sábado, 17 de outubro de 2009

Homem triste

Fernando Fortes*

Todas as noites
no fundo do bar
a uma mesa
bebo solidão.
Quem passa e me vê
da calçada
pensa que gozo
a pausa da vida
a faina que o tempo
no escuro amortalhou.
Ninguém percebe
que o queixo apoiado na mão
é a tristeza que cansou
e adormeceu.
Alcance
A solidão é a distância inatingível
de um homem a outro homem
de um mar a uma estrela
do velho à infância.
É também o fio invisível
de um barco à viagem
ou de um barco a uma nuvem
e da nuvem ao naufrágio.
A solidão é o espaço
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*Carlos Fernando Fortes de Almeida Poeta (Rio de Janeiro, 1936), teatrólogo, romancista, ensaísta, diplomado em Medicina (1961), médico. Prêmio Olavo Bilac (1967).
Publicado no JB - 16/10/2009 - Reportagem de Taynée Mendes, JB

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