensinando ao mesmo tempo.
O que vocês ensinam na sua escola?
Ensinamos alfabetização digital, mas também disciplinas de formação mais geral, como matemática e inglês. Também há aulas de arte, costura e cursos para aprender a trabalhar em salões de beleza. Ensinamos a importância dos direitos humanos, o respeito pelas diferentes culturas e religiões, e a proteção do meio ambiente, para que nossos alunos possam se tornar cidadãos globais. Para nossas alunas, ensinamos coisas muito concretas, como técnicas de autodefesa, física e mental, e, na área de educação em saúde, a importância do aleitamento materno. Nossos professores também ajudam todos a fazer pesquisas na internet, a saber ler jornais e a olhar criticamente para os telejornais e as redes sociais. Em resumo, ajudamos a entender melhor os desafios do mundo, mas, acima de tudo, oferecemos a todos os nossos alunos uma oportunidade de amizade.
PER EDUCARE CI VUOLE UN VILLAGGIO (1:17:23) - Em italiano
Você teve algum modelo, algum mestre para seguir?
A
figura de Madre Teresa sempre me inspirou por seu amor incondicional
por todos: ela acolhia qualquer pessoa, sem escolher quem “manter” ou
não com base em sua própria experiência ou a quem ou o que pertencia a
pessoa à sua frente. É o que tentamos fazer também na Zephaniah: se uma
criança vem até nós, é porque precisa de educação. Ponto. O resto não
importa. O que importa é dar aos nossos alunos uma oportunidade. Porque o
primeiro direito é o da educação. Como diz o fundador do Global Teacher Prize: «Não importa qual seja a pergunta, a educação é sempre a resposta».
Fonte:
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