Diretor de Harvard apoia digitalização, mas questiona o modelo do Google
O historiador Robert Darnton, professor e diretor da biblioteca da Universidade Harvard, tem sido voz dissonante entre os que apontam os riscos que os livros correm diante do avanço da tecnologia. A seguir, os destaques da entrevista dele à Folha (MS).
FOLHA - O fascínio pela tecnologia e pelos livros eletrônicos leva à ideia de que os livros desaparecerão?
O historiador Robert Darnton, professor e diretor da biblioteca da Universidade Harvard, tem sido voz dissonante entre os que apontam os riscos que os livros correm diante do avanço da tecnologia. A seguir, os destaques da entrevista dele à Folha (MS).
FOLHA - O fascínio pela tecnologia e pelos livros eletrônicos leva à ideia de que os livros desaparecerão?
ROBERT DARNTON - [O fascínio] Tem levado a um caso coletivo de "falsa consciência". Achamos que a tecnologia vai resolver todos os nossos problemas. Mas, na verdade, há um número crescente de livros publicados. E no velho formato do códice, criado na época de Cristo. Isso não quer dizer que a tecnologia não abra possibilidades maravilhosas. Nosso futuro imediato vai mostrar uma combinação de tecnologia digital e textos impressos.
FOLHA - A internet pode ser comparada com o uso de panfletos políticos e impressos no século 18?
FOLHA - A internet pode ser comparada com o uso de panfletos políticos e impressos no século 18?
DARNTON - O ideal da democratização do conhecimento está ligado ao Iluminismo. Os filósofos estavam comprometidos com uma república das letras, mas viviam numa sociedade em que apenas a minoria podia ler. A tecnologia permite acesso a milhões de livros. Por isso, cito a digitalização que está sendo feita pelo Google. Não me oponho à criação de um banco de dados digital. O que me preocupa são os abusos de preços e a invasão de privacidade.
FOLHA - O sr. se sente confortável lendo nos leitores eletrônicos?
FOLHA - O sr. se sente confortável lendo nos leitores eletrônicos?
DARNTON - Não! Sinto falta principalmente dos jornais. Adoro ler meu "New York Times" às 5h30 da manhã. A primeira página é um mapa do dia anterior. Tudo é organizado por profissionais que dão sentido aos fatos. No Kindle, só se veem histórias isoladas.
Reportagem da Folha do enviado a Frankfurt - 20/10/2009
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