quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Às educadoras e aos educadores

Ir Renato Thiel*



Alimentar sonhos em meio a desilusões
Apontar luzes no horizonte
Acender esperanças em meio a ruínas
Indicar caminhos em tempo de tempestades e trevas
Semear por entre pedras e espinhos
Despertar consciências anestesiadas
Desatar forças imobilizadas e energias comprimidas
Levantar os humilhados pela injustiça institucionalizada.

Compreender pacienciosamente os pequenos e diminuídos
Quebrar as correntes em corpos e consciências aprisionadas
Colocar em pé enfraquecidos e caídos à beira dos caminhos
Reconquistar direitos usurpados pelo latifúndio concentrador
Restaurar corações que não mais conseguem amar
Recompor o que a miséria destroçou
Fazer devolver o que foi roubado
Re-juntar os cacos dos humanos vasos quebrados
Chamar para o meio os excluídos e empobrecidos.

Apostar nos que não perderam a capacidade de sonhar juntos
Fortalecer a solidariedade ativa que re-constrói
Ajudar a ‘amarrar o arado numa estrela’
Devolver a palavra aos silenciados
Desenvolver a evangélica rebeldia
Libertar da absurda exploração do capital
Restabelecer a dignidade matada
Insurgir-se contra o paradigma consumista desumanizador.

Rebelar contra as religiosidades farisaicas
Desmascarar as hipocrisias e meias verdades
Derrubar insensibilidades, indiferentismos e omissões
Cuidar carinhosamente da Mãe Terra mortalmente ferida
Respeitar a ‘latíndia’ Pachamama pisoteada
Proteger ternamente as vidas ameaçadas
Fazer florescer a paz da justiça.

Desnudar as mentiras capitalistas travestidas de verdades redentoras
Andar de mãos dadas com quem se deixa encantar pelo brilho gratuito das estrelas
Lutar para que a vida seja urgentemente abundante na mesa de todos...
Tomar atitude para a concretização de “’outro mundo possível’, necessário e urgente” (FSM)
Que se constrói quando os pequenos que padecem começam a acreditar na força invencivelmente mágica de suas fraquezas re-ajuntadas e re-unidas.
Des-velar a “soma de possibilidades da juventude” (A. Camus).
Acreditar com B. Brecht que “nada é impossível de mudar”.

Eis alguns desafios para quem não tem vergonha de ser educador sempre pensante e continuamente aprendente, não raramente recebendo o ‘pago’ de muita migalha e pouco salário.
Eis alguns compromissos para educadores que não temem as dores dos percalços e mantêm a convicção de que podem contribuir, sim, para ‘fazer a diferença’ na humana (con)vivência do século XXI!
Que o ato de educar seja sempre uma sincera e eticamente respeitosa “prática da liberdade” (P. Freire) e uma incessantemente apaixonante busca da verdade, de muitas perguntas e de pouca ou nenhuma resposta.
Parabéns, educadoras!
Parabéns, educadores!
Muita coragem e teimosa persistência!


*Ir. Renato Thiel, professor.
Brasília, 15.10.2009

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