sábado, 17 de outubro de 2009

"Nosso trabalho de ensinar economia tem sido terrível"

Para o economista americano,
é preciso ilustrar
os conceitos com histórias da vida
para torná-los acessíveis

O economista americano Robert Frank diz que é preciso ilustrar os princípios econômicos com histórias para tornar a economia mais palatável para as pessoas. Abaixo, trechos da entrevista que concedeu a ÉPOCA.
ÉPOCA – Por que as pessoas têm tanta dificuldade para entender como funciona a economia?
Robert Frank – Nosso trabalho de ensinar nossas ideias tem sido terrível. Há um foco excessivo na matemática. Quando o ser humano surgiu, não se comunicava por meio de equações e gráficos. Os homens contavam histórias uns aos outros. Se você ilustrar um princípio econômico com uma história, ficará bem mais simples absorvê-lo e usá-lo no dia a dia. É preciso também levar em conta as tendências comportamentais e os problemas do cotidiano para explicar os conceitos básicos de economia. As pessoas nem sempre são racionais, desapaixonadas. Não perseguem os mesmos objetivos restritos que a maioria dos economistas imagina.
ÉPOCA – Por que o senhor diz que a relação custo-benefício é o conceito mais importante da economia?
Frank – O conceito de custo-benefício explica mais sobre o mundo que qualquer outro princípio econômico. Ele diz que procuramos pesar os benefícios e os custos na hora de fazer alguma coisa. Parece simples, mas muitas vezes é muito difícil. Essa avaliação requer prática e experiência. Se você praticar isso, poderá tomar decisões bem melhores em sua vida.
Saiba mais
ÉPOCA – Os economistas não previram a atual crise econômica. Por que eles erram tanto? Frank – O próprio Alan Greenspan, ex-presidente do Fed (o banco central americano), disse ter-se surpreendido com os riscos assumidos pelos investidores. Ele imaginava que eles seriam mais prudentes. Se tivesse estudado melhor o comportamento humano, isso não teria acontecido. Poucas pessoas conseguem ver todo mundo ficar rico e não fazer nada. Cada um tomava um pouco mais de risco só para se manter no mesmo nível do vizinho.
Reportagem de JOSÉ FUCS, revista ÉPOCA, 15/10/2009

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