Jean-Yves Leloup*
A definição psicanalítica da saúde é manter-se o mais próximo possível de seu desejo mais íntimo. Quando estamos em dificuldades, quando passamos por provações em nosso corpo ou em nossa afetividade, se estamos próximos de nosso desejo íntimo, podemos fazer sua travessia.
Muitas vezes o que eu chamo “meu desejo” não é o meu desejo. É o desejo do meu pai ou de minha mãe em mim, é o desejo da coletividade na qual eu vivo, ou o desejo do universo em mim. O desejo é também uma falta, uma carência, uma saudade. Existe um desejo em nós. Um desejo de quê? Um desejo de quem? Talvez possamos viver sem “por que”, mas será que podemos viver sem “por quem”?
Descubro então que o meu desejo pode ser habitado por um desejo mais vasto. O desejo do Self no meu ego, o desejo da Grande Vida em minha pequena vida. Neste caso, não coloco somente a pergunta “o que eu quero, o que eu desejo”, mas as perguntas: o que é que a vida quer em mim? O que quer o amor em mim?
A espiritualidade tem por função reencontrar o desejo do regato que tem sede da imensidão e que, através de seu curso, através de sua vida, procura o oceano. A mulher samaritana que encontra o Cristo à beira de um poço representa a mulher que tem sede. Ela é o arquétipo da psique em sua busca pelo espírito, da psique que busca o que pode verdadeiramente apaziguar seu desejo.
O caminho que ela percorreu é também nosso caminho. Quando ela se inclina sobre o poço, o poço sem fundo de seu desejo, ela pensa que a água material pode apaziguá-la. Pergunta a Jesus como pode tirar aquela água com mais facilidade e Jesus lhe responde: “Aquele que bebe desta água terá sede novamente”!
O mesmo acontece conosco quando procuramos preencher o desejo com coisas materiais. Quanto mais temos, mais queremos. Nossa sede é mitigada por um momento, mas depois ela volta.
A sabedoria consiste em aceitar nossos limites. Aceitar nosso desejo infinito e aceitar que o vivemos dentro de nossas limitações. Existe em nós um desejo de verdade absoluta, de pura luz, mas é preciso aceitar que pelo fato de estarmos em um corpo e um espírito limitado, conhecemos a verdade, mas não a verdade. A verdade não é algo que possuímos, mas é uma realidade que somos. É necessário passar constantemente da verdade que temos para a verdade que somos.
E então nos aproximaremos do Eu. Quando descobrimos o nosso Eu Sou verdadeiro, o Grande Eu Sou do vivente, podemos voltar às nossas riquezas materiais e saber que elas não são a felicidade e que talvez a felicidade seja compartilhá-las.
Muitas vezes o que eu chamo “meu desejo” não é o meu desejo. É o desejo do meu pai ou de minha mãe em mim, é o desejo da coletividade na qual eu vivo, ou o desejo do universo em mim. O desejo é também uma falta, uma carência, uma saudade. Existe um desejo em nós. Um desejo de quê? Um desejo de quem? Talvez possamos viver sem “por que”, mas será que podemos viver sem “por quem”?
Descubro então que o meu desejo pode ser habitado por um desejo mais vasto. O desejo do Self no meu ego, o desejo da Grande Vida em minha pequena vida. Neste caso, não coloco somente a pergunta “o que eu quero, o que eu desejo”, mas as perguntas: o que é que a vida quer em mim? O que quer o amor em mim?
A espiritualidade tem por função reencontrar o desejo do regato que tem sede da imensidão e que, através de seu curso, através de sua vida, procura o oceano. A mulher samaritana que encontra o Cristo à beira de um poço representa a mulher que tem sede. Ela é o arquétipo da psique em sua busca pelo espírito, da psique que busca o que pode verdadeiramente apaziguar seu desejo.
O caminho que ela percorreu é também nosso caminho. Quando ela se inclina sobre o poço, o poço sem fundo de seu desejo, ela pensa que a água material pode apaziguá-la. Pergunta a Jesus como pode tirar aquela água com mais facilidade e Jesus lhe responde: “Aquele que bebe desta água terá sede novamente”!
O mesmo acontece conosco quando procuramos preencher o desejo com coisas materiais. Quanto mais temos, mais queremos. Nossa sede é mitigada por um momento, mas depois ela volta.
A sabedoria consiste em aceitar nossos limites. Aceitar nosso desejo infinito e aceitar que o vivemos dentro de nossas limitações. Existe em nós um desejo de verdade absoluta, de pura luz, mas é preciso aceitar que pelo fato de estarmos em um corpo e um espírito limitado, conhecemos a verdade, mas não a verdade. A verdade não é algo que possuímos, mas é uma realidade que somos. É necessário passar constantemente da verdade que temos para a verdade que somos.
E então nos aproximaremos do Eu. Quando descobrimos o nosso Eu Sou verdadeiro, o Grande Eu Sou do vivente, podemos voltar às nossas riquezas materiais e saber que elas não são a felicidade e que talvez a felicidade seja compartilhá-las.
*Escritor, PhD em Psicologia Transpessoal, filósofo, sacerdote hesícasta – aquele que dedica sua existência ao mergulho no universo interior e à prece -, poeta e notável intérprete das palavras de Cristo, entre outros tantos títulos, Jean-Yves Leloup nasceu na cidade de Angé, na França, em 24 de janeiro de 1950. Seus pais eram Pierete Leloup Bienvenue e Jean Claude Leloup. Integrante da Igreja Ortodoxa, ele é defensor ardoroso da união entre ciência e espiritualidade, tema mais desenvolvido em sua obra.
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